Controlo da atenção em contexto social na esquizofrenia : efeito da carga percetiva no processamento de expressões faciais
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10773/14658 |
Resumo: | A esquizofrenia é uma das doenças mais severas e incapacitantes do foro psiquiátrico. Estudos anteriores indicam que os pacientes com esquizofrenia têm dificuldades em identificar, discriminar e reconhecer expressões faciais. Analogamente, outros estudos sublinham a existência de prejuízos nos processos de controlo da atenção, que indicam que informação deve ser atendida e que são responsáveis por direcionar a atenção para a informação relevante. A interferência de estímulos irrelevantes pode ser determinada pelo nível de carga percetiva da tarefa (Lavie, 1995, 2005). Porém, quando estes estímulos são biologicamente significativos (e.g., faces humanas), o seu processamento (automático e preferencial) tende a não ser afetado pelo nível de exigência da tarefa. Os indivíduos com esquizofrenia parecem ser especialmente sensíveis à presença de distratores emocionais. Contudo, até ao momento, não foi examinado este efeito em função da carga percetiva. O presente estudo teve como objetivo verificar se os pacientes com esquizofrenia são mais sensíveis ao processamento de estímulos emocionais irrelevantes, mesmo em tarefas que exigem uma elevada quantidade de recursos atencionais. 22 participantes com esquizofrenia ou perturbação esquizoafetiva e 22 participantes sem perturbação mental (com idades e sexo equivalentes) realizaram uma tarefa de discriminação de letras-alvo com estímulos emocionais irrelevantes (expressões faciais de raiva, de nojo, alegres e neutras). As letras-alvo eram acompanhadas por cinco letras distratoras, que podiam ser iguais (condição de carga percetiva reduzida) ou diferentes (condição de carga percetiva elevada). Era solicitado aos participantes que discriminassem a letra-alvo, entre as letras distratoras, e que ignorassem a expressão facial apresentada. Foram analisados os tempos de resposta e as taxas de acerto da tarefa de discriminação. Os resultados indicaram que os pacientes (em comparação com o grupo de controlo) eram mais suscetíveis à interferência dos estímulos irrelevantes, especialmente na condição de carga percetiva elevada, o que é consistente com a existência de prejuízos no controlo da atenção. Também nos pacientes, as faces alegres resultaram numa maior interferência quando a tarefa era mais exigente. Contrariamente, as faces neutras foram as que menos interferiam, imediatamente seguidas das faces de raiva. Deste modo, os resultados sugerem que os indivíduos com esquizofrenia apresentaram um enviesamento atencional para faces alegres e comprometimentos ao nível do reconhecimento de faces ameaçadoras (i.e., de raiva). Este estudo forneceu uma nova visão sobre os prejuízos atencionais em contexto social na esquizofrenia. |
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Controlo da atenção em contexto social na esquizofrenia : efeito da carga percetiva no processamento de expressões faciaisPsicologia forensePsicologia forenseEsquizofreniaDoenças mentaisControlo da atençãoExpressão facialComportamento socialA esquizofrenia é uma das doenças mais severas e incapacitantes do foro psiquiátrico. Estudos anteriores indicam que os pacientes com esquizofrenia têm dificuldades em identificar, discriminar e reconhecer expressões faciais. Analogamente, outros estudos sublinham a existência de prejuízos nos processos de controlo da atenção, que indicam que informação deve ser atendida e que são responsáveis por direcionar a atenção para a informação relevante. A interferência de estímulos irrelevantes pode ser determinada pelo nível de carga percetiva da tarefa (Lavie, 1995, 2005). Porém, quando estes estímulos são biologicamente significativos (e.g., faces humanas), o seu processamento (automático e preferencial) tende a não ser afetado pelo nível de exigência da tarefa. Os indivíduos com esquizofrenia parecem ser especialmente sensíveis à presença de distratores emocionais. Contudo, até ao momento, não foi examinado este efeito em função da carga percetiva. O presente estudo teve como objetivo verificar se os pacientes com esquizofrenia são mais sensíveis ao processamento de estímulos emocionais irrelevantes, mesmo em tarefas que exigem uma elevada quantidade de recursos atencionais. 22 participantes com esquizofrenia ou perturbação esquizoafetiva e 22 participantes sem perturbação mental (com idades e sexo equivalentes) realizaram uma tarefa de discriminação de letras-alvo com estímulos emocionais irrelevantes (expressões faciais de raiva, de nojo, alegres e neutras). As letras-alvo eram acompanhadas por cinco letras distratoras, que podiam ser iguais (condição de carga percetiva reduzida) ou diferentes (condição de carga percetiva elevada). Era solicitado aos participantes que discriminassem a letra-alvo, entre as letras distratoras, e que ignorassem a expressão facial apresentada. Foram analisados os tempos de resposta e as taxas de acerto da tarefa de discriminação. Os resultados indicaram que os pacientes (em comparação com o grupo de controlo) eram mais suscetíveis à interferência dos estímulos irrelevantes, especialmente na condição de carga percetiva elevada, o que é consistente com a existência de prejuízos no controlo da atenção. Também nos pacientes, as faces alegres resultaram numa maior interferência quando a tarefa era mais exigente. Contrariamente, as faces neutras foram as que menos interferiam, imediatamente seguidas das faces de raiva. Deste modo, os resultados sugerem que os indivíduos com esquizofrenia apresentaram um enviesamento atencional para faces alegres e comprometimentos ao nível do reconhecimento de faces ameaçadoras (i.e., de raiva). Este estudo forneceu uma nova visão sobre os prejuízos atencionais em contexto social na esquizofrenia.Schizophrenia is one of the most severe and disabling psychiatric conditions. Previous studies have shown that patients with schizophrenia have difficulties in identifying, discriminate and recognize facial expressions. Furthermore, other studies underline an impaired attentional control processes, that determine which information should be attended and that are responsible for guiding attention towards to relevant information. The interference of irrelevant stimulus can be determined by the task perceptual load (Lavie, 1995, 2005). However, when this stimulus are biological significant (e.g., human faces), its processing tends to be unaffected by task demand. Individuals with schizophrenia appears to be highly sensitive to the presence of emotional distractors. Yet, to ours knowledge, no study have instigated this effect in terms of perceptual load. Thus, the purpose of this study was to test whether patients with schizophrenia are more sensitive to processing irrelevant emotional stimulus, even when the task demands a high amount of attentional resources. 22 participants with schizophrenia or schizoaffective disorder and 22 healthy controls, matched for age and gender, performed a target-letter discrimination task with emotional task-irrelevant stimulus (angry, disgust, happy and neutral facial expressions). Target-letters were presented among five distrator-letters, which could be the same (low perceptual load) or different (high perceptual load). Participants should discriminate the target-letter among the distractor-letters, and ignore the facial expressions presented. The response times and accuracy were analyzed. The results showed that patients with schizophrenia (compared to controls) were more prone to distraction by task-irrelevant stimulus, especially under high load, which is consistent with damages in control of attention. Fur such individuals, happy faces result in a higher interference when the task was more demanding. In contrast, neutral faces caused less interference, followed by angry faces. Thereby, the results suggested that patients with schizophrenia exhibit an attentional bias for happy faces and impaired recognition of threatening faces (i.e., angry faces). This study provided a new vision about attentional deficits in social context in schizophrenia.Universidade de Aveiro2015-09-17T14:44:43Z2014-01-01T00:00:00Z2014info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/14658TID:201578530porGrave, Joana Filipa da Quintainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-22T11:26:50Zoai:ria.ua.pt:10773/14658Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:50:11.770088Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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A esquizofrenia é uma das doenças mais severas e incapacitantes do foro psiquiátrico. Estudos anteriores indicam que os pacientes com esquizofrenia têm dificuldades em identificar, discriminar e reconhecer expressões faciais. Analogamente, outros estudos sublinham a existência de prejuízos nos processos de controlo da atenção, que indicam que informação deve ser atendida e que são responsáveis por direcionar a atenção para a informação relevante. A interferência de estímulos irrelevantes pode ser determinada pelo nível de carga percetiva da tarefa (Lavie, 1995, 2005). Porém, quando estes estímulos são biologicamente significativos (e.g., faces humanas), o seu processamento (automático e preferencial) tende a não ser afetado pelo nível de exigência da tarefa. Os indivíduos com esquizofrenia parecem ser especialmente sensíveis à presença de distratores emocionais. Contudo, até ao momento, não foi examinado este efeito em função da carga percetiva. O presente estudo teve como objetivo verificar se os pacientes com esquizofrenia são mais sensíveis ao processamento de estímulos emocionais irrelevantes, mesmo em tarefas que exigem uma elevada quantidade de recursos atencionais. 22 participantes com esquizofrenia ou perturbação esquizoafetiva e 22 participantes sem perturbação mental (com idades e sexo equivalentes) realizaram uma tarefa de discriminação de letras-alvo com estímulos emocionais irrelevantes (expressões faciais de raiva, de nojo, alegres e neutras). As letras-alvo eram acompanhadas por cinco letras distratoras, que podiam ser iguais (condição de carga percetiva reduzida) ou diferentes (condição de carga percetiva elevada). Era solicitado aos participantes que discriminassem a letra-alvo, entre as letras distratoras, e que ignorassem a expressão facial apresentada. Foram analisados os tempos de resposta e as taxas de acerto da tarefa de discriminação. Os resultados indicaram que os pacientes (em comparação com o grupo de controlo) eram mais suscetíveis à interferência dos estímulos irrelevantes, especialmente na condição de carga percetiva elevada, o que é consistente com a existência de prejuízos no controlo da atenção. Também nos pacientes, as faces alegres resultaram numa maior interferência quando a tarefa era mais exigente. Contrariamente, as faces neutras foram as que menos interferiam, imediatamente seguidas das faces de raiva. Deste modo, os resultados sugerem que os indivíduos com esquizofrenia apresentaram um enviesamento atencional para faces alegres e comprometimentos ao nível do reconhecimento de faces ameaçadoras (i.e., de raiva). Este estudo forneceu uma nova visão sobre os prejuízos atencionais em contexto social na esquizofrenia. |
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