Amílcar Cabral e o Marxismo : dos anos de Lisboa à liderança do movimento de libertação durante a Guerra Fria (1948-1973)
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/43529 |
Resumo: | Esta tese discute a relação de Amílcar Cabral (1924-1973) com o marxismo, desde os anos de estudante em Lisboa até a liderança do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Objetivou-se compreender como o seu interesse pelo marxismo interagiu com o desenvolvimento do seu ideário nacionalista, nos anos de estudante e engenheiro agrônomo (1948- 1960). Na fase de dirigente do PAIGC (1960-1973), quisemos compreender o posicionamento de Cabral perante a Guerra Fria. Cabral utilizava instrumental marxista nas suas elaborações, e tinha a União Soviética como a sua principal aliada; ao mesmo tempo, não se definia como marxista ou não marxista, buscava apoio no mundo capitalista e evitava envolver-se com disputas ideológicas não diretamente ligadas à luta do PAIGC. Como explicar e interpretar este posicionamento? As fontes utilizadas foram cartas, estudos agrários, artigos na imprensa, bem como discursos políticos proferidos em países socialistas, em países capitalistas, em fóruns internacionais e no PAIGC. Concluímos que Cabral envolve-se com o marxismo antes de ter definido um projeto de independência para a Guiné e Cabo Verde, numa altura em que se interessava pelos problemas da humanidade, especialmente pela situação dos negros e do continente africano, e em que ainda nutria sentimentos de pertença à identidade portuguesa. Ao entregar-se à luta anticolonial, continua a teorizar com instrumental marxista, o que é explicado não apenas pelo apoio recebido do bloco socialista, mas pelas suas convicções pessoais. A não assunção de definições ideológicas por Cabral deve ser entendida mais como uma estratégia política do que como um traço da sua personalidade. Por sua vez, a postura de não alinhamento do PAIGC foi conseguida graças à habilidade diplomática de Cabral, ao seu bom relacionamento com a União Soviética e à prudência diante dos limites impostos pela Guerra Fria. |
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Amílcar Cabral e o Marxismo : dos anos de Lisboa à liderança do movimento de libertação durante a Guerra Fria (1948-1973)Cabral, Amílcar, 1924-1973 - Pensamento político e socialCabral, Amílcar, 1924-1973 - E o marxismoPartido Africano para a Independência da Guiné e Cabo VerdeGuerra FriaMarxismo - ÁfricaNacionalismo - Guiné-BissauGuiné-Bissau - Política e governo - séc.20Teses de mestrado - 2020Domínio/Área Científica::Humanidades::História e ArqueologiaEsta tese discute a relação de Amílcar Cabral (1924-1973) com o marxismo, desde os anos de estudante em Lisboa até a liderança do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Objetivou-se compreender como o seu interesse pelo marxismo interagiu com o desenvolvimento do seu ideário nacionalista, nos anos de estudante e engenheiro agrônomo (1948- 1960). Na fase de dirigente do PAIGC (1960-1973), quisemos compreender o posicionamento de Cabral perante a Guerra Fria. Cabral utilizava instrumental marxista nas suas elaborações, e tinha a União Soviética como a sua principal aliada; ao mesmo tempo, não se definia como marxista ou não marxista, buscava apoio no mundo capitalista e evitava envolver-se com disputas ideológicas não diretamente ligadas à luta do PAIGC. Como explicar e interpretar este posicionamento? As fontes utilizadas foram cartas, estudos agrários, artigos na imprensa, bem como discursos políticos proferidos em países socialistas, em países capitalistas, em fóruns internacionais e no PAIGC. Concluímos que Cabral envolve-se com o marxismo antes de ter definido um projeto de independência para a Guiné e Cabo Verde, numa altura em que se interessava pelos problemas da humanidade, especialmente pela situação dos negros e do continente africano, e em que ainda nutria sentimentos de pertença à identidade portuguesa. Ao entregar-se à luta anticolonial, continua a teorizar com instrumental marxista, o que é explicado não apenas pelo apoio recebido do bloco socialista, mas pelas suas convicções pessoais. A não assunção de definições ideológicas por Cabral deve ser entendida mais como uma estratégia política do que como um traço da sua personalidade. Por sua vez, a postura de não alinhamento do PAIGC foi conseguida graças à habilidade diplomática de Cabral, ao seu bom relacionamento com a União Soviética e à prudência diante dos limites impostos pela Guerra Fria.This thesis addresses Amilcar Cabral’s (1924-1973) relation with Marxism, from his early days as a student in Lisbon to becoming the leader of the African Party for the Independence of Guinea and Cape Verde (PAIGC). This thesis is geared towards understanding the role Cabral’s interest on Marxism played in the development of his nationalist ideology as a student and an agricultural engineer (1948-1960). The purpose was also to understand Cabral’s positioning as head of the PAIGC (1960-1973) during the Cold War. On the one hand, he made use of Marxist ideas and had Soviet Union as his main ally. On the other hand, however, he did not define himself as a Marxist or non-Marxist, he sought support in the capitalist world, and avoided getting involved in any ideological disputes non-related to the PAIGC struggle. How may one explain and interpret his leadership positioning? Letters, agricultural studies, articles in the press, as well as political speeches in socialist countries, capitalist countries, international forums and at the PAIGC were used herein. We conclude that Cabral gets involved with Marxism before defining an independence project for Guinea and Cape Verde, in a time when he was interested in the problems of humanity, especially in the situation of black people and the African continent, a time in which he still identified as Portuguese. As he embarked on the anticolonial struggle, he continued to make use of the Marxist theory, which is explained not only by the support he receives from the socialist bloc but also by his personal beliefs. The fact that Cabral did not state his ideologies must be seen as a political strategy rather than a personality trait. PAIGC non-alignment posture is due to Cabral’s diplomatic skills, his good relationship with the Soviet Union, and his prudence in the face of the limits imposed by the Cold War.Tavares, Ana PaulaSousa, Julião SoaresRepositório da Universidade de LisboaDias, Luciana Bastos2020-05-13T10:51:08Z2020-04-082020-03-142020-04-08T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/43529TID:202481441porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:44:03Zoai:repositorio.ul.pt:10451/43529Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:56:19.372124Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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