Do outro lado da morte, entre o medo e a esperança: narrativas biográficas de pessoas em fim de vida

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rodrigues, Welberg Menezes
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1822/48013
Resumo: Dissertação de mestrado em Sociologia (área de especialização em Desenvolvimento e Políticas Sociais)
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spelling Do outro lado da morte, entre o medo e a esperança: narrativas biográficas de pessoas em fim de vidaThe other side of death, between fear and hope: biographical narratives of persons at the end of lifeCiências Sociais::Outras Ciências SociaisDissertação de mestrado em Sociologia (área de especialização em Desenvolvimento e Políticas Sociais)A morte é o ator principal deste estudo sociológico, onde o medo e a esperança são companheiros insubstituíveis da “foice vestida de negro”. Todas as civilizações, sem exceção, foram confrontadas com a questão da morte, mas as respostas que lhe trouxeram variam de sociedade para sociedade. Assim, as primeiras civilizações, tais como as egípcias, gregas e romanas tiveram uma conceção radicalmente diferente da morte, do medo e da esperança da das sociedades submetidas ao judaísmo ou ainda ao cristianismo, nas suas vertentes paulinas e agostinianas. As primeiras valorizaram o ritual como forma de suportar o indizível, enquanto as segundas promoveram uma teoria da salvação. O século das Luzes, a Revolução Industrial, o comunismo marxista, a sociedade de consumo ou ainda o mundo chamado de pós-moderno representam outras tantas formas de negociação com a morte: escamotear do medo e secularização da esperança com a promessa de um aperfeiçoamento da humanidade, no caso da filosofia iluminista, ou ainda, com a invenção de um paraíso terrestre, no caso das religiões políticas; o esquecimento da morte e o afastamento de Deus, no sentido pascaliano, por meio do divertimento oferecido pela sociedade de consumo; a valorização do carpe diem, da afirmação nietzscheana da vida, do presentismo e da aceitação do destino maffesolianos, do experienciar a morte no dia-a-dia, como formas de homeopatizar e domar esse mal absoluto, que é a morte definitiva, no quadro das sociedades pós-modernas. É como se os Homens se atarefassem a romper propositadamente com o inevitável, a usurpar o poder da morte, a esquecer a intranquilidade e a esquivar as soluções trazidas pelas religiões tradicionais. O nosso trabalho pretende mostrar que nenhuma sociedade fica isenta do temor que a morte exerce sobre os Homens e que estes necessitam invariavelmente de uma forma de esperança, e mesmo de salvação, ainda que não o reconheçam. Não é ao deixar de pensar num problema que ele deixa de existir. Pelo menos é a essa conclusão que nos levou o nosso trabalho empírico. Recorremos precisamente às narrativas biográficas de pessoas em fim de vida, no Concelho de Felgueiras, para mostrar o quanto a perspetiva da finitude aterroriza pessoas vítimas de doença oncológica. No quadro do presente trabalho, confrontamos os problemas reais vivenciados pelos participantes, com os seus medos e as suas esperanças, tentando dessa forma compreender como a nova realidade da doença, a da morte anunciada, tinha impacto na sua vida quotidiana, na sua maneira de pensar e de agir, de encarar o futuro e de viver no presente. Neste sentido, procedeu-se a uma análise qualitativa das narrativas biográficas centrada nas dimensões pessoal e humana, socio-relacional, religiosa e espiritual, porquanto as mais valorizadas nos discursos, com o intuito de propor uma interpretação acerca da vivência da morte baseada nas vozes dos sujeitos. Privilegiamos os percursos e os retratos dos participantes nas suas vidas quotidianas, sendo que cada um deles se tornou o autor da sua própria história de vida, sendo que estas histórias individuais se inscrevem nas histórias coletivas e se cruzam com aquilo a que Max Weber chamou de «experiência humana geral».Death is the main actor of this sociological study, where fear and hope are irreplaceable companions of "sickle dressed in black." All civilizations, without exception, were confronted with the question of death, but the answers they found vary from society to society. Thus, the first civilizations, such as the Egyptian, Greek and Roman had a radically different conception of death, fear and hope of the societies subjected to Judaism or to Christianity, as in the Pauline and Augustinian aspects. The first civilization valued the ritual as a way to overcome the unbearable, while the second civilization promoted a theory of salvation. The century of the Lights, the Industrial Revolution, Marxist communism, the consumer society or still the world called postmodern that represents so many forms of negotiation with death: conceals the fear and hope of secularization with the promise of an improvement of humanity, in the case of Enlightenment philosophy, or, with the invention of an earthly paradise, in the case of political religions; the oblivion of death and separation from God, in Pascal's sense, through the fun offered by the consumer society; the appreciation of carpe diem, Nietzsche’s affirmation of life, presenteeism and acceptance of the maffesoli destiny, experiencing death on a daily basis, as forms of homeopatizar and tame this absolute evil, which is the ultimate death in the context of the postmodern societies. It is as if men are purposely break the inevitable, to usurp the power of death, to forget the uneasiness and dodge the solutions brought by traditional religions. Our work aims to show that no society is free from the fear that death has on men and they invariably require a form of hope, and even salvation, though we do not recognize it. A problem doesn’t cease to exist even if we stop thinking about it. At least it is this conclusion that led us to our empirical work. We use precisely the biographical narratives of people’s lifes in the Municipality of Felgueiras, to show how the perspective of finitude terrorizes victims of oncologic disease. In the present work, we confront the real problems experienced by the participants, their fears and their hopes, trying in this way to understand how the new reality of the disease, the announced death, had an impact on their daily lives, in their way of thinking and acting, to face the future and live in the present. In this sense, we proceeded to a qualitative analysis of the biographical narrative focused on personal and human dimensions, socio-relational, religious and spiritual, for the most valued in speeches, in order to propose an interpretation about the experience based on the voices of death of subjects. We favor the paths and the portraits of the participants in their daily lives, each one of them became the author of his own life story, and these individual stories are inscribed in the collective stories and intersect with what Max Weber called 'general human experience. "Rabot, Jean-MartinSimães, C.Universidade do MinhoRodrigues, Welberg Menezes20162016-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/1822/48013por201694492info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-21T12:24:05Zoai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/48013Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T19:17:58.140069Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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