Desenhando a música : análise da composição e da escuta a partir do conceito peirceano de diagrama

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Jonas De Aguiar, Vinicius
Data de Publicação: 2021
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/53687
Resumo: A questão central desta investigação pode ser assim enunciada: como pensar a mediação entre som e música, a passagem do sonoro ao musical, sem pressupor qualquer tipo de esquema transcendental — estruturas matemáticas ou formais, gramáticas ou qualquer tipo de código que delimite a priori as possibilidades da música? Como pensar um sentido musical que não esteja dado a priori numa regra de síntese qualquer? A problemática que investigamos tem reaparecido com alguma frequência na filosofia, ao menos desde a última crítica de Immanuel Kant, e sobretudo em pensadores do século XX como Theodor Adorno e Gilles Deleuze. Com efeito, há uma forte tradição musical — teórica e prática, de Pitágoras ao Programa — segundo a qual o sentido musical só é gerado quando, sobre os sons musicalmente desinformados, se sobrepõe algum tipo de esquema racional (i.e. razões, proporções, logoi). É, pois, no limite dessa abordagem — que hoje, na era da programação ubíqua, abunda — que surge o referido tema desta investigação. Podemos dizer que o problema em pauta nos é reimposto pelo próprio avanço dos esquemas matemáticos transcendentais em todas as áreas do pensamento, inclusive do pensamento musical. Mas não propomos, aqui, meramente re-ativar os autores que, antes da revolução digital, investigaram o que há para além dos programas ou esquemas musicais. Da nossa parte, introduzimos a seguinte hipótese: o conceito de diagrama, proposto por Charles S. Peirce como substituto pragmati(ci)sta, incorporado, sensível e nãoalgorítmico, do esquema transcendental kantiano, indica um caminho ainda não investigado, nomeadamente, o conceito de diagrama musical. Assim, para amplificar e dar corpo (musical) ao pensamento que há para além do programado e do programável, atentamos para a dinâmica mediadora dos diagramas visuais, gestuais e sobretudo sónicos, que a história da música (suas tecnologias e suas práticas) nos legou, e que chegam até este trabalho por intermédio de variadas escutas compostas, verbalizadas e anotadas por compositores, teóricos, escritores, artistas, músicos e filósofos.
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spelling Desenhando a música : análise da composição e da escuta a partir do conceito peirceano de diagramaDiagrama MusicalComposição MusicalEscuta MusicalFilosofia dos DiagramasC. S. PeirceMusical DiagramMusical CompositionMusical ListeningPhilosophy of DiagramsC. S. PeirceDomínio/Área Científica::Humanidades::Filosofia, Ética e ReligiãoA questão central desta investigação pode ser assim enunciada: como pensar a mediação entre som e música, a passagem do sonoro ao musical, sem pressupor qualquer tipo de esquema transcendental — estruturas matemáticas ou formais, gramáticas ou qualquer tipo de código que delimite a priori as possibilidades da música? Como pensar um sentido musical que não esteja dado a priori numa regra de síntese qualquer? A problemática que investigamos tem reaparecido com alguma frequência na filosofia, ao menos desde a última crítica de Immanuel Kant, e sobretudo em pensadores do século XX como Theodor Adorno e Gilles Deleuze. Com efeito, há uma forte tradição musical — teórica e prática, de Pitágoras ao Programa — segundo a qual o sentido musical só é gerado quando, sobre os sons musicalmente desinformados, se sobrepõe algum tipo de esquema racional (i.e. razões, proporções, logoi). É, pois, no limite dessa abordagem — que hoje, na era da programação ubíqua, abunda — que surge o referido tema desta investigação. Podemos dizer que o problema em pauta nos é reimposto pelo próprio avanço dos esquemas matemáticos transcendentais em todas as áreas do pensamento, inclusive do pensamento musical. Mas não propomos, aqui, meramente re-ativar os autores que, antes da revolução digital, investigaram o que há para além dos programas ou esquemas musicais. Da nossa parte, introduzimos a seguinte hipótese: o conceito de diagrama, proposto por Charles S. Peirce como substituto pragmati(ci)sta, incorporado, sensível e nãoalgorítmico, do esquema transcendental kantiano, indica um caminho ainda não investigado, nomeadamente, o conceito de diagrama musical. Assim, para amplificar e dar corpo (musical) ao pensamento que há para além do programado e do programável, atentamos para a dinâmica mediadora dos diagramas visuais, gestuais e sobretudo sónicos, que a história da música (suas tecnologias e suas práticas) nos legou, e que chegam até este trabalho por intermédio de variadas escutas compostas, verbalizadas e anotadas por compositores, teóricos, escritores, artistas, músicos e filósofos.The central question in this research can be thus summarized: how can we conceive a mediation between sound and music, that is, the passage from sound to music, without presupposing some sort of transcendental schema — mathematical or formal structures, grammars, and codes of any sort? How can we conceive a musical sense that is not already given a priori in a rule of synthesis? The problematics we investigate here has reappeared a few times in the history of philosophy at least since Immanuel Kant’s third critique, and especially in the works of 20th-century intellectuals such as Theodor Adorno and Gilles Deleuze. Indeed there is strong musical tradition — theoretical and practical, from Pythagoras to the Program — according to which musical sense can only be created when a kind of rational schema (i.e. proportions, logoi) is thrown upon musically uninformed sounds. Thus, the theme of this investigation appears precisely on the limits of such an approach — an approach that today, in the age of ubiquitous programming, is abundant. We could even say that the issue at hand is reimposed onto us by the very advance of transcendental mathematical schemas towards all areas of thinking, including musical thinking. However, we do not propose a mere re-reading of authors that investigated this topic before the digital revolution. On the contrary, we introduce the following hypothesis: the concept of diagram, developed by Charles S. Peirce as a pragmati(ci)st, embodied, sensible, and non-algorithmic substitute of Kant’s transcendental schema, indicates a path not yet explored, namely, the concept of musical diagram. Thus, with the goal of amplifying and giving a (musical) body to the forms of thinking that exist beyond the programmed and programmable, we pay careful attention to the mediation of visual, gestural, and especially sonic diagrams bequeathed by the history of music (its technologies and practices), and that have reached this thesis through the mediation of several listenings that have been composed, verbalized, annotated by composers, theoreticians, writers, artists, musicians, and philosophers.Gerner, Alexander MatthiasRepositório da Universidade de LisboaJonas De Aguiar, Vinicius2022-07-06T11:30:17Z2022-042021-052022-04-01T00:00:00Zdoctoral thesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/53687TID:101597398porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-11-20T18:15:24Zoai:repositorio.ul.pt:10451/53687Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openairemluisa.alvim@gmail.comopendoar:71602024-11-20T18:15:24Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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