A União Europeia como ator global de segurança e defesa – No contexto da Guerra da Ucrânia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Travassos, Beatriz Cacho Sousa
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/148716
Resumo: A União Europeia (UE) tem-se assumido no sistema internacional enquanto ator de segurança e defesa em construção, através da sua presença em conflitos e crises por meio das suas missões e operações civis e militares da Política Comum de Segurança e Defesa (PCSD), das suas capacidades e oportunidades. A representação da UE enquanto ator ganhou uma maior relevância com o retorno da guerra à Europa – a invasão da Ucrânia pela Federação da Rússia – e com o regresso da ameaça russa três décadas depois do fim da Guerra Fria (1991). Desde cedo que a Ucrânia partilha uma parceria estratégica de longa data tanto com Bruxelas, tanto com Moscovo. A Ucrânia desde a década de noventa tem vindo a ser abordada pela UE, de modo a desenvolveram uma relação de cooperação e coordenação política e económica. Após a dissolução da União Soviética, Moscovo, manteve uma relação de proximidade com a Ucrânia, encarando Kiev como uma parte fundamental para a construção da política externa russa baseada na sua ligação cultural e raízes históricas de longa data. A Ucrânia manteve-se interessada em manter uma relação de cooperação com Bruxelas, tendo sido por sua vez integrada e orientada na Política Europeia de Vizinhança (PEV) e na Parceria Oriental (PO). A abordagem europeia mediante os seus instrumentos de soft power foi contínua, levando à proposta da assinatura de um Acordo de Associação entre ambos de modo a reforçar as suas relações, porém a Rússia contrapôs esta aproximação. Por seu turno, a relação existente entre a UE e a Rússia têm vindo a deteriorar-se desde a resposta russa ao Acordo de Associação, que seria assinado entre a Ucrânia e a UE, originando o desenvolvimento de uma União Aduaneira pela Rússia – A União Económica Eurosiática. A União Aduaneira desenvolvida pela Rússia levou a que o governo ucraniano recuasse com a assinatura do Acordo com a UE, em 2013, optando por seguir o caminho russo, sendo integrada na União Económica Eurosiática. O relacionamento entre Bruxelas e o Moscovo, já frágil, deteriorou-se, em março 2014, com a violação da integridade territorial e a soberania da Ucrânia pelo Kremlin ao anexar a Península da Crimeia (e Sebastopol). A UE reagiu rapidamente, punindo Moscovo pelo seu ato, através da aplicação de sanções, essencialmente, económicas e políticas. A perspetiva de paz e estabilidade ambicionada desde o fim da Guerra Fria terminou com o regresso da guerra à Europa. Oito anos após a anexação da Crimeia, o mundo testemunhou durante a madrugada de 24 de fevereiro de 2022, a movimentação do exército russo sobre as fronteiras ucranianas, invadindo o país, violando o direito internacional e a Carta das Nações Unidas, colocando em causa o sistema securitário europeu e mundial. Moscovo justificou esta “operação militar” como uma necessidade para assegurar a segurança e defesa das fronteiras da Rússia face à expansão das alianças europeia e euro-atlântica. Esta ação por parte de Putin levou a que os Estados-membros (EM) da UE se regessem pela unidade definindo uma rápida resposta europeia à crise desencadeada no leste da Europa, tendo esta adotado até ao momento da redação desta dissertação seis pacotes de sanções, com o objetivo de isolar a Rússia internacionalmente no domínio político e económico, sendo a sua finalidade o fim do conflito armado na Ucrânia. A presente dissertação analisa o posicionamento europeu face à política externa da Ucrânia na última década, e testa a hipótese de que a UE é um ator de segurança e defesa capaz de atuar de forma eficaz, coerente e unida. A recente aprovação do novo documento estratégico europeu – a Bússola Estratégica – procura justificar esta premissa como uma componente para que a UE atinja objetivos, desenvolva novas capacidades, reforce as suas ferramentas e instrumentos, e coopere com outras organizações internacionais, enfatizando assim a importância de a UE estabelecer-se na comunidade internacional enquanto ator de segurança e defesa. A evolução da UE enquanto ator de segurança e defesa tem vindo a ser desenvolvida conforme a análise da evolução da Política Comum de Segurança e Defesa (PCSD), em coordenação com a parceria estratégica com a NATO, por diversos autores, e num cenário mais recente, após a eclosão do conflito ucraniano. A UE tem respondendo unitariamente à crise da Ucrânia de modo a manter os seus principais objetivos: garantir a independência do povo ucraniano face à ameaça russa e garantir a segurança e a construção da paz no sistema internacional. Esta construção europeia de um ator nos domínios da segurança e da defesa assenta no seu actorness representando um avanço significativo da PCSD desde a ratificação do Tratado de Lisboa (2009), assumindo a união enquanto um ator de segurança e defesa em construção, autónomo, dotado de capacidades e presença internacional. Como objeto de estudo desta dissertação defende-se e analisa-se a construção da UE enquanto segurança e defesa europeu desde Saint-Malo até à atualidade, mais complexa e sujeita a ameaças, de modo que seja possível compreender em que direção seguirá a segurança e defesa europeia nos próximos anos, após a invasão russa da Ucrânia, tendo como argumento, que esta evolução política dentro da PCSD poderá ser concretizada, de forma a tornar a UE num ator internacional nos campos da segurança e da defesa, através do surgimento do poder supranacional.
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A Ucrânia desde a década de noventa tem vindo a ser abordada pela UE, de modo a desenvolveram uma relação de cooperação e coordenação política e económica. Após a dissolução da União Soviética, Moscovo, manteve uma relação de proximidade com a Ucrânia, encarando Kiev como uma parte fundamental para a construção da política externa russa baseada na sua ligação cultural e raízes históricas de longa data. A Ucrânia manteve-se interessada em manter uma relação de cooperação com Bruxelas, tendo sido por sua vez integrada e orientada na Política Europeia de Vizinhança (PEV) e na Parceria Oriental (PO). A abordagem europeia mediante os seus instrumentos de soft power foi contínua, levando à proposta da assinatura de um Acordo de Associação entre ambos de modo a reforçar as suas relações, porém a Rússia contrapôs esta aproximação. Por seu turno, a relação existente entre a UE e a Rússia têm vindo a deteriorar-se desde a resposta russa ao Acordo de Associação, que seria assinado entre a Ucrânia e a UE, originando o desenvolvimento de uma União Aduaneira pela Rússia – A União Económica Eurosiática. A União Aduaneira desenvolvida pela Rússia levou a que o governo ucraniano recuasse com a assinatura do Acordo com a UE, em 2013, optando por seguir o caminho russo, sendo integrada na União Económica Eurosiática. O relacionamento entre Bruxelas e o Moscovo, já frágil, deteriorou-se, em março 2014, com a violação da integridade territorial e a soberania da Ucrânia pelo Kremlin ao anexar a Península da Crimeia (e Sebastopol). A UE reagiu rapidamente, punindo Moscovo pelo seu ato, através da aplicação de sanções, essencialmente, económicas e políticas. A perspetiva de paz e estabilidade ambicionada desde o fim da Guerra Fria terminou com o regresso da guerra à Europa. Oito anos após a anexação da Crimeia, o mundo testemunhou durante a madrugada de 24 de fevereiro de 2022, a movimentação do exército russo sobre as fronteiras ucranianas, invadindo o país, violando o direito internacional e a Carta das Nações Unidas, colocando em causa o sistema securitário europeu e mundial. Moscovo justificou esta “operação militar” como uma necessidade para assegurar a segurança e defesa das fronteiras da Rússia face à expansão das alianças europeia e euro-atlântica. Esta ação por parte de Putin levou a que os Estados-membros (EM) da UE se regessem pela unidade definindo uma rápida resposta europeia à crise desencadeada no leste da Europa, tendo esta adotado até ao momento da redação desta dissertação seis pacotes de sanções, com o objetivo de isolar a Rússia internacionalmente no domínio político e económico, sendo a sua finalidade o fim do conflito armado na Ucrânia. A presente dissertação analisa o posicionamento europeu face à política externa da Ucrânia na última década, e testa a hipótese de que a UE é um ator de segurança e defesa capaz de atuar de forma eficaz, coerente e unida. A recente aprovação do novo documento estratégico europeu – a Bússola Estratégica – procura justificar esta premissa como uma componente para que a UE atinja objetivos, desenvolva novas capacidades, reforce as suas ferramentas e instrumentos, e coopere com outras organizações internacionais, enfatizando assim a importância de a UE estabelecer-se na comunidade internacional enquanto ator de segurança e defesa. A evolução da UE enquanto ator de segurança e defesa tem vindo a ser desenvolvida conforme a análise da evolução da Política Comum de Segurança e Defesa (PCSD), em coordenação com a parceria estratégica com a NATO, por diversos autores, e num cenário mais recente, após a eclosão do conflito ucraniano. A UE tem respondendo unitariamente à crise da Ucrânia de modo a manter os seus principais objetivos: garantir a independência do povo ucraniano face à ameaça russa e garantir a segurança e a construção da paz no sistema internacional. Esta construção europeia de um ator nos domínios da segurança e da defesa assenta no seu actorness representando um avanço significativo da PCSD desde a ratificação do Tratado de Lisboa (2009), assumindo a união enquanto um ator de segurança e defesa em construção, autónomo, dotado de capacidades e presença internacional. Como objeto de estudo desta dissertação defende-se e analisa-se a construção da UE enquanto segurança e defesa europeu desde Saint-Malo até à atualidade, mais complexa e sujeita a ameaças, de modo que seja possível compreender em que direção seguirá a segurança e defesa europeia nos próximos anos, após a invasão russa da Ucrânia, tendo como argumento, que esta evolução política dentro da PCSD poderá ser concretizada, de forma a tornar a UE num ator internacional nos campos da segurança e da defesa, através do surgimento do poder supranacional.The European Union (EU) has been presenting itself in the international system as a security and defence actor, through its presence in conflicts, crises, and civil and military operations and missions of the Common Security and Defence Policy (CSDP). However, the rise of threats to European stability and peace puts into question the rule of the EU as an international security and defence actor. The EU’s role as an international actor gained greater relevance with the return of war to Europe, through Russia’s invasion of Ukraine and the subsequent return of the Russian threat, three decades after the end of the Cold War. Years ago, Ukraine remained interested in maintaining a close relationship with Brussels and with Moscow. Ukraine has been approached by Brussels since the 1990s, to establish a relationship of political and economic cooperation and coordination. Moscow sees Kiev as a key part of its foreign policy, with an argument based on its cultural connection and long-standing historical roots. Ukraine remains interested in maintaining a close relationship with Brussels, being integrated into the European Neighborhood Policy (ENP) and the Eastern Partnership (OP). The European approach was continuous, proposing the signature of an Association Agreement between the two to strengthen their relations. In turn, the relationship between the EU and Russia has been declining since Russia responded to the Association Agreement, to be signed between Ukraine and the EU, with the formulation of a Customs Union, leading the Ukrainian government to choose the Russian proposal, opting to be integrated into the Euro-Asian Economic Union. The relationship between Brussels and Moscow, already fragile, formally deteriorated in March 2014 with the violation of the territorial integrity and sovereignty of Ukraine by the Kremlin, which ordered Russian troops to annex the Crimean Peninsula and Sevastopol. The EU reacted instantly, punishing Moscow for its act, through the application of, economic and political sanctions. The prospect of peace and stability stablished since the end of the Cold War changed with the return of the war to Europe. Eight years after the annexation of Crimea, the world witnessed during the dawn of February 24 of 2022, the movement of the Russian army over Ukrainian borders, invading the country, violating international law and the United Nations Charter, and jeopardizing the international and European security system. Moscow justified this military "operation" as a necessity to ensure the security and defense of Russia's borders, given the expansion of European and Euro-Atlantic alliances. This action by Putin, led to the unity of the Member States (MS) of the EU, to define a fast European response to the crisis unleashed in Eastern Europe. So far six sanctions packages have been adopted, with the objective to isolate Russia internationally, in the political and economic sphere, and with hopes of ending the armed conflict in Ukraine. The present dissertation, the European Union’s position towards Ukraine's foreign policy in the last decade, seeks to test the hypothesis that the EU is a security and defense actor, capable of acting in an effective, coherent, and united way. The recent approval of the newest European Union’s strategic document – the Strategic Compass – tries to justify this premise and is inserted here as a component for the EU to achieve objectives, develop new capabilities, strengthen tools and instruments, and cooperate with other international organizations, emphasizing the importance of the EU establishing itself in the international community as a security and defense actor. The evolution of the EU as a security and defence actor has been developed through the analysis of the evolution of the Common Security and Defence Policy (CSDP), in coordination with the strategic partnership with NATO, by several authors, and in a more recent scenario, after the outbreak of the Ukrainian conflict. The EU has responded in remarkable unity to the crisis developed within Ukraine to guarantee its main objectives: to maintain the independence of the Ukrainian territory and its people in the face of the Russian threat and to guarantee security and peace in the international system. The EU’s actorness represented a significant advance of the CSDP since the ratification of the Lisbon Treaty (2009), assuming the union as a security and defence actor under construction, autonomous and endowed with capabilities and international presence. As the main argument of this dissertation, we intend to sustain and analyze as study object the construction of a European security and defence actor from Saint-Malo to the present, characterized by complexity and facing increasing threats to assess which direction Europe’s security and defence may take in the coming years after the Russian invasion of Ukraine, with the argument that this political evolution inside CSDP could be implemented, in order to turn the EU an international actor in the fields of security and defence, trhough the emergence of a supranational power.Daehnhardt, Patricia Vitória Pichler BarreirosRUNTravassos, Beatriz Cacho Sousa2023-02-06T11:49:39Z2022-12-132022-09-272022-12-13T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/148716TID:203127471porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T05:30:23Zoai:run.unl.pt:10362/148716Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:53:27.734281Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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Após a dissolução da União Soviética, Moscovo, manteve uma relação de proximidade com a Ucrânia, encarando Kiev como uma parte fundamental para a construção da política externa russa baseada na sua ligação cultural e raízes históricas de longa data. A Ucrânia manteve-se interessada em manter uma relação de cooperação com Bruxelas, tendo sido por sua vez integrada e orientada na Política Europeia de Vizinhança (PEV) e na Parceria Oriental (PO). A abordagem europeia mediante os seus instrumentos de soft power foi contínua, levando à proposta da assinatura de um Acordo de Associação entre ambos de modo a reforçar as suas relações, porém a Rússia contrapôs esta aproximação. Por seu turno, a relação existente entre a UE e a Rússia têm vindo a deteriorar-se desde a resposta russa ao Acordo de Associação, que seria assinado entre a Ucrânia e a UE, originando o desenvolvimento de uma União Aduaneira pela Rússia – A União Económica Eurosiática. A União Aduaneira desenvolvida pela Rússia levou a que o governo ucraniano recuasse com a assinatura do Acordo com a UE, em 2013, optando por seguir o caminho russo, sendo integrada na União Económica Eurosiática. O relacionamento entre Bruxelas e o Moscovo, já frágil, deteriorou-se, em março 2014, com a violação da integridade territorial e a soberania da Ucrânia pelo Kremlin ao anexar a Península da Crimeia (e Sebastopol). A UE reagiu rapidamente, punindo Moscovo pelo seu ato, através da aplicação de sanções, essencialmente, económicas e políticas. A perspetiva de paz e estabilidade ambicionada desde o fim da Guerra Fria terminou com o regresso da guerra à Europa. Oito anos após a anexação da Crimeia, o mundo testemunhou durante a madrugada de 24 de fevereiro de 2022, a movimentação do exército russo sobre as fronteiras ucranianas, invadindo o país, violando o direito internacional e a Carta das Nações Unidas, colocando em causa o sistema securitário europeu e mundial. Moscovo justificou esta “operação militar” como uma necessidade para assegurar a segurança e defesa das fronteiras da Rússia face à expansão das alianças europeia e euro-atlântica. Esta ação por parte de Putin levou a que os Estados-membros (EM) da UE se regessem pela unidade definindo uma rápida resposta europeia à crise desencadeada no leste da Europa, tendo esta adotado até ao momento da redação desta dissertação seis pacotes de sanções, com o objetivo de isolar a Rússia internacionalmente no domínio político e económico, sendo a sua finalidade o fim do conflito armado na Ucrânia. A presente dissertação analisa o posicionamento europeu face à política externa da Ucrânia na última década, e testa a hipótese de que a UE é um ator de segurança e defesa capaz de atuar de forma eficaz, coerente e unida. A recente aprovação do novo documento estratégico europeu – a Bússola Estratégica – procura justificar esta premissa como uma componente para que a UE atinja objetivos, desenvolva novas capacidades, reforce as suas ferramentas e instrumentos, e coopere com outras organizações internacionais, enfatizando assim a importância de a UE estabelecer-se na comunidade internacional enquanto ator de segurança e defesa. A evolução da UE enquanto ator de segurança e defesa tem vindo a ser desenvolvida conforme a análise da evolução da Política Comum de Segurança e Defesa (PCSD), em coordenação com a parceria estratégica com a NATO, por diversos autores, e num cenário mais recente, após a eclosão do conflito ucraniano. A UE tem respondendo unitariamente à crise da Ucrânia de modo a manter os seus principais objetivos: garantir a independência do povo ucraniano face à ameaça russa e garantir a segurança e a construção da paz no sistema internacional. Esta construção europeia de um ator nos domínios da segurança e da defesa assenta no seu actorness representando um avanço significativo da PCSD desde a ratificação do Tratado de Lisboa (2009), assumindo a união enquanto um ator de segurança e defesa em construção, autónomo, dotado de capacidades e presença internacional. Como objeto de estudo desta dissertação defende-se e analisa-se a construção da UE enquanto segurança e defesa europeu desde Saint-Malo até à atualidade, mais complexa e sujeita a ameaças, de modo que seja possível compreender em que direção seguirá a segurança e defesa europeia nos próximos anos, após a invasão russa da Ucrânia, tendo como argumento, que esta evolução política dentro da PCSD poderá ser concretizada, de forma a tornar a UE num ator internacional nos campos da segurança e da defesa, através do surgimento do poder supranacional.
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