Identidades e Mestiçagens entre negros e índios e o controle da Companhia de Jesus no Rio de Janeiro Colonial

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Amantino, Marcia
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://www.perspectivasjournal.com/index.php/perspectivas/article/view/440
Resumo: Em 1757, portanto dois anos antes da expulsão definitiva da Companhia de Jesus dos reinos portugueses, a ordem administrativa na capitania do Rio de Janeiro, oito propriedades rurais e cinco aldeamentos indígenas. Isto significava que havia uma população em suas fazendas em torno de 2616 escravos e os aldeamentos 1810 índios. Apesar de haver políticas de administração claramente diferenciadas para indígenas e escravos foi inevitável que esta população que vivia sob os cuidados espirituais e temporais dos inacianos se movimentasse constantemente entre as fazendas e aldeamentos não só nos momentos de festividades, mas também durante a realização de atividades ligadas às diferentes necessidades de trabalho. Tais movimentações proporcionaram variados encontros sexuais, legitimados ou não pela igreja. De qualquer forma, estes enlaces, embora proibidos pela legislação em variados momentos, foram uma das principais formas de diminuir as diferenças culturais entre os dois grupos e permitiram o desenvolvimento de uma cultura mestiça, ainda que alicerçada na escravidão. Por outro lado, estes encontros não foram suficientes para impedir, em alguns momentos, conflitos entre os dois grupos, demonstrando assim, os limites não só do controle exercido pelos jesuítas e pela sociedade, mas também pelo próprio limite da mestiçagem biológica e cultural.
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