Fogo controlado no NW de Portugal: caracterização do comportamento do fogo em matos de Ulex europaeus e definição da prescrição

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Freitas, Maria Amélia Fernandes
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/4285
Resumo: Nas últimas décadas os incêndios florestais foram tomando conta da realidade florestal do distrito de Viana do Castelo. As consequências para o território são notórias, sendo evidente o aumento de cobertura das comunidades arbustivas em detrimento de áreas de pinhal bravo. Condições climáticas atlânticas, caraterizadas por elevados teores de humidade relativa do ar e níveis de pluviosidade, potenciam de forma significativa o desenvolvimento vegetativo. O tojo arnal (Ulex europaeus) possui uma elevada capacidade de disseminação que se vê favorecida pelo clima de influência oceânica. Apesar da elevada representatividade territorial do tojo arnal, escassos são os estudos que caracterizam a espécie no território nacional do ponto de vista do comportamento do fogo. Tal conhecimento é importante no contexto da prevenção estrutural e na supressão dos incêndios florestais. O presente estudo baseou-se na recolha de informação que caracteriza a espécie e a sua relação com o fogo. Através de queimas controladas efetuadas no distrito de Viana do Castelo, ensaios de campo e análise de áreas afetadas por incêndios florestais, foi possível descrever a estrutura do tojo, assim como caraterizar a variação do comportamento do fogo em condições meteorológicas de risco reduzido a moderado. Os tojais no NW português caraterizam-se por cargas relativamente elevadas de combustível total e fino, conferindo elevada perigosidade ao espaço. Esta estrutura complexa, mesmo quando conjugada com indicadores meteorológicos moderados, potencia fogos de elevada intensidade. Conjugações adversas das variáveis do ambiente do fogo propiciam então fogos intensos e rápidos, sendo por isso relevante a escolha de uma padrão de ignição ajustado, para dessa forma minimizar os impactes sobre o solo e a possibilidade de perda de controlo sobre o fogo. Face às elevadas cargas de combustível atingidas ainda em idades jovens são convenientes intervenções em tojais com menos de 6 anos. Considerando o potencial de intensidade e de velocidade de propagação do fogo que os tojais no NW português demonstraram potenciar, foi possível no presente estudo estabelecer uma prescrição para o uso do fogo controlado que garante, por um lado a segurança da queima, e por outro a integridade do solo. Uma vez que os tojais produzem e acumulam elevadas cargas de combustível morto fino, os teores de humidade relativa do ar e aqueles contidos na vegetação detêm um importante papel na regulação da intensidade do fogo. Fogos em tojais, mesmo em condições moderadas, podem tornar-se intensos, pelo que um número de dias sem chuva superiores a 3, humidades relativas entre 55 e 75% e índices de DMC inferiores a 30 são valores que deverão garantir segurança e controle da queima. Ao nível dos padrões de comportamento do fogo, são desejáveis velocidades de propagação (0,5-1 m/min) e intensidades do fogo (400-1000 kW/m) baixas. Os comprimentos de chama não deverão ultrapassar os 3 m, diminuindo assim a possibilidade de projeções de materiais em combustão ou projeção da própria chama para combustíveis próximos não incluídos no objetivo da gestão. Quando adequadamente planeado, o fogo controlado possui um impacte ambiental reduzido constituindo uma ferramenta eficaz e economicamente atraente para a gestão do combustível nos espaços florestais.
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Tal conhecimento é importante no contexto da prevenção estrutural e na supressão dos incêndios florestais. O presente estudo baseou-se na recolha de informação que caracteriza a espécie e a sua relação com o fogo. Através de queimas controladas efetuadas no distrito de Viana do Castelo, ensaios de campo e análise de áreas afetadas por incêndios florestais, foi possível descrever a estrutura do tojo, assim como caraterizar a variação do comportamento do fogo em condições meteorológicas de risco reduzido a moderado. Os tojais no NW português caraterizam-se por cargas relativamente elevadas de combustível total e fino, conferindo elevada perigosidade ao espaço. Esta estrutura complexa, mesmo quando conjugada com indicadores meteorológicos moderados, potencia fogos de elevada intensidade. Conjugações adversas das variáveis do ambiente do fogo propiciam então fogos intensos e rápidos, sendo por isso relevante a escolha de uma padrão de ignição ajustado, para dessa forma minimizar os impactes sobre o solo e a possibilidade de perda de controlo sobre o fogo. Face às elevadas cargas de combustível atingidas ainda em idades jovens são convenientes intervenções em tojais com menos de 6 anos. Considerando o potencial de intensidade e de velocidade de propagação do fogo que os tojais no NW português demonstraram potenciar, foi possível no presente estudo estabelecer uma prescrição para o uso do fogo controlado que garante, por um lado a segurança da queima, e por outro a integridade do solo. Uma vez que os tojais produzem e acumulam elevadas cargas de combustível morto fino, os teores de humidade relativa do ar e aqueles contidos na vegetação detêm um importante papel na regulação da intensidade do fogo. Fogos em tojais, mesmo em condições moderadas, podem tornar-se intensos, pelo que um número de dias sem chuva superiores a 3, humidades relativas entre 55 e 75% e índices de DMC inferiores a 30 são valores que deverão garantir segurança e controle da queima. Ao nível dos padrões de comportamento do fogo, são desejáveis velocidades de propagação (0,5-1 m/min) e intensidades do fogo (400-1000 kW/m) baixas. Os comprimentos de chama não deverão ultrapassar os 3 m, diminuindo assim a possibilidade de projeções de materiais em combustão ou projeção da própria chama para combustíveis próximos não incluídos no objetivo da gestão. Quando adequadamente planeado, o fogo controlado possui um impacte ambiental reduzido constituindo uma ferramenta eficaz e economicamente atraente para a gestão do combustível nos espaços florestais.The last decades have seen forest fires as a prominent feature of the Viana do Castelo district. The consequences for the territory are notorious, being evident the increase of coverage of the shrub communities at the expense of areas of maritime pine. Climate in the region is oceanic, characterized by high relative humidity and abundant rainfall, hence significantly enhancing plant growth. Gorse has a high capacity to spread which is seen as favored by the Atlantic climate. Despite the high representativity of gorse in Portugal, studies characterizing the species as a fuel and the associated fire behaviour are scarce. Such knowledge is important in the context of structural prevention and suppression of forest fires. Description of gorse as fuel and the characterization of the primary fire behaviour variables were based on gathering data collected in previous years prescribed fires, new prescribed fires and the analysis of areas burned by wildfire. Gorse shrublands in NW Portugal are characterized by high amounts of fine and total fuels that imply high fire hazard leading to intense fire even under moderate weather condittions. Fast and intense fires will arise whenever the individual fire environment variables combine adversely. Therefore, ignition patterns in prescribed fire operations should be adopted to minimize the likelihood of loss of control and avoid negative effects on the soil. Because post-fire fuel build-up is fast and high fuel loads are reached early, prescribed burning should take place at intervals of (or shorter) than 6 years are appropriate interventions and younger than 6 years. Considering the potential of intensity and propagation velocity that gorse areas in portuguese NW have demonstrated, it was possible in this study establish a prescription to the use of fire which ensures, on the one hand the security of burning and secondly the integrity of the soil . Since gorse produce and accumulate high loads of fuel dead fine, amounts of relative humidity and those contained in the vegetation has an important role in regulating of intensity. Gorse fires even in mild conditions, may become severe, so a number of days without rainfall than 3, relative humidities between 55 and 75% and DMC indices below 30 are values that should ensure safety and control burning. In terms of fire behavior patterns, are desirable lower propagation speeds (0.5-1 m / min) and intensity of the fire (400-1000 kW / m). The flame length should not exceed 3 m, thus reducing the possibility of burning materials projections or projection own flame near fuel not included in the management goal. When properly planned, prescribed fire has low environmental impact and is the most efficient and cost-effective fuel treatment in forest areas.2015-03-10T14:17:36Z2015-03-10T00:00:00Z2015-03-10info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10348/4285porFreitas, Maria Amélia Fernandesinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-02T12:54:26Zoai:repositorio.utad.pt:10348/4285Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:05:55.592283Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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