EDITORIAL
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2017 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://doi.org/10.25746/ruiips.v5.i3.14521 |
Resumo: | Neste número temático organizámos um conjunto de artigos que resultaram da compilação de algumas das Dissertações de Mestrado já defendidas no Mestrado em Educação Social e Intervenção Comunitária (MESIC) da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém. Pela sua natureza, o âmbito a que respeitam estes artigos é o chamado Terceiro Setor, assim designado nos países anglo-saxónicos ou Economia Solidária, conceito mais empregue na Europa. Trata-se, pela sua imensa amplitude de intervenção, de um campo vasto onde convergem, sob um mesmo nome e utilizando metodologias próximas, um não menos vasto campo teórico que, consoante as diferentes proveniências, mais ligadas à pedagogia, à sociologia, à antropologia ou à psicologia, propendem para modelos de intervenção e propostas metodológicas de ação com as convergências referidas mas, também, com uma imensa diversidade extensamente descrita na literatura da especialidade. Mas a referida diversidade resulta ainda —e, pelo menos em parte, explica as múltiplas óticas ora mencionadas—, dos diferentes públicos-alvo com os quais se trabalha e com a diversidade de problemáticas a cada um deles adstrita. Tendencialmente, esta diversidade surge atualmente agrupada em cinco grandes áreas de intervenção ou campos de ação – Adultos e Idosos, Problemáticas ligadas às crianças e jovens e aos comportamentos de risco; Contextos Educativos (novas abordagens educativas, de natureza não formal, para minorias e contextos sociais degradados; violência em meio escolar e Bullying, etc.); Inclusão Social (imigrantes, minorias étnicas e outras) e Gestão das Organizações Sociais. Como consequência, essas acabam por ser as grandes áreas em torno das quais se estrutura o referido Mestrado em Educação Social e Intervenção Comunitária e, assim, os artigos que se seguirão surgirão organizados segundo esses campos. Na verdade, essas grandes áreas não constituem campos independentes e estanques entre si; pelo contrário, elas estão necessariamente ligadas possuindo inúmeras interseções entre si. Desde logo, elas são, no geral, perpassadas transversalmente -ainda que de uma forma esfumada, sub-reptícia ou, até, etérea-, pelo conceito de inclusão/exclusão social, determinando que a base dos processos de intervenção socioeducativa subjacentes à Educação Social se focalize na procura do empowerment de grupos populacionais mais fragilizados tendo em conta a disponibilidade relativa de determinados recursos ou capacidades. Assim, por exemplo, se, para alguns grupos, a elevação da idade pode constituir um critério para a exclusão social numa sociedade fortemente assente sobre o primado da eficácia, da eficiência e da produtividade físicas, para outros poderão ser os deficits culturais (medidos a diversos níveis) que poderão concorrer para esse fim. De igual modo, para outros grupos, ainda, essa exclusão social poderá decorrer da pertença a minorias (étnicas, por orientação de género, religiosas, etc.); in extremis a exclusão social materializar-se-á na privação da liberdade decorrente da violação, pelos mais diversos caminhos, das normas sociais. Desta forma, ao Técnico Superior em Educação Social cabe sempre, em última instância, fomentar o envolvimento ativo desses grupos de pessoas em projetos que, apoiando-se nos seus próprios recursos, mobilizando a sua participação plena e mediante o apelo a redes organizadas de respostas sociais, se estabeleça como meta conseguir uma melhoria das suas condições de vida. Assim, é então tão válido, em termos do conceito de inclusão social, reconfigurar a conceção de vida de um idoso como alguém que já não tem utilidade no sistema produtivo contrapondo-lhe o conceito de envelhecimento ativo; como, para um toxicodependente cronicamente estigmatizado pela sua adição a uma ou mais substâncias psicoativas, a contraposição dos conceitos de redução de danos e/ou a minimização de riscos decorrentes da referida adição a uma substância psicoativa, permitindo-lhe viver com a sua adição mais como uma contingência variável do que como uma impossibilidade total; paralelamente, ainda tendo por base esse mesmo conceito de inclusão social, reconfigurar a imagem, e as consequências que dela resultam, do indivíduo recluso como alguém cronicamente excluído pelo estigma de presidiário para alguém que, através de respostas sociais adequadas, pode voltar a ter um lugar válido na sociedade Em ambos os casos, o que se procura alcançar é uma reconfiguração do autoconceito do indivíduo, lado a lado com uma tentativa de diminuir alguma da estigmatização social associada a essas circunstâncias de vida, na senda da melhoria das condições de vida dessas pessoas, respeitando a sua natureza idiossincrática e os condicionalismos decorrentes do seu contexto. Públicos diferentes com problemas diversos aos quais o Educador Social procura responder diferentemente, mas sempre na senda da sua maior inclusão, ou menor exclusão social. |
id |
RCAP_35d858dab1881883adceb091371ab969 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/14521 |
network_acronym_str |
RCAP |
network_name_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository_id_str |
7160 |
spelling |
EDITORIALArtigosNeste número temático organizámos um conjunto de artigos que resultaram da compilação de algumas das Dissertações de Mestrado já defendidas no Mestrado em Educação Social e Intervenção Comunitária (MESIC) da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém. Pela sua natureza, o âmbito a que respeitam estes artigos é o chamado Terceiro Setor, assim designado nos países anglo-saxónicos ou Economia Solidária, conceito mais empregue na Europa. Trata-se, pela sua imensa amplitude de intervenção, de um campo vasto onde convergem, sob um mesmo nome e utilizando metodologias próximas, um não menos vasto campo teórico que, consoante as diferentes proveniências, mais ligadas à pedagogia, à sociologia, à antropologia ou à psicologia, propendem para modelos de intervenção e propostas metodológicas de ação com as convergências referidas mas, também, com uma imensa diversidade extensamente descrita na literatura da especialidade. Mas a referida diversidade resulta ainda —e, pelo menos em parte, explica as múltiplas óticas ora mencionadas—, dos diferentes públicos-alvo com os quais se trabalha e com a diversidade de problemáticas a cada um deles adstrita. Tendencialmente, esta diversidade surge atualmente agrupada em cinco grandes áreas de intervenção ou campos de ação – Adultos e Idosos, Problemáticas ligadas às crianças e jovens e aos comportamentos de risco; Contextos Educativos (novas abordagens educativas, de natureza não formal, para minorias e contextos sociais degradados; violência em meio escolar e Bullying, etc.); Inclusão Social (imigrantes, minorias étnicas e outras) e Gestão das Organizações Sociais. Como consequência, essas acabam por ser as grandes áreas em torno das quais se estrutura o referido Mestrado em Educação Social e Intervenção Comunitária e, assim, os artigos que se seguirão surgirão organizados segundo esses campos. Na verdade, essas grandes áreas não constituem campos independentes e estanques entre si; pelo contrário, elas estão necessariamente ligadas possuindo inúmeras interseções entre si. Desde logo, elas são, no geral, perpassadas transversalmente -ainda que de uma forma esfumada, sub-reptícia ou, até, etérea-, pelo conceito de inclusão/exclusão social, determinando que a base dos processos de intervenção socioeducativa subjacentes à Educação Social se focalize na procura do empowerment de grupos populacionais mais fragilizados tendo em conta a disponibilidade relativa de determinados recursos ou capacidades. Assim, por exemplo, se, para alguns grupos, a elevação da idade pode constituir um critério para a exclusão social numa sociedade fortemente assente sobre o primado da eficácia, da eficiência e da produtividade físicas, para outros poderão ser os deficits culturais (medidos a diversos níveis) que poderão concorrer para esse fim. De igual modo, para outros grupos, ainda, essa exclusão social poderá decorrer da pertença a minorias (étnicas, por orientação de género, religiosas, etc.); in extremis a exclusão social materializar-se-á na privação da liberdade decorrente da violação, pelos mais diversos caminhos, das normas sociais. Desta forma, ao Técnico Superior em Educação Social cabe sempre, em última instância, fomentar o envolvimento ativo desses grupos de pessoas em projetos que, apoiando-se nos seus próprios recursos, mobilizando a sua participação plena e mediante o apelo a redes organizadas de respostas sociais, se estabeleça como meta conseguir uma melhoria das suas condições de vida. Assim, é então tão válido, em termos do conceito de inclusão social, reconfigurar a conceção de vida de um idoso como alguém que já não tem utilidade no sistema produtivo contrapondo-lhe o conceito de envelhecimento ativo; como, para um toxicodependente cronicamente estigmatizado pela sua adição a uma ou mais substâncias psicoativas, a contraposição dos conceitos de redução de danos e/ou a minimização de riscos decorrentes da referida adição a uma substância psicoativa, permitindo-lhe viver com a sua adição mais como uma contingência variável do que como uma impossibilidade total; paralelamente, ainda tendo por base esse mesmo conceito de inclusão social, reconfigurar a imagem, e as consequências que dela resultam, do indivíduo recluso como alguém cronicamente excluído pelo estigma de presidiário para alguém que, através de respostas sociais adequadas, pode voltar a ter um lugar válido na sociedade Em ambos os casos, o que se procura alcançar é uma reconfiguração do autoconceito do indivíduo, lado a lado com uma tentativa de diminuir alguma da estigmatização social associada a essas circunstâncias de vida, na senda da melhoria das condições de vida dessas pessoas, respeitando a sua natureza idiossincrática e os condicionalismos decorrentes do seu contexto. Públicos diferentes com problemas diversos aos quais o Educador Social procura responder diferentemente, mas sempre na senda da sua maior inclusão, ou menor exclusão social.Research Unit of Polytechnic Institute of Santarém2017-12-04T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.25746/ruiips.v5.i3.14521por2182-9608Dias, Paulo CoelhoSilva, Maria Cristina Madeirainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-09-22T17:11:32Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/14521Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T16:01:59.873825Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
dc.title.none.fl_str_mv |
EDITORIAL |
title |
EDITORIAL |
spellingShingle |
EDITORIAL Dias, Paulo Coelho Artigos |
title_short |
EDITORIAL |
title_full |
EDITORIAL |
title_fullStr |
EDITORIAL |
title_full_unstemmed |
EDITORIAL |
title_sort |
EDITORIAL |
author |
Dias, Paulo Coelho |
author_facet |
Dias, Paulo Coelho Silva, Maria Cristina Madeira |
author_role |
author |
author2 |
Silva, Maria Cristina Madeira |
author2_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Dias, Paulo Coelho Silva, Maria Cristina Madeira |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Artigos |
topic |
Artigos |
description |
Neste número temático organizámos um conjunto de artigos que resultaram da compilação de algumas das Dissertações de Mestrado já defendidas no Mestrado em Educação Social e Intervenção Comunitária (MESIC) da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém. Pela sua natureza, o âmbito a que respeitam estes artigos é o chamado Terceiro Setor, assim designado nos países anglo-saxónicos ou Economia Solidária, conceito mais empregue na Europa. Trata-se, pela sua imensa amplitude de intervenção, de um campo vasto onde convergem, sob um mesmo nome e utilizando metodologias próximas, um não menos vasto campo teórico que, consoante as diferentes proveniências, mais ligadas à pedagogia, à sociologia, à antropologia ou à psicologia, propendem para modelos de intervenção e propostas metodológicas de ação com as convergências referidas mas, também, com uma imensa diversidade extensamente descrita na literatura da especialidade. Mas a referida diversidade resulta ainda —e, pelo menos em parte, explica as múltiplas óticas ora mencionadas—, dos diferentes públicos-alvo com os quais se trabalha e com a diversidade de problemáticas a cada um deles adstrita. Tendencialmente, esta diversidade surge atualmente agrupada em cinco grandes áreas de intervenção ou campos de ação – Adultos e Idosos, Problemáticas ligadas às crianças e jovens e aos comportamentos de risco; Contextos Educativos (novas abordagens educativas, de natureza não formal, para minorias e contextos sociais degradados; violência em meio escolar e Bullying, etc.); Inclusão Social (imigrantes, minorias étnicas e outras) e Gestão das Organizações Sociais. Como consequência, essas acabam por ser as grandes áreas em torno das quais se estrutura o referido Mestrado em Educação Social e Intervenção Comunitária e, assim, os artigos que se seguirão surgirão organizados segundo esses campos. Na verdade, essas grandes áreas não constituem campos independentes e estanques entre si; pelo contrário, elas estão necessariamente ligadas possuindo inúmeras interseções entre si. Desde logo, elas são, no geral, perpassadas transversalmente -ainda que de uma forma esfumada, sub-reptícia ou, até, etérea-, pelo conceito de inclusão/exclusão social, determinando que a base dos processos de intervenção socioeducativa subjacentes à Educação Social se focalize na procura do empowerment de grupos populacionais mais fragilizados tendo em conta a disponibilidade relativa de determinados recursos ou capacidades. Assim, por exemplo, se, para alguns grupos, a elevação da idade pode constituir um critério para a exclusão social numa sociedade fortemente assente sobre o primado da eficácia, da eficiência e da produtividade físicas, para outros poderão ser os deficits culturais (medidos a diversos níveis) que poderão concorrer para esse fim. De igual modo, para outros grupos, ainda, essa exclusão social poderá decorrer da pertença a minorias (étnicas, por orientação de género, religiosas, etc.); in extremis a exclusão social materializar-se-á na privação da liberdade decorrente da violação, pelos mais diversos caminhos, das normas sociais. Desta forma, ao Técnico Superior em Educação Social cabe sempre, em última instância, fomentar o envolvimento ativo desses grupos de pessoas em projetos que, apoiando-se nos seus próprios recursos, mobilizando a sua participação plena e mediante o apelo a redes organizadas de respostas sociais, se estabeleça como meta conseguir uma melhoria das suas condições de vida. Assim, é então tão válido, em termos do conceito de inclusão social, reconfigurar a conceção de vida de um idoso como alguém que já não tem utilidade no sistema produtivo contrapondo-lhe o conceito de envelhecimento ativo; como, para um toxicodependente cronicamente estigmatizado pela sua adição a uma ou mais substâncias psicoativas, a contraposição dos conceitos de redução de danos e/ou a minimização de riscos decorrentes da referida adição a uma substância psicoativa, permitindo-lhe viver com a sua adição mais como uma contingência variável do que como uma impossibilidade total; paralelamente, ainda tendo por base esse mesmo conceito de inclusão social, reconfigurar a imagem, e as consequências que dela resultam, do indivíduo recluso como alguém cronicamente excluído pelo estigma de presidiário para alguém que, através de respostas sociais adequadas, pode voltar a ter um lugar válido na sociedade Em ambos os casos, o que se procura alcançar é uma reconfiguração do autoconceito do indivíduo, lado a lado com uma tentativa de diminuir alguma da estigmatização social associada a essas circunstâncias de vida, na senda da melhoria das condições de vida dessas pessoas, respeitando a sua natureza idiossincrática e os condicionalismos decorrentes do seu contexto. Públicos diferentes com problemas diversos aos quais o Educador Social procura responder diferentemente, mas sempre na senda da sua maior inclusão, ou menor exclusão social. |
publishDate |
2017 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2017-12-04T00:00:00Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://doi.org/10.25746/ruiips.v5.i3.14521 |
url |
https://doi.org/10.25746/ruiips.v5.i3.14521 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
2182-9608 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Research Unit of Polytechnic Institute of Santarém |
publisher.none.fl_str_mv |
Research Unit of Polytechnic Institute of Santarém |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação instacron:RCAAP |
instname_str |
Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
instacron_str |
RCAAP |
institution |
RCAAP |
reponame_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
collection |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1799130485021999104 |