COVID-19: avaliação da imunidade humoral em profissionais de saúde e em utentes de lares
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10198/29095 |
Resumo: | A vacinação é uma estratégia eficaz de prevenção. Vários estudos comprovam que ela reduz a ocorrência de infeções por COVID-19, bem como a gravidade dos sintomas e a mortalidade associada à doença. Tanto a infeção natural pelo vírus SARS-CoV-2, quanto a imunização por meio da vacinação desencadeiam uma resposta imunológica que resulta na produção de anticorpos direcionados contra a proteína viral Spike (IgG anti-S). Em pessoas vacinadas, com vacinas de tecnologia de RNA mensageiro, é possível identificar aquelas que foram recentemente infetadas por meio da deteção de anticorpos contra a proteína Nucleocapsídeo (IgG anti-N) e essa reatividade observada será exclusivamente devido à infeção e não à vacinação, uma vez que a proteína Nucleocapsídeo não é o alvo na formulação dessas vacinas. O principal objetivo deste estudo foi avaliar a imunidade humoral em profissionais de saúde, da Unidade Local de Saúde do Nordeste de Bragança e em utentes de lares da terceira idade, também do distrito de Bragança. Esta avaliação foi realizada em momentos distintos, o primeiro antes da administração da primeira dose de reforço da vacina COVID-19 (T1) e, a segunda, antes da 2a dose de reforço (T2), através de uma quantificação de anticorpos específicos anti-SARS-CoV-2, no soro dos participantes. O estudo envolveu 231 profissionais de saúde, 148 (79,2%) mulheres e 74 (20,8%) homens, com uma média de idades de 48,9±10,1 anos e 222 utentes de lares de idosos, 148 (66,6%) mulheres e 74 (33,3%) homens, com uma média de idades de 87,2±8,1 anos. Todos os participantes foram vacinados com os esquemas de vacinação definido pelo Serviço Nacional de Saúde. Os testes serológicos foram realizados em amostras de soro através de um Imunoensaio de micropartículas quimioluminescentes. Para tal, foram utilizados os ensaios da Abbott, SARS-CoV-2 IgG II, que quantifica os anticorpos contra a proteína da espícula (Spike; anti-S/RBD) e Quant e SARS-CoV-2 IgG Quant I que nos dá a reatividade para os anticorpos anti-nucleocapsídeo (anti-N), no equipamento ARCHITECT i1000SR (Abbott). Na análise qualitativa, definindo pontos de corte estabelecidos pelo fabricante, foram identificadas diferenças significativas na reatividade para anti-N e anti-S, de acordo com a data da colheita (T1 ou T2). Em ambos os grupos verificou-se um aumento considerável na reatividade contra os anticorpos anti-N em T2, o que sugere um aumento na percentagem de indivíduos com infeção recente na segunda colheita uma vez que estes anticorpos resultam da resposta à infeção e não como resultado da inoculação. Para os anticorpos anti-S, a reatividade em T1 foi de 95.5% para os idosos e 99.5% e em T2 foi de 100% para ambos os grupos. A análise quantitativa dos anticorpos anti-S revelou diferenças significativas entre os níveis de anticorpos apresentados em unidades de ligação a anticorpo (BAU) nos dois períodos em estudo. Para o total de participantes do grupo de utentes de lares e profissionais de saúde e os valores foram muito superiores em T2 vs T1, foram respetivamente [mediana; Interquartil;IQR], 4015.7 [1709.9; 5680.0] vs. 278.2 [72.4; 1086.5] para os utentes de lares, como no grupo de profissionais de saúde 455.3 [160.4; 1608.7] vs. 104.6 [50.9; 342.1]. A mesma diferença foi observada quando a amostra foi estratificada pelo sexo e pelas categorias “com infeção” e “sem infeção”. Na análise dos grupos em estudo, observamos uma seroprevalência substancialmente mais elevada dos anticorpos anti-S e anti-N no período que precede a segunda dose de reforço em comparação com a primeira. Os participantes apresentaram níveis de anticorpos anti-S significativamente superiores na segunda colheita, sugerindo uma resposta robusta à administração da dose adicional e ao aumento do número de infeções. Embora estes resultados sejam promissores para compreender a cinética de variação de anticorpos na COVID-19, a eficácia protetora precisa ser corroborada por estudos adicionais, incluindo investigações sobre a capacidade de neutralização e a imunidade celular. |
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COVID-19: avaliação da imunidade humoral em profissionais de saúde e em utentes de laresCOVID-19SARS-CoV-2VacinaçãoImunidade humoralAnticorpos IgGAnti-NucleocapsideAnti- SpikeDomínio/Área Científica::Ciências Médicas::Ciências da SaúdeA vacinação é uma estratégia eficaz de prevenção. Vários estudos comprovam que ela reduz a ocorrência de infeções por COVID-19, bem como a gravidade dos sintomas e a mortalidade associada à doença. Tanto a infeção natural pelo vírus SARS-CoV-2, quanto a imunização por meio da vacinação desencadeiam uma resposta imunológica que resulta na produção de anticorpos direcionados contra a proteína viral Spike (IgG anti-S). Em pessoas vacinadas, com vacinas de tecnologia de RNA mensageiro, é possível identificar aquelas que foram recentemente infetadas por meio da deteção de anticorpos contra a proteína Nucleocapsídeo (IgG anti-N) e essa reatividade observada será exclusivamente devido à infeção e não à vacinação, uma vez que a proteína Nucleocapsídeo não é o alvo na formulação dessas vacinas. O principal objetivo deste estudo foi avaliar a imunidade humoral em profissionais de saúde, da Unidade Local de Saúde do Nordeste de Bragança e em utentes de lares da terceira idade, também do distrito de Bragança. Esta avaliação foi realizada em momentos distintos, o primeiro antes da administração da primeira dose de reforço da vacina COVID-19 (T1) e, a segunda, antes da 2a dose de reforço (T2), através de uma quantificação de anticorpos específicos anti-SARS-CoV-2, no soro dos participantes. O estudo envolveu 231 profissionais de saúde, 148 (79,2%) mulheres e 74 (20,8%) homens, com uma média de idades de 48,9±10,1 anos e 222 utentes de lares de idosos, 148 (66,6%) mulheres e 74 (33,3%) homens, com uma média de idades de 87,2±8,1 anos. Todos os participantes foram vacinados com os esquemas de vacinação definido pelo Serviço Nacional de Saúde. Os testes serológicos foram realizados em amostras de soro através de um Imunoensaio de micropartículas quimioluminescentes. Para tal, foram utilizados os ensaios da Abbott, SARS-CoV-2 IgG II, que quantifica os anticorpos contra a proteína da espícula (Spike; anti-S/RBD) e Quant e SARS-CoV-2 IgG Quant I que nos dá a reatividade para os anticorpos anti-nucleocapsídeo (anti-N), no equipamento ARCHITECT i1000SR (Abbott). Na análise qualitativa, definindo pontos de corte estabelecidos pelo fabricante, foram identificadas diferenças significativas na reatividade para anti-N e anti-S, de acordo com a data da colheita (T1 ou T2). Em ambos os grupos verificou-se um aumento considerável na reatividade contra os anticorpos anti-N em T2, o que sugere um aumento na percentagem de indivíduos com infeção recente na segunda colheita uma vez que estes anticorpos resultam da resposta à infeção e não como resultado da inoculação. Para os anticorpos anti-S, a reatividade em T1 foi de 95.5% para os idosos e 99.5% e em T2 foi de 100% para ambos os grupos. A análise quantitativa dos anticorpos anti-S revelou diferenças significativas entre os níveis de anticorpos apresentados em unidades de ligação a anticorpo (BAU) nos dois períodos em estudo. Para o total de participantes do grupo de utentes de lares e profissionais de saúde e os valores foram muito superiores em T2 vs T1, foram respetivamente [mediana; Interquartil;IQR], 4015.7 [1709.9; 5680.0] vs. 278.2 [72.4; 1086.5] para os utentes de lares, como no grupo de profissionais de saúde 455.3 [160.4; 1608.7] vs. 104.6 [50.9; 342.1]. A mesma diferença foi observada quando a amostra foi estratificada pelo sexo e pelas categorias “com infeção” e “sem infeção”. Na análise dos grupos em estudo, observamos uma seroprevalência substancialmente mais elevada dos anticorpos anti-S e anti-N no período que precede a segunda dose de reforço em comparação com a primeira. Os participantes apresentaram níveis de anticorpos anti-S significativamente superiores na segunda colheita, sugerindo uma resposta robusta à administração da dose adicional e ao aumento do número de infeções. Embora estes resultados sejam promissores para compreender a cinética de variação de anticorpos na COVID-19, a eficácia protetora precisa ser corroborada por estudos adicionais, incluindo investigações sobre a capacidade de neutralização e a imunidade celular.Vaccination is an effective preventive strategy. Several studies confirm its ability to reduce the incidence of COVID-19 infections, as well as the severity of symptoms and mortality associated with the disease. Both natural infection with the SARS-CoV-2 virus and immunization through vaccination trigger an immune response that results in the production of antibodies directed against the viral Spike protein (anti-S IgG). In individuals vaccinated with mRNA technology vaccines, it is possible to identify those who were recently infected by detecting antibodies against the Nucleocapsid protein (anti-N IgG), and this reactivity observed will be exclusively due to the infection and not the vaccination, as the Nucleocapsid protein is not the target in the formulation of these vaccines. The main objective of this study was to assess humoral immunity in healthcare professionals from the Northeast Bragança Local Health Unit and in elderly care home residents in the Bragança district. This assessment was conducted at different times, the first before the administration of the first COVID-19 booster dose (T1), and the second before the 2nd booster dose (T2), by quantifying specific anti-SARS-CoV-2 antibodies in the participants' serum. The study involved 231 healthcare professionals, 148 (79.2%) women and 74 (20.8%) men, with an average age of 48,9±10,1 years, and 222 elderly care home residents, 148 (66.6%) women and 74 (33.3%) men, with an average age of 87,2±8,1 years. All participants were vaccinated according to the vaccination schedules defined by the National Health Service. The serological tests were conducted on serum samples using a Chemiluminescent Microparticle Immunoassay. Specifically, the Abbott assays, SARS-CoV-2 IgG II, which quantifies antibodies against the spike protein (Spike; anti-S/RBD), and Quant and SARS-CoV-2 IgG Quant I, which assess reactivity for anti-nucleocapsid antibodies (anti- N), were employed on the ARCHITECT i1000SR equipment (Abbott). In the qualitative analysis, defining cutoff points established by the manufacturer, significant differences in reactivity for anti-N and anti-S were identified based on the sample collection date (T1 or T2). In both groups, a substantial increase in reactivity against anti-N antibodies at T2 was observed, suggesting an elevation in the percentage of individuals with recent infection in the second collection, as these antibodies result from the response to infection rather than vaccination. For anti-S antibodies, reactivity at T1 was 95.5% for the elderly and 99.5% for both groups, increasing to 100% at T2 for both groups. Quantitative analysis of anti-S antibodies showed significant differences in the levels of antibodies presented in antibody binding units (BAU) during the two periods under study. For the total participants in the nursing home residents and healthcare professionals group, the values were much higher in T2 vs T1, respectively [median; Interquartile Range; IQR], 4015.7 [1709.9; 5680.0] vs. 278.2 [72.4; 1086.5] for nursing home residents, and in the healthcare professionals group, 455.3 [160.4; 1608.7] vs. 104.6 [50.9; 342.1]. The same difference was observed when the sample was stratified by gender and by the categories "with infection" and "without infection." In the analysis of the study groups, we observed a substantially higher seroprevalence of anti-S and anti-N antibodies in the period preceding the second booster dose compared to the first. Participants exhibited significantly higher levels of anti-S antibodies in the second collection, suggesting a robust response to the administration of the additional dose and an increase in the number of infections. While these results are promising for understanding the kinetics of antibody variation in COVID-19, protective efficacy needs further validation through additional studies, including investigations into neutralization capacity and cellular immunity.Rodrigues, CarinaTeixeira, CristinaBiblioteca Digital do IPBSilva, Catarina Raquel Teixeira da2024-01-04T16:13:03Z20232023-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10198/29095TID:203445775porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-01-10T01:20:25Zoai:bibliotecadigital.ipb.pt:10198/29095Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T01:31:06.597366Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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A vacinação é uma estratégia eficaz de prevenção. Vários estudos comprovam que ela reduz a ocorrência de infeções por COVID-19, bem como a gravidade dos sintomas e a mortalidade associada à doença. Tanto a infeção natural pelo vírus SARS-CoV-2, quanto a imunização por meio da vacinação desencadeiam uma resposta imunológica que resulta na produção de anticorpos direcionados contra a proteína viral Spike (IgG anti-S). Em pessoas vacinadas, com vacinas de tecnologia de RNA mensageiro, é possível identificar aquelas que foram recentemente infetadas por meio da deteção de anticorpos contra a proteína Nucleocapsídeo (IgG anti-N) e essa reatividade observada será exclusivamente devido à infeção e não à vacinação, uma vez que a proteína Nucleocapsídeo não é o alvo na formulação dessas vacinas. O principal objetivo deste estudo foi avaliar a imunidade humoral em profissionais de saúde, da Unidade Local de Saúde do Nordeste de Bragança e em utentes de lares da terceira idade, também do distrito de Bragança. Esta avaliação foi realizada em momentos distintos, o primeiro antes da administração da primeira dose de reforço da vacina COVID-19 (T1) e, a segunda, antes da 2a dose de reforço (T2), através de uma quantificação de anticorpos específicos anti-SARS-CoV-2, no soro dos participantes. O estudo envolveu 231 profissionais de saúde, 148 (79,2%) mulheres e 74 (20,8%) homens, com uma média de idades de 48,9±10,1 anos e 222 utentes de lares de idosos, 148 (66,6%) mulheres e 74 (33,3%) homens, com uma média de idades de 87,2±8,1 anos. Todos os participantes foram vacinados com os esquemas de vacinação definido pelo Serviço Nacional de Saúde. Os testes serológicos foram realizados em amostras de soro através de um Imunoensaio de micropartículas quimioluminescentes. Para tal, foram utilizados os ensaios da Abbott, SARS-CoV-2 IgG II, que quantifica os anticorpos contra a proteína da espícula (Spike; anti-S/RBD) e Quant e SARS-CoV-2 IgG Quant I que nos dá a reatividade para os anticorpos anti-nucleocapsídeo (anti-N), no equipamento ARCHITECT i1000SR (Abbott). Na análise qualitativa, definindo pontos de corte estabelecidos pelo fabricante, foram identificadas diferenças significativas na reatividade para anti-N e anti-S, de acordo com a data da colheita (T1 ou T2). Em ambos os grupos verificou-se um aumento considerável na reatividade contra os anticorpos anti-N em T2, o que sugere um aumento na percentagem de indivíduos com infeção recente na segunda colheita uma vez que estes anticorpos resultam da resposta à infeção e não como resultado da inoculação. Para os anticorpos anti-S, a reatividade em T1 foi de 95.5% para os idosos e 99.5% e em T2 foi de 100% para ambos os grupos. A análise quantitativa dos anticorpos anti-S revelou diferenças significativas entre os níveis de anticorpos apresentados em unidades de ligação a anticorpo (BAU) nos dois períodos em estudo. Para o total de participantes do grupo de utentes de lares e profissionais de saúde e os valores foram muito superiores em T2 vs T1, foram respetivamente [mediana; Interquartil;IQR], 4015.7 [1709.9; 5680.0] vs. 278.2 [72.4; 1086.5] para os utentes de lares, como no grupo de profissionais de saúde 455.3 [160.4; 1608.7] vs. 104.6 [50.9; 342.1]. A mesma diferença foi observada quando a amostra foi estratificada pelo sexo e pelas categorias “com infeção” e “sem infeção”. Na análise dos grupos em estudo, observamos uma seroprevalência substancialmente mais elevada dos anticorpos anti-S e anti-N no período que precede a segunda dose de reforço em comparação com a primeira. Os participantes apresentaram níveis de anticorpos anti-S significativamente superiores na segunda colheita, sugerindo uma resposta robusta à administração da dose adicional e ao aumento do número de infeções. Embora estes resultados sejam promissores para compreender a cinética de variação de anticorpos na COVID-19, a eficácia protetora precisa ser corroborada por estudos adicionais, incluindo investigações sobre a capacidade de neutralização e a imunidade celular. |
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