Cartas entre Guido Beck e Cientistas Portugueses

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fitas, Augusto J. S.
Data de Publicação: 2004
Outros Autores: Videira, António A. P.
Tipo de documento: Livro
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/3800
Resumo: APRESENTAÇÃO Este livro contem parte considerável da correspondência inédita que o físico teórico austríaco Guido Beck (1903-1988) trocou com cientistas portugueses ao longo de vários anos. Essa correspondência teve início com a ida de Beck para Portugal, onde permaneceu de fins de Dezembro de 1941 até finais de Março de 1943. Ao longo deste ano e meio, Beck construiu relações profissionais e pessoais que se mantiveram ainda por muitos anos depois de sua partida para a Argentina. No campo das relações profissionais, Beck interagiu com físicos e matemáticos, especialmente com aqueles que procuravam, então, transformar o cenário científico português. No campo das relações pessoais, Beck interessou-se pelos destinos de todos aqueles com os quais conviveu, procurando sempre que possível ajudá-los, principalmente depois da forte repressão que o regime salazarista fez abater sobre as universidades portuguesas em 1947. Ainda que não tenha permanecido muito tempo em Portugal, a presença de Beck neste país teve um profundo impacto no cenário científico daquela época. As atividades que desenvolveu permitiram que físicos e matemáticos portugueses conhecessem as últimas novidades no campo da física nuclear e da teoria quântica de campos, dois ramos ainda em construção naqueles anos. Ao mesmo tempo que introduzia novas temas de investigação, Beck procurava formar investigadores, os quais uma vez concluídas suas formações, poderiam prosseguir trabalhando de modo autônomo em problemas por eles mesmos escolhidos. Ou seja, e como aconteceu em todos os lugares por onde passou, Beck lutou para que se construísse uma comunidade científica portuguesa. As cartas que ora publicamos nos descrevem as dificuldades, os obstáculos e as estratégias encontrados e elaboradas. Não encontramos apenas eventos políticos, mas também os temas de investigação que Beck propôs aos seus alunos. Por eles, percebemos de que maneira formava-se um físico teórico em meados do século passado. Acreditamos que com a publicação dessas cartas, poder-se-á conhecer melhor um período ainda pouco estudado pela historiografia da ciência em Portugal. De modo a descrever o contexto em que as cartas forma escritas, bem como apresentar as personagens envolvidos, escrevemos uma introdução, a qual, em função da inexistência de análises mais detalhadas sobre o período em questão, transformou-se num ensaio. É como tal que ela deve ser lida: não pretendemos pronunciar a última palavra sobre o tema. O nosso propósito é mais modesto: contribuir para reforçar o interesse da comunidade portuguesa em história da ciência para a importância de se analisar as relações entre o Salazarismo e a ciência em Portugal. Como em outros lugares, a ciência portuguesa desenvolveu-se sob a marca de acontecimentos, sobre os quais os cientistas tinham pouca capacidade de influência. Ao contrário do que poder-se-ia pensar, essa marca enriquece o trabalho de historiador, na medida em que nos obriga a aceitar a tese, já muito conhecida, que a ciência não se faz no vazio. Por outras palavras, como parte integrante da cultura e da política, a ciência, para ser devidamente entendida, tem que ser estudada levando-se em consideração as suas relações com aquelas. Finalmente, queremos deixar registrados os nossos agradecimentos às seguintes pessoas e instituições: Prof. Dr. Alfredo Pereira Gomes, Fritz e Maria Joerger, Prof. Dr. Gonçalo Pinto, Prof. Dr. Joaquim Quitério, Profa. Maria Adelaide Carreira, Profa. Dra. Maria Fátima Nunes, Prof. Dr. Olival Freire jr., Prof. Dr. Róbson Ramos dos Reis, Prof. Dr. Rui Namorado Rosa; Arquivo Guido Beck (CBPF/Ministério de Ciência e Tecnologia), Casa Abel Salazar (Porto), Fundação Mário Soares (Lisboa), Universidade de Évora, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência (Universidade de Évora), Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, Biblioteca Nacional de Lisboa, Biblioteca Pública de Évora, Biblioteca do Museu de Ciência da Universidade de Lisboa, Biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa, Instituto de Física da Universidade Federal da Bahia e Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa Maria. Um agradecimento especial à Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) que, através do projecto de investigação POCTI/HCT/37742/2001 do Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência (Universidade de Évora), garantiu os meios para que a investigação que sustenta o trabalho apresentado fosse possível. Augusto José dos Santos Fitas e Antonio Augusto Passos Videira Évora e Rio de Janeiro, outubro de 2003
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No campo das relações pessoais, Beck interessou-se pelos destinos de todos aqueles com os quais conviveu, procurando sempre que possível ajudá-los, principalmente depois da forte repressão que o regime salazarista fez abater sobre as universidades portuguesas em 1947. Ainda que não tenha permanecido muito tempo em Portugal, a presença de Beck neste país teve um profundo impacto no cenário científico daquela época. As atividades que desenvolveu permitiram que físicos e matemáticos portugueses conhecessem as últimas novidades no campo da física nuclear e da teoria quântica de campos, dois ramos ainda em construção naqueles anos. Ao mesmo tempo que introduzia novas temas de investigação, Beck procurava formar investigadores, os quais uma vez concluídas suas formações, poderiam prosseguir trabalhando de modo autônomo em problemas por eles mesmos escolhidos. Ou seja, e como aconteceu em todos os lugares por onde passou, Beck lutou para que se construísse uma comunidade científica portuguesa. As cartas que ora publicamos nos descrevem as dificuldades, os obstáculos e as estratégias encontrados e elaboradas. Não encontramos apenas eventos políticos, mas também os temas de investigação que Beck propôs aos seus alunos. Por eles, percebemos de que maneira formava-se um físico teórico em meados do século passado. Acreditamos que com a publicação dessas cartas, poder-se-á conhecer melhor um período ainda pouco estudado pela historiografia da ciência em Portugal. De modo a descrever o contexto em que as cartas forma escritas, bem como apresentar as personagens envolvidos, escrevemos uma introdução, a qual, em função da inexistência de análises mais detalhadas sobre o período em questão, transformou-se num ensaio. É como tal que ela deve ser lida: não pretendemos pronunciar a última palavra sobre o tema. O nosso propósito é mais modesto: contribuir para reforçar o interesse da comunidade portuguesa em história da ciência para a importância de se analisar as relações entre o Salazarismo e a ciência em Portugal. Como em outros lugares, a ciência portuguesa desenvolveu-se sob a marca de acontecimentos, sobre os quais os cientistas tinham pouca capacidade de influência. Ao contrário do que poder-se-ia pensar, essa marca enriquece o trabalho de historiador, na medida em que nos obriga a aceitar a tese, já muito conhecida, que a ciência não se faz no vazio. Por outras palavras, como parte integrante da cultura e da política, a ciência, para ser devidamente entendida, tem que ser estudada levando-se em consideração as suas relações com aquelas. Finalmente, queremos deixar registrados os nossos agradecimentos às seguintes pessoas e instituições: Prof. Dr. Alfredo Pereira Gomes, Fritz e Maria Joerger, Prof. Dr. Gonçalo Pinto, Prof. Dr. Joaquim Quitério, Profa. Maria Adelaide Carreira, Profa. 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