Acompanhar o fim de vida: dilemas éticos dos enfermeiros

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pimenta, Nuno Miguel Pereira
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/20.500.11960/1325
Resumo: Face aos avanços da ciência e da medicina, os profissionais de saúde e nomeadamente os enfermeiros, deparam-se com dilemas éticos no seu quotidiano do cuidar no que se refere à terminalidade da vida. Se por um lado a evolução da medicina permite curar doenças e prolongar a vida, por outro não deixa que a morte aconteça de forma natural. Sabe-se que o direito à vida è inerente a condição de ser Pessoa, conduzindo os enfermeiros a encarar a ultima etapa da vida como algo que não deve acontecer, levantando questões muitas vezes sem resposta, porque efetivamente envolve valores, direitos universais próprias de cada sociedade com a sua cultura e hábitos religiosos e espirituais. Neste sentido, colocou-se a questão de investigação: Quais os dilemas éticos que se colocam aos enfermeiros no cuidar do doente terminal numa unidade de cuidados paliativos da região norte? Tendo como objetivo geral: conhecer os dilemas éticos que se colocam aos Enfermeiros quando cuidam o doente terminal em unidades de cuidados paliativos da região Norte com a intencionalidade de contribuir para processos de mudança e melhoria da qualidade de cuidados. Estudo qualitativo, exploratório descritivo; recolha de dados: entrevista semiestruturada. Participantes: enfermeiros de uma unidade de cuidados paliativos do norte do país. Efetuada análise de conteúdo segundo o referencial de Bardin (2011). O estudo respeitou o princípio ético moral. Verificamos que os cuidados prestados pelos enfermeiros ao doente terminal se situam a vários níveis: assegurar as funções fisiológicas; o controlo de sintomas; os aspetos psicológicos, espirituais e comunicacionais e promover a distração. Os resultados obtidos evidenciam ainda, que os enfermeiros se questionam perante a terminalidade da vida: Eu devo sedar o doente? O doente tem direito à tomada de decisão sobre a própria morte? Eu devo respeitar o testamento vital? As estratégias adotadas por eles na gestão dos dilemas éticos perante o doente terminal situam-se fundamentalmente em ser Advogado do doente; Manter a confidencialidade da informação; Estabelecer uma comunicação interpessoal; Respeitar os valores de cada doente. Salientam que os seus dilemas se relacionam com o lidar com o sofrimento; com as emoções e sentimentos da família; com a conspiração do silêncio; com as divergênciasentre as diferentes abordagens profissionais; com o desrespeito da dignidade humana e com o desrespeito á autodeterminação do doente Destacam o modelo biomédico; insuficiência de recursos humanos; défice de trabalho em equipa; défice de autonomia na tomada de decisão como aspetos potenciadores do desenvolvimento de dilemas éticos. Alguns dos enfermeiros consideram que o doente tem direito à tomada de decisão sobre a própria morte, entendem ser ético encurtar a vida em situações de sofrimento intolerável. No que se refere ao testamento vital também não é consensual a sua opinião, para alguns é um documento importante para a prática clínica, para outros não tem importância. Verificamos, que os enfermeiros à medida que desenvolvem as suas capacidades de intervenção, mais dificuldades enfrentam na tomada de decisão, pois aproximam-se cada vez mais das situações limite, o que por vezes se torna difícil, pela atitude paternalista que adotam. É necessário humanizar o processo de morrer.
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Neste sentido, colocou-se a questão de investigação: Quais os dilemas éticos que se colocam aos enfermeiros no cuidar do doente terminal numa unidade de cuidados paliativos da região norte? Tendo como objetivo geral: conhecer os dilemas éticos que se colocam aos Enfermeiros quando cuidam o doente terminal em unidades de cuidados paliativos da região Norte com a intencionalidade de contribuir para processos de mudança e melhoria da qualidade de cuidados. Estudo qualitativo, exploratório descritivo; recolha de dados: entrevista semiestruturada. Participantes: enfermeiros de uma unidade de cuidados paliativos do norte do país. Efetuada análise de conteúdo segundo o referencial de Bardin (2011). O estudo respeitou o princípio ético moral. Verificamos que os cuidados prestados pelos enfermeiros ao doente terminal se situam a vários níveis: assegurar as funções fisiológicas; o controlo de sintomas; os aspetos psicológicos, espirituais e comunicacionais e promover a distração. Os resultados obtidos evidenciam ainda, que os enfermeiros se questionam perante a terminalidade da vida: Eu devo sedar o doente? O doente tem direito à tomada de decisão sobre a própria morte? Eu devo respeitar o testamento vital? As estratégias adotadas por eles na gestão dos dilemas éticos perante o doente terminal situam-se fundamentalmente em ser Advogado do doente; Manter a confidencialidade da informação; Estabelecer uma comunicação interpessoal; Respeitar os valores de cada doente. Salientam que os seus dilemas se relacionam com o lidar com o sofrimento; com as emoções e sentimentos da família; com a conspiração do silêncio; com as divergênciasentre as diferentes abordagens profissionais; com o desrespeito da dignidade humana e com o desrespeito á autodeterminação do doente Destacam o modelo biomédico; insuficiência de recursos humanos; défice de trabalho em equipa; défice de autonomia na tomada de decisão como aspetos potenciadores do desenvolvimento de dilemas éticos. Alguns dos enfermeiros consideram que o doente tem direito à tomada de decisão sobre a própria morte, entendem ser ético encurtar a vida em situações de sofrimento intolerável. No que se refere ao testamento vital também não é consensual a sua opinião, para alguns é um documento importante para a prática clínica, para outros não tem importância. Verificamos, que os enfermeiros à medida que desenvolvem as suas capacidades de intervenção, mais dificuldades enfrentam na tomada de decisão, pois aproximam-se cada vez mais das situações limite, o que por vezes se torna difícil, pela atitude paternalista que adotam. É necessário humanizar o processo de morrer.Due to scientific and medical progress, health care professionals, namely nurses, in their everyday care,find themselves confronted with ethical dilemmas surrounding the finitude of life. If, on one hand, medical evolution has made it possible to cure diseases and extend life, on the other it forestalls death from its natural course. It is known that the right to life is intrinsic to the human condition, leaving nurses to face the last chapter of life as one that should not exist,raising questions that often have no answer, because it does, undeniably, involve values, universal rights set on each society's culture,religious and spiritual habits. In this regard, the following research question arose: What ethical dilemmas do nurses, who care for terminal patients in a palliative care facility in the north region, face? The aim was: to realize the ethical dilemmas that nurses are challenged by when caring for terminal patients in palliative care facilities in the north region, with the intention of further contributing to change processes and quality of care improvement. Qualitative, descriptive and exploratory study; data collection: semi-structured interview. Participants: nurses working in a palliative care facility in the north region of the country. content analysis from the Bardin referential (2011). Moral ethical issues were respected. It was found that the care nurses provide for terminal patients, lie on various levels: ensuring physiologic functions; symptom management; psychological, spiritual and communication aspects as well as promotion of distraction. The results obtained also emphasize that nurses question themselves in face of the finitude of life: Should I sedate the patient? Does the patient have the right to end-of-life decision-making? Should I respect the living will? In face of a terminal patient, the strategies adopted by these nurses when managing ethical dilemmas, are fundamentally being the Patient´s advocate; Guaranteeing information confidentiality; Establishing interpersonal communication; Respect for every patient´s values. They underline that the dilemmas they face are related with the handling of suffering; with the family´s feelings and emotions; with the conspiracy of silence; with thedifference of professional approaches; with the disrespect for human dignity and disrespect for patient self-determination. They point out the biomedical model of health; insufficient human resources; deficient teamwork and lacking of decision-making autonomy as enhancing aspects in the development of ethical dilemmas. Some nurses consider that the patient is entitled to the right of decision-making regarding its own death, as well as consider it ethical to shorten life in case of unbearable suffering. Their opinion regarding the living will is not consensual, for some, it is an important document for clinical practice ,while for others, it is not. It was found that as nurses develop their intervention capacities they face more difficulties in decision-making, for they come more and more close to extreme situations,which proves to be sometimes demanding, due to the paternalistic attitude that they assume. It is imperative to humanize the dying process2015-07-31T11:48:49Z2015-07-28T00:00:00Z2015-07-28info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/20.500.11960/1325TID:201136848porPimenta, Nuno Miguel Pereirainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-03-21T14:40:28Zoai:repositorio.ipvc.pt:20.500.11960/1325Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T17:44:10.732510Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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