Sofrimento experiênciado pelo enfermeiro quando cuida o doente em fim de vida com dor não controlada
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/20.500.11960/1237 |
Resumo: | A singularidade e individualidade da pessoa fazem com que a relação que o homem tem com a sua dor e sofrimento seja única e, que essa experiência seja vivida de uma forma muito particular. Os processos e a intervenção de enfermagem para o alívio do sofrimento, desenvolve-se através de um processo de acompanhamento inter-relacional, dinâmico, integral e sistemático, numa relação de proximidade, da qual pode resultar no enfermeiro sofrimento, seja ele enunciado ou não, provocando “incómodo” aos cuidadores. Assim, estes adotam mecanismos de defesa como: “fuga” de cuidar daquele doente que se encontra em fim de vida e com dor não controlada, evitamento de situações constrangedoras que o fim de vida coloca, evitamento das problemáticas familiares e transmissão de más notícias, entre outros. Nestes profissionais é frequente o esgotamento físico e mental, podendo ocorrer conflitos internos, com repercussões no processo de cuidar, que envolve indiscutivelmente uma dimensão holística. Verificando-se no quotidiano da prática clínica que as intervenções dos enfermeiros influenciam a forma como o doente em fim de vida vive esta etapa, surgiu a questão de investigação: Que sofrimento experienciam os enfermeiros, que cuidam o doente em fim de vida, com dor não controlada? Com o objetivo de conhecer o sofrimento experienciado pelos enfermeiros que cuidam do doente em fim de vida com dor não controlada, de forma a contribuir para o desenvolvimento de estratégias para o alívio do sofrimento do enfermeiro, e consequentemente oferecer um final de vida digno ao doente e família, que vivenciam esta etapa. Estudo de natureza qualitativa, um estudo de caso. Recorreu-se à entrevista semiestruturada para a recolha de dados, realizado a enfermeiros de um serviço de medicina de um hospital de agudos do Norte, obedecendo às questões éticas inerentes a qualquer estudo científico. Os dados obtidos foram submetidos a análise de conteúdo segundo Bardin (2011). Resultados: Um dos sofrimentos experienciados pelos enfermeiros prende-se com o conceito que possuem de fim de vida, quer pela subjetividade do conceito, quer pela multidimensionalidade de sintomas que o doente apresenta. Entendem ter deficits na formação em cuidados paliativos, prestando maioritariamente intervenções paliativas, intervenções promotoras de conforto, intervenções promotoras do acompanhamento da família, embora o reconheçam deficitário. Admitindo que estas intervenções não se revelam suficientes para preservar a qualidade de vida do doente, expressam o seu sofrimento através de um misto de sentimentos: raiva, angústia, pena, revolta, impotência, tristeza, ansiedade, distanciamento. Desta forma, adotam várias estratégias de coping que se estendem desde o encorajamento, a alegria, disponibilidade, afetividade, partilha de experiências, verbalização das suas emoções, procura de apoio afetivo no seio familiar, até ao evitamento e fuga. Salientam como fundamental para minimizar o seu sofrimento, o acompanhamento por um psicólogo. Realçam como fatores potenciadores do seu sofrimento: a falta de trabalho em equipa, a falta de autonomia e a falta de sensibilização pela equipa médica para os cuidados paliativos. Conclusão: Os enfermeiros ao confrontarem-se com o seu sofrimento, apelam para a necessidade de formação em cuidados paliativos, formação e sensibilização da equipa médica para a filosofia do cuidar, existência de protocolos de analgesia, maior autonomia, maior circuito de informação e partilha entre a equipa de saúde, existência de espaços de reflexão, olhar o doente em fim de vida com dor não controlada, e família como parceiros no cuidar. Ficou demonstrado pelo estudo que os enfermeiros apelam para uma mudança da cultura social da morte e do morrer. |
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Sofrimento experiênciado pelo enfermeiro quando cuida o doente em fim de vida com dor não controladaSofrimento do enfermeiroDoente em fim de vidaDor não controladaSuffering of nursesPatient in end of lifePain not controlledA singularidade e individualidade da pessoa fazem com que a relação que o homem tem com a sua dor e sofrimento seja única e, que essa experiência seja vivida de uma forma muito particular. Os processos e a intervenção de enfermagem para o alívio do sofrimento, desenvolve-se através de um processo de acompanhamento inter-relacional, dinâmico, integral e sistemático, numa relação de proximidade, da qual pode resultar no enfermeiro sofrimento, seja ele enunciado ou não, provocando “incómodo” aos cuidadores. Assim, estes adotam mecanismos de defesa como: “fuga” de cuidar daquele doente que se encontra em fim de vida e com dor não controlada, evitamento de situações constrangedoras que o fim de vida coloca, evitamento das problemáticas familiares e transmissão de más notícias, entre outros. Nestes profissionais é frequente o esgotamento físico e mental, podendo ocorrer conflitos internos, com repercussões no processo de cuidar, que envolve indiscutivelmente uma dimensão holística. Verificando-se no quotidiano da prática clínica que as intervenções dos enfermeiros influenciam a forma como o doente em fim de vida vive esta etapa, surgiu a questão de investigação: Que sofrimento experienciam os enfermeiros, que cuidam o doente em fim de vida, com dor não controlada? Com o objetivo de conhecer o sofrimento experienciado pelos enfermeiros que cuidam do doente em fim de vida com dor não controlada, de forma a contribuir para o desenvolvimento de estratégias para o alívio do sofrimento do enfermeiro, e consequentemente oferecer um final de vida digno ao doente e família, que vivenciam esta etapa. Estudo de natureza qualitativa, um estudo de caso. Recorreu-se à entrevista semiestruturada para a recolha de dados, realizado a enfermeiros de um serviço de medicina de um hospital de agudos do Norte, obedecendo às questões éticas inerentes a qualquer estudo científico. Os dados obtidos foram submetidos a análise de conteúdo segundo Bardin (2011). Resultados: Um dos sofrimentos experienciados pelos enfermeiros prende-se com o conceito que possuem de fim de vida, quer pela subjetividade do conceito, quer pela multidimensionalidade de sintomas que o doente apresenta. Entendem ter deficits na formação em cuidados paliativos, prestando maioritariamente intervenções paliativas, intervenções promotoras de conforto, intervenções promotoras do acompanhamento da família, embora o reconheçam deficitário. Admitindo que estas intervenções não se revelam suficientes para preservar a qualidade de vida do doente, expressam o seu sofrimento através de um misto de sentimentos: raiva, angústia, pena, revolta, impotência, tristeza, ansiedade, distanciamento. Desta forma, adotam várias estratégias de coping que se estendem desde o encorajamento, a alegria, disponibilidade, afetividade, partilha de experiências, verbalização das suas emoções, procura de apoio afetivo no seio familiar, até ao evitamento e fuga. Salientam como fundamental para minimizar o seu sofrimento, o acompanhamento por um psicólogo. Realçam como fatores potenciadores do seu sofrimento: a falta de trabalho em equipa, a falta de autonomia e a falta de sensibilização pela equipa médica para os cuidados paliativos. Conclusão: Os enfermeiros ao confrontarem-se com o seu sofrimento, apelam para a necessidade de formação em cuidados paliativos, formação e sensibilização da equipa médica para a filosofia do cuidar, existência de protocolos de analgesia, maior autonomia, maior circuito de informação e partilha entre a equipa de saúde, existência de espaços de reflexão, olhar o doente em fim de vida com dor não controlada, e família como parceiros no cuidar. Ficou demonstrado pelo estudo que os enfermeiros apelam para uma mudança da cultura social da morte e do morrer.The uniqueness and individuality of the person make the relationship that man has with his pain and suffering becomes unique, and that it will be lived in a very particular way . Processes and nursing intervention for the relief of suffering , develop through a process of inter - relational, dynamic , comprehensive and systematic monitoring , a relationship of proximity, and that can result in nurse suffering; it can be stated or not but causes "discomfort " to caregivers. Thus , they adopt defense mechanisms such as: "run away " of taking care of that patient, who is at end of life and with uncontrolled pain, avoiding embarrassing situations that the end of life presents, avoiding family problems and communicating bad news, among others. In these professionals, it is common the physical and mental exhaustion, the occurrence of internal conflicts with repercussions in the care process, which undoubtedly involves a holistic dimension . When we check up into everyday clinical practice that the nursing interventions influence how the patient in the end of his life lives this life stage, the following research question emerged: What kind of suffering experience do these special group of nurses experience? The main goals, knowing the suffering experienced by nurses who care for the patient at end of life with uncontrolled pain, are giving a contribution to the development of strategies to relieve the suffering of the nurse, and therefore offer a dignified end of life for the patient and family that experiences this step . Qualitative study, a case study. It was made a semi-structured interview in order to gather data from nurses of a service of medicine from a hospital in the North, obeying to ethical issues inherent in any scientific study. The data were submitted to content analysis according to Bardin (2011 ). Results: One of the sufferings of nurses relates to the concept that they have about end of life , either by the subjectivity of the concept , either by the multidimensionality of symptoms that the patient presents. They believe they have deficits of training in palliative care, mainly providing palliative interventions, interventions promoting comfort, interventions promoting family care (they find it was not enough). Assuming that these interventions reveal to be insufficient to preserve the quality of life of patients express their suffering through a mixture of feelings: anger, anguish, pity, anger, helplessness, sadness, anxiety, detachment. Thus, they adopt various coping strategies that go from the encouragement, joy, availability, affection, sharing of experiences, verbalization of emotions, seeking emotional support within the family, to the avoidance and escape. They emphasize as critical to minimize their suffering, the personal monitoring by a psychologist. They highlight as factors which potentiate their suffering: the lack of teamwork, of autonomy and of awareness by the medical team for palliative care . Conclusion: When the nurses are faced with their suffering, they appeal to the need for training in palliative care, education and awareness of the medical team to the philosophy of care, availability of analgesia protocols, greater autonomy, greater sharing and circling of information among the healthcare team. They also appeal to the existence of spaces for reflection, looking at the patient end of life with uncontrolled pain, and family as partners in care. Finally it was demonstrated by the study, that nurses call for a change in the social culture related to death and the act of dying.2015-01-12T15:05:09Z2014-12-19T00:00:00Z2014-12-19info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/20.500.11960/1237TID:201136341porViana, Aurora Maria Martinsinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-03-21T14:37:15Zoai:repositorio.ipvc.pt:20.500.11960/1237Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T17:43:40.154142Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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