A inserção das normas de direito internacional no ordenamento jurídico angolano

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Valeriano, Eduardo Dumbo
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/39797
Resumo: O presente trabalho é um reflexo da crescente relevância do tema da inserção das normas de direito internacional no ordenamento jurídico angolano. Trata-se aqui de uma pesquisa de base teórica, isto é, a pesquisa foi baseada nos estudos elaborados por diversas correntes doutrinárias sobre o tema, mas concentramo-nos sobretudo no pormenor de autores internacionalistas, embora enumeras vezes lançamos mão a autores constitucionalistas. Na primeira parte, procedemos à análise da evolução das relações entre o direito internacional publico e direito interno com destaque das teorias nascidas no seculo passado (monismo e dualismo), e no geral como é que o direito internacional e direito interno se relacionam. Segue-se, na segunda parte do trabalho, a abordagem de como é que estas normas entram na ordem jurídica angolana, ou seja, de que modo o direito internacional é reconhecido e recebido pelo direito interno, e como é que o direito internacional se articula na hierarquia das fontes de direito interno. Antes de falarmos do sistema consagrado em Angola, primeiro procuramos saber como é que os outros ordenamentos jurídicos tratam a questão, e baseando-se na nossa investigação foi possível chegar a ao seguinte resultado: todos os Estados mencionados fazem menção nas suas constituições de mecanismos que transportam para os seus ordenamentos internos as normas do direito internacional e os respetivos princípios, e a sua maioria adota o sistema de receção do direito internacional geral e convencional e não o sistema de transformação (as normas de direito internacional vigoram na ordem jurídica destes Estados de forma automática sem perderem o seu caracter internacional). E no que concerne aos direitos dos homens, todas as constituições analisadas fazem menção a proteção destes direitos (embora algumas com uma intensidade mais elevados). Portanto, o Estado angolano não ficou de parte, e tem como porta de entrada das normas do direito internacional o artigo 13.º da Constituição (embora na CRA existem mais disposições referentes a matéria, mas este é o artigo principal). Em Angola, é diferente a receção do direito internacional geral ou comum, da receção do direito convencional. As primeiras vigoram automaticamente (basta que tenham relevância no âmbito internacional), e o direito convencional para vigorar o estado angolano depende de alguns fatores e condições. No que tange à hierarquia jurídica das normas, a Constituição angolana é omissa, no entanto, não existe nenhuma regra ou princípio de direito internacional que impeça o legislador constituinte de atribuir, na ordem jurídica interna, o valor que entender dos compromissos internacionais que os órgãos estaduais assumiram. Porém as normas de direito internacional geral ou comum, estão acima das normas de direito interno de valor Infraconstitucional e na sua relação com a Constituição ambas estão numa relação de paridade, e em caso de conflito, pode-se aplicar a norma internacional no caso concreto, mas a norma constitucional não será nula, apenas não poderá ser aplicada naquele caso. Já em relação ao direito internacional convencional, cá não se levantam muitos problemas, estas ocupam uma posição infraconstitucional, mas supralegal, portanto são infraconstitucionais pelo facto de a Constituição angolana prever a fiscalização da constitucionalidade.
id RCAP_2ce81a197a06c58603f17cde8db350c7
oai_identifier_str oai:repositorio.ul.pt:10451/39797
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling A inserção das normas de direito internacional no ordenamento jurídico angolanoDireito internacional públicoDireito internoOrdenamento jurídicoResponsabilidade internacionalMonismoDualismoAngolaTeses de mestrado - 2018DireitoO presente trabalho é um reflexo da crescente relevância do tema da inserção das normas de direito internacional no ordenamento jurídico angolano. Trata-se aqui de uma pesquisa de base teórica, isto é, a pesquisa foi baseada nos estudos elaborados por diversas correntes doutrinárias sobre o tema, mas concentramo-nos sobretudo no pormenor de autores internacionalistas, embora enumeras vezes lançamos mão a autores constitucionalistas. Na primeira parte, procedemos à análise da evolução das relações entre o direito internacional publico e direito interno com destaque das teorias nascidas no seculo passado (monismo e dualismo), e no geral como é que o direito internacional e direito interno se relacionam. Segue-se, na segunda parte do trabalho, a abordagem de como é que estas normas entram na ordem jurídica angolana, ou seja, de que modo o direito internacional é reconhecido e recebido pelo direito interno, e como é que o direito internacional se articula na hierarquia das fontes de direito interno. Antes de falarmos do sistema consagrado em Angola, primeiro procuramos saber como é que os outros ordenamentos jurídicos tratam a questão, e baseando-se na nossa investigação foi possível chegar a ao seguinte resultado: todos os Estados mencionados fazem menção nas suas constituições de mecanismos que transportam para os seus ordenamentos internos as normas do direito internacional e os respetivos princípios, e a sua maioria adota o sistema de receção do direito internacional geral e convencional e não o sistema de transformação (as normas de direito internacional vigoram na ordem jurídica destes Estados de forma automática sem perderem o seu caracter internacional). E no que concerne aos direitos dos homens, todas as constituições analisadas fazem menção a proteção destes direitos (embora algumas com uma intensidade mais elevados). Portanto, o Estado angolano não ficou de parte, e tem como porta de entrada das normas do direito internacional o artigo 13.º da Constituição (embora na CRA existem mais disposições referentes a matéria, mas este é o artigo principal). Em Angola, é diferente a receção do direito internacional geral ou comum, da receção do direito convencional. As primeiras vigoram automaticamente (basta que tenham relevância no âmbito internacional), e o direito convencional para vigorar o estado angolano depende de alguns fatores e condições. No que tange à hierarquia jurídica das normas, a Constituição angolana é omissa, no entanto, não existe nenhuma regra ou princípio de direito internacional que impeça o legislador constituinte de atribuir, na ordem jurídica interna, o valor que entender dos compromissos internacionais que os órgãos estaduais assumiram. Porém as normas de direito internacional geral ou comum, estão acima das normas de direito interno de valor Infraconstitucional e na sua relação com a Constituição ambas estão numa relação de paridade, e em caso de conflito, pode-se aplicar a norma internacional no caso concreto, mas a norma constitucional não será nula, apenas não poderá ser aplicada naquele caso. Já em relação ao direito internacional convencional, cá não se levantam muitos problemas, estas ocupam uma posição infraconstitucional, mas supralegal, portanto são infraconstitucionais pelo facto de a Constituição angolana prever a fiscalização da constitucionalidade.This paper reflects the growing relevance of the theme of the insertion of norms of international law into the Angolan legal system. This is a theoretical-based research, that is, the research was based on the studies elaborated by diverse doctrinal currents on the subject, but we concentrate mainly on the detail of internationalist authors, although many times we use constitutionalist authors. In the first part, we analyse the evolution of the relations between public international law and domestic law, highlighting the theories born in the last century (monism and dualism), and in general how international law and domestic law relate. It follows in the second part of the paper the approach to how these norms enter into the Angolan legal order, that is, how international law is recognized and received by domestic law, and how international law is articulated in the hierarchy of sources of domestic law. Before we speak of the system consecrated in Angola, we first seek to know how other legal systems deal with the matter, and on the basis of our investigation it was possible to arrive at the following result: all the mentioned States mention in their constitutions mechanisms which transpose into their domestic law the norms of international law and their principles, and their majority adopt the system of reception of general and conventional international law and not the system of transformation (the rules of international law are in force in the legal order of these States automatically without losing their international character). And as far as the rights of men are concerned, all the constitutions analysed referred to the protection of these rights (although some with a higher intensity). Therefore, the Angolan State is not out of that context, and has as a gateway to the norms of international law Article 13 of the Constitution (although in the CRA there are more provisions concerning the matter, but this is the main article). In Angola, there is a different between the reception of general or common international law, and the reception of conventional law. The former enters in force automatically (it is enough that they have relevance in the international scope), and the conventional law to enforce the Angolan state depends on some factors and conditions. As far as the hierarchy of rules is concerned, the Angolan Constitution is silent, however, there is no rule or principle of international law that prevents the constituent legislator from assigning, in the domestic legal, the value that it understands of the international commitments that the state organs have assumed. However, the norms of general or common international law are upper norms of domestic law of low constitutional value and in their relationship with the Constitution both are in a relation of parity, and in case of conflict, one can apply the international norm in the concrete case, but the constitutional norm will not be null, it cannot be applied in that case. As far as the conventional international law is concerned, there are not many problems here, they occupy a low constitutional position, but upper legal, so they are low constitutional because the Angolan Constitution provides the focalisation of constitutionality.Mesquita, Maria José Rangel deRepositório da Universidade de LisboaValeriano, Eduardo Dumbo2021-12-14T01:30:19Z2018-12-142018-12-14T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/39797porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:38:44Zoai:repositorio.ul.pt:10451/39797Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:53:36.097291Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv A inserção das normas de direito internacional no ordenamento jurídico angolano
title A inserção das normas de direito internacional no ordenamento jurídico angolano
spellingShingle A inserção das normas de direito internacional no ordenamento jurídico angolano
Valeriano, Eduardo Dumbo
Direito internacional público
Direito interno
Ordenamento jurídico
Responsabilidade internacional
Monismo
Dualismo
Angola
Teses de mestrado - 2018
Direito
title_short A inserção das normas de direito internacional no ordenamento jurídico angolano
title_full A inserção das normas de direito internacional no ordenamento jurídico angolano
title_fullStr A inserção das normas de direito internacional no ordenamento jurídico angolano
title_full_unstemmed A inserção das normas de direito internacional no ordenamento jurídico angolano
title_sort A inserção das normas de direito internacional no ordenamento jurídico angolano
author Valeriano, Eduardo Dumbo
author_facet Valeriano, Eduardo Dumbo
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Mesquita, Maria José Rangel de
Repositório da Universidade de Lisboa
dc.contributor.author.fl_str_mv Valeriano, Eduardo Dumbo
dc.subject.por.fl_str_mv Direito internacional público
Direito interno
Ordenamento jurídico
Responsabilidade internacional
Monismo
Dualismo
Angola
Teses de mestrado - 2018
Direito
topic Direito internacional público
Direito interno
Ordenamento jurídico
Responsabilidade internacional
Monismo
Dualismo
Angola
Teses de mestrado - 2018
Direito
description O presente trabalho é um reflexo da crescente relevância do tema da inserção das normas de direito internacional no ordenamento jurídico angolano. Trata-se aqui de uma pesquisa de base teórica, isto é, a pesquisa foi baseada nos estudos elaborados por diversas correntes doutrinárias sobre o tema, mas concentramo-nos sobretudo no pormenor de autores internacionalistas, embora enumeras vezes lançamos mão a autores constitucionalistas. Na primeira parte, procedemos à análise da evolução das relações entre o direito internacional publico e direito interno com destaque das teorias nascidas no seculo passado (monismo e dualismo), e no geral como é que o direito internacional e direito interno se relacionam. Segue-se, na segunda parte do trabalho, a abordagem de como é que estas normas entram na ordem jurídica angolana, ou seja, de que modo o direito internacional é reconhecido e recebido pelo direito interno, e como é que o direito internacional se articula na hierarquia das fontes de direito interno. Antes de falarmos do sistema consagrado em Angola, primeiro procuramos saber como é que os outros ordenamentos jurídicos tratam a questão, e baseando-se na nossa investigação foi possível chegar a ao seguinte resultado: todos os Estados mencionados fazem menção nas suas constituições de mecanismos que transportam para os seus ordenamentos internos as normas do direito internacional e os respetivos princípios, e a sua maioria adota o sistema de receção do direito internacional geral e convencional e não o sistema de transformação (as normas de direito internacional vigoram na ordem jurídica destes Estados de forma automática sem perderem o seu caracter internacional). E no que concerne aos direitos dos homens, todas as constituições analisadas fazem menção a proteção destes direitos (embora algumas com uma intensidade mais elevados). Portanto, o Estado angolano não ficou de parte, e tem como porta de entrada das normas do direito internacional o artigo 13.º da Constituição (embora na CRA existem mais disposições referentes a matéria, mas este é o artigo principal). Em Angola, é diferente a receção do direito internacional geral ou comum, da receção do direito convencional. As primeiras vigoram automaticamente (basta que tenham relevância no âmbito internacional), e o direito convencional para vigorar o estado angolano depende de alguns fatores e condições. No que tange à hierarquia jurídica das normas, a Constituição angolana é omissa, no entanto, não existe nenhuma regra ou princípio de direito internacional que impeça o legislador constituinte de atribuir, na ordem jurídica interna, o valor que entender dos compromissos internacionais que os órgãos estaduais assumiram. Porém as normas de direito internacional geral ou comum, estão acima das normas de direito interno de valor Infraconstitucional e na sua relação com a Constituição ambas estão numa relação de paridade, e em caso de conflito, pode-se aplicar a norma internacional no caso concreto, mas a norma constitucional não será nula, apenas não poderá ser aplicada naquele caso. Já em relação ao direito internacional convencional, cá não se levantam muitos problemas, estas ocupam uma posição infraconstitucional, mas supralegal, portanto são infraconstitucionais pelo facto de a Constituição angolana prever a fiscalização da constitucionalidade.
publishDate 2018
dc.date.none.fl_str_mv 2018-12-14
2018-12-14T00:00:00Z
2021-12-14T01:30:19Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10451/39797
url http://hdl.handle.net/10451/39797
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799134474335682560