Efeito do tipo de aprendizagem no testemunho olfativo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rocha, Marta Fernanda Coelho
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10773/10004
Resumo: Os seres humanos, tal como os animais, têm a capacidade de extrair sinais de outros indivíduos através do olfato (e.g., sexo, idade, estado emocional). São capazes de discriminar o seu próprio odor, o odor dos seus familiares, e odores de estranhos, sendo que o processamento de odores de estranhos é semelhante ao que foi demonstrado para estímulos ecologicamente relevantes, tais como imagens visuais de cobras e outros estímulos de medo. Os odores tendem a ficar condicionados a estados emocionais. Assim, um odor é considerado agradável ou desagradável dependendo do contexto no qual se deu o primeiro contato com o mesmo. Apesar das capacidades olfativas dos seres humanos, só o estudo de Alho (2011) teve como objetivo investigar se este sentido sensorial poderá ajudar na investigação criminal. Os resultados demonstraram que o grupo exposto a uma situação emocionalmente saliente (i.e., visualização de um filme de crime) enquanto cheirava o odor alvo, teve um melhor desempenho no reconhecimento do mesmo, do que o grupo que visualizou um filme de uma situação do quotidiano (emocionalmente neutra). Os resultados apontaram assim, para as potenciais implicações dos odores corporais no âmbito forense ao nível da redução da probabilidade de erro no reconhecimento de pessoas inocentes, como complemento de alinhamentos visuais na investigação criminal. O presente estudo pretende complementar o estudo realizado por Alho (2011) e tem como objetivo investigar se o tipo de aprendizagem (acidental vs intencional) influencia a taxa de reconhecimento de estímulos olfativos. Foram apresentados filmes de crime a ambos os grupos, ao mesmo tempo que os participantes cheiravam um odor corporal que instruímos ser do perpetrador. Na condição de aprendizagem acidental instruímos os participantes a focar a atenção na face do perpetrador. Já na condição de aprendizagem intencional, informámos os participantes que mais tarde teriam que realizar uma tarefa de reconhecimento do odor alvo. Na tarefa de reconhecimento os participantes teriam de reconhecer em alinhamento o odor a que estiveram expostos durante a visualização do filme. Os principais resultados revelaram que o grupo na condição de aprendizagem intencional obteve uma taxa de reconhecimento de 50% e o grupo da condição aprendizagem acidental de 45%, não sendo esta diferença estatisticamente significativa. Verificamos assim, que o tipo de aprendizagem não influencia o desempenho no reconhecimento, o que pode indicar uma mais-valia na investigação. O objetivo das experiências realizadas em laboratório é fornecer resultados idênticos ao que seria de esperar em contexto real, e geralmente experiências em laboratório utilizam um processo de aprendizagem intencional, o que pode levar a falsos positivos. O facto de os odores não serem tão sensíveis a este tipo de variável salienta a importância que os odores podem ter na investigação criminal, especialmente em situações onde a sobrevivência está em risco, como é o caso de vítimas ou testemunhas de crimes.
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Os resultados demonstraram que o grupo exposto a uma situação emocionalmente saliente (i.e., visualização de um filme de crime) enquanto cheirava o odor alvo, teve um melhor desempenho no reconhecimento do mesmo, do que o grupo que visualizou um filme de uma situação do quotidiano (emocionalmente neutra). Os resultados apontaram assim, para as potenciais implicações dos odores corporais no âmbito forense ao nível da redução da probabilidade de erro no reconhecimento de pessoas inocentes, como complemento de alinhamentos visuais na investigação criminal. O presente estudo pretende complementar o estudo realizado por Alho (2011) e tem como objetivo investigar se o tipo de aprendizagem (acidental vs intencional) influencia a taxa de reconhecimento de estímulos olfativos. Foram apresentados filmes de crime a ambos os grupos, ao mesmo tempo que os participantes cheiravam um odor corporal que instruímos ser do perpetrador. Na condição de aprendizagem acidental instruímos os participantes a focar a atenção na face do perpetrador. Já na condição de aprendizagem intencional, informámos os participantes que mais tarde teriam que realizar uma tarefa de reconhecimento do odor alvo. Na tarefa de reconhecimento os participantes teriam de reconhecer em alinhamento o odor a que estiveram expostos durante a visualização do filme. Os principais resultados revelaram que o grupo na condição de aprendizagem intencional obteve uma taxa de reconhecimento de 50% e o grupo da condição aprendizagem acidental de 45%, não sendo esta diferença estatisticamente significativa. Verificamos assim, que o tipo de aprendizagem não influencia o desempenho no reconhecimento, o que pode indicar uma mais-valia na investigação. O objetivo das experiências realizadas em laboratório é fornecer resultados idênticos ao que seria de esperar em contexto real, e geralmente experiências em laboratório utilizam um processo de aprendizagem intencional, o que pode levar a falsos positivos. O facto de os odores não serem tão sensíveis a este tipo de variável salienta a importância que os odores podem ter na investigação criminal, especialmente em situações onde a sobrevivência está em risco, como é o caso de vítimas ou testemunhas de crimes.Humans, such as animals, have the ability to extract signals from other individuals through the nose (e.g., sex, age, emotional state). They are able to distinguish their own odor, the odor of their relatives, and odors of strangers. The processing of body odors from strangers receive greater attention resources, similar to what has been demonstrated for ecologically relevant stimuli, such as visual images of snakes and other fear stimuli. Odors tend to get conditioned to emotional states. Thus, an odor is considered pleasant or unpleasant depending on the context in which the individual made the first contact with the odor. Despite de olfactory abilities of humans, only the study of Alho (2011) aimed to investigate whether this sensory modality can aid criminal investigations, especially in complementing eyewitness identification. The results showed that the group exposed to an emotionally salient scenario (i.e., watching a crime movie) while smelling an odor which the participant is instructed that belongs to the prepretror, resulted in a better performance recognition of the such body odor in a line-up, than the group of participants who viewed an emotionally neutra movie. The results showed that the body odors may act as a complement to criminal investigation and, therefore, reduce the probability of error in the recognition of innocent people.The present study aims to complement the study made by Alho (2011) and investigate if the type of learning (intentional vs. incidental) influences the recognition rate of body odors previosly smelled during a crime film. Crime films were presented to both groups(intencional vs incidental learning). In the incidental learning condition, we instructed participants to focus their attention on the face of the perpetrator,whereas in the intentional learning condition participants were informed that they would later perform a recognition task. In the recognition task, participants would have to recognize the odor in alignment to which they were exposed to during the movie. The main results indicated that the intentional learning condition resulted in a recognition rate of 50%, while the incidental learning condition resulted in recognition rate of 45%. This difference was not statistically significant, which suggests that the type of learning does not influence the performance in recognition and, therefore, may indicate an advantage in the investigation. The purpose of the present experiment, conducted in the laboratory, was to provide identical results to what would be expected in a real context, specifically because most laboratory experiments in eyewitness involve a process of intentional learning, which can lead to false positives. The fact that odors are not as sensitive to this type of variable, underlines the importance that odors can play in criminal investigations, especially in situations where survival is at risk, as is the case of victims or crime witnesses.Universidade de Aveiro2013-03-25T17:29:05Z2012-01-01T00:00:00Z2012info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/10004porRocha, Marta Fernanda Coelhoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-22T11:17:20Zoai:ria.ua.pt:10773/10004Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:46:41.293850Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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