A Ciência em Portugal ao longo do séc. XX (cenas exemplares de um percurso incompleto)
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2006 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10174/3783 |
Resumo: | É reconhecido por todos os estudiosos, quer do campo histórico quer dos domínios histórico-científicos, a fragilidade ou a ausência da investigação científica no Portugal moderno e contemporâneo. Neste capítulo o país sempre se contentou com uma marginalização assumida em relação ao meio científico internacional, embora, por vezes, tenha brilhado através do trabalho e contribuições de algumas personalidades singulares. A intenção neste artigo, utilizando a analogia da representação teatral, é iluminar uma sucessão de cenas exemplificativas daquilo que se pode apelidar como a prática científica nacional. Nestas cenas, as personagens patentearão as características dessa prática no país e que se pode exemplificar do seguinte modo: conhece-se a informação e há capacidade para a entender, repetem-se os resultados, mas fica-se por aí; há facilidade em assimilar os desenvolvimentos técnicos e produzir a sua consequente aplicação útil; há a marca indelével do trabalho individual e a inexistência de troca de ideias com o exterior, uma ausência permanente de interlocutores; há o esforço em passar o testemunho individual e, simultaneamente, uma incapacidade manifesta em alcançar o trabalho de grupo, embora este desiderato seja atingido em casos muito pontuais; há um meio fortemente hierarquizado que se constituía mais como um travão do que como agente dinamizador, privilegiando-se os corredores do acesso à carreira sobre a dedicação comprovada à investigação. A história da investigação científica é uma malha, muitas vezes oculta e quase imperceptível, que se cruza com as necessidades do desenvolvimento técnico, com os mecanismos do poder e os meios económicos colocados à sua disposição, com a organização das instituições que a suportam, com a organização de grupos de interesses diversos, com a circulação das ideias e dos conhecimentos através de países e continentes; só a compreensão desta trama pode dar a conhecer o porquê da muito fraca produção científica nacional ─ uma regra onde há excepções. E não sendo possível enveredar pela análise dos principais fios desta teia no espaço escasso deste artigo, houve a intenção, usando mais uma vez a analogia teatral, de ensaiar a marcação de algumas cenas onde o foco da acção ancorasse nestas relações mais complexas, por exemplo, a importância fundamental da acção da Junta de Educação Nacional ou do Instituto para a Alta Cultura para o lançamento da investigação científica no país, mas que, em algumas decisões tomadas, assumiu um papel mais inibidor do que dinamizador. Ainda neste quadro complexo, o cenário correspondente à experiência de um Laboratório Nacional. Por ser a disciplina que melhor se conhece, optou-se por centrar a atenção na física. |
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