Legionella pneumophila: estudo de suscetibilidade das estirpes portuguesas

• Autor(a) principal: Araújo, Ibéria Ramalho Dias de
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/113419
• topic: Legionella; Suscetibilidade; E-test; Legionella; Susceptibility; E-test; Ciências Médicas

RESUMO:A Legionella é uma bactéria ubíqua de ambientes aquáticos e o agente etiológico da Doença dos Legionários (DL). A taxa de letalidade da DL tem variado desde 5% a 30% nos surtos que têm ocorrido a nível mundial. Na Europa, a doença tem uma taxa de mortalidade de 8%. Em Portugal já ocorreram vários surtos, entre eles o de Vila Franca de Xira que envolveu 403 doentes e 14 óbitos. A Legionella infeta macrófagos alveolares humanos ocasionando uma pneumonia potencialmente fatal. O tratamento da DL é eficaz, porém cada vez mais têm sido relatadas falhas devido ao aparecimento de mecanismos de resistência. É, pois, importante estudar o padrão de suscetibilidade da Legionella aos antibióticos e este é o objetivo do presente trabalho. Nele foram realizados testes de suscetibilidade à azitromicina, à ciprofloxacina e à levofloxacina em 42 isolados clínicos recuperados em Portugal, entre 1987 e 2016. O protocolo do EUCAST 2017 recomenda a utilização do meio com carvão ativado, mas como há discussões sobre a sua interferência na determinação da concentração inibitória mínima (MIC), testamos dois meios, o BCYE-α (com carvão) e o BYE (sem carvão) utilizando a estirpe de referência Staphylococcus aureus ATCC 29213 para a qual estão definidos os valores de MIC. Os ensaios realizados confirmaram a alteração do MIC quando se utiliza meio com carvão, aumento de 4 vezes para azitromicina e 8 vezes para ciprofloxacina e levofloxacina versus os valores obtidos no meio padrão, o meio Agar Mueller Hinton. Reproduzidos os testes nas mesmas condições em meio sem carvão (BYE), obtivemos valores de MIC normais para a ciprofloxacina e levofloxacina, mas para azitromicina o valor do MIC ainda se elevou mais. Com estes valores pensamos em realizar os testes de suscetibilidade neste meio, mas, ao testar-se o crescimento da L. pneumophila ATCC 33152, não se obteve qualquer crescimento na concentração necessária para a técnica dos MICs. Para o presente trabalho foi necessário aferir a concentrações bacterianas utilizadas nos testes de suscetibilidade, mas dado que os 42 isolados apresentaram morfologia diversa, foi necessário efetuar contagens das UFC/mL pela técnica de Miles e Misra para conseguir essa padronização. O estudo utilizou o método recomendado pelo EUCAST de 2017 e os resultados revelaram a existência de um isolado com resistência à azitromicina entre os 42 testados. Considera-se que a realização de estudos similares permitirá conhecer o padrão de resistência da Legionella em Portugal, contribuindo para uma adequação do tratamento da DL, evitando falhas terapêuticas e custos relacionados com hospitalizações prolongadas.