EDITORIAL

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Dias, Paulo Coelho
Data de Publicação: 2017
Outros Autores: Silva, Maria Cristina Madeira
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.25746/ruiips.v5.i3.14521
Resumo: Neste número temático organizámos um conjunto de artigos que resultaram da compilação de algumas das Dissertações de Mestrado já defendidas no Mestrado em Educação Social e Intervenção Comunitária (MESIC) da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém. Pela sua natureza, o âmbito a que respeitam estes artigos é o chamado Terceiro Setor, assim designado nos países anglo-saxónicos ou Economia Solidária, conceito mais empregue na Europa. Trata-se, pela sua imensa amplitude de intervenção, de um campo vasto onde convergem, sob um mesmo nome e utilizando metodologias próximas, um não menos vasto campo teórico que, consoante as diferentes proveniências, mais ligadas à pedagogia, à sociologia, à antropologia ou à psicologia, propendem para modelos de intervenção e propostas metodológicas de ação com as convergências referidas mas, também, com uma imensa diversidade extensamente descrita na literatura da especialidade. Mas a referida diversidade resulta ainda —e, pelo menos em parte, explica as múltiplas óticas ora mencionadas—, dos diferentes públicos-alvo com os quais se trabalha e com a diversidade de problemáticas a cada um deles adstrita. Tendencialmente, esta diversidade surge atualmente agrupada em cinco grandes áreas de intervenção ou campos de ação – Adultos e Idosos, Problemáticas ligadas às crianças e jovens e aos comportamentos de risco; Contextos Educativos (novas abordagens educativas, de natureza não formal, para minorias e contextos sociais degradados; violência em meio escolar e Bullying, etc.); Inclusão Social (imigrantes, minorias étnicas e outras) e Gestão das Organizações Sociais. Como consequência, essas acabam por ser as grandes áreas em torno das quais se estrutura o referido Mestrado em Educação Social e Intervenção Comunitária e, assim, os artigos que se seguirão surgirão organizados segundo esses campos. Na verdade, essas grandes áreas não constituem campos independentes e estanques entre si; pelo contrário, elas estão necessariamente ligadas possuindo inúmeras interseções entre si. Desde logo, elas são, no geral, perpassadas transversalmente -ainda que de uma forma esfumada, sub-reptícia ou, até, etérea-, pelo conceito de inclusão/exclusão social, determinando que a base dos processos de intervenção socioeducativa subjacentes à Educação Social se focalize na procura do empowerment de grupos populacionais mais fragilizados tendo em conta a disponibilidade relativa de determinados recursos ou capacidades. Assim, por exemplo, se, para alguns grupos, a elevação da idade pode constituir um critério para a exclusão social numa sociedade fortemente assente sobre o primado da eficácia, da eficiência e da produtividade físicas, para outros poderão ser os deficits culturais (medidos a diversos níveis) que poderão concorrer para esse fim. De igual modo, para outros grupos, ainda, essa exclusão social poderá decorrer da pertença a minorias (étnicas, por orientação de género, religiosas, etc.); in extremis a exclusão social materializar-se-á na privação da liberdade decorrente da violação, pelos mais diversos caminhos, das normas sociais. Desta forma, ao Técnico Superior em Educação Social cabe sempre, em última instância, fomentar o envolvimento ativo desses grupos de pessoas em projetos que, apoiando-se nos seus próprios recursos, mobilizando a sua participação plena e mediante o apelo a redes organizadas de respostas sociais, se estabeleça como meta conseguir uma melhoria das suas condições de vida. Assim, é então tão válido, em termos do conceito de inclusão social, reconfigurar a conceção de vida de um idoso como alguém que já não tem utilidade no sistema produtivo contrapondo-lhe o conceito de envelhecimento ativo; como, para um toxicodependente cronicamente estigmatizado pela sua adição a uma ou mais substâncias psicoativas, a contraposição dos conceitos de redução de danos e/ou a minimização de riscos decorrentes da referida adição a uma substância psicoativa, permitindo-lhe viver com a sua adição mais como uma contingência variável do que como uma impossibilidade total; paralelamente, ainda tendo por base esse mesmo conceito de inclusão social, reconfigurar a imagem, e as consequências que dela resultam, do indivíduo recluso como alguém cronicamente excluído pelo estigma de presidiário para alguém que, através de respostas sociais adequadas, pode voltar a ter um lugar válido na sociedade Em ambos os casos, o que se procura alcançar é uma reconfiguração do autoconceito do indivíduo, lado a lado com uma tentativa de diminuir alguma da estigmatização social associada a essas circunstâncias de vida, na senda da melhoria das condições de vida dessas pessoas, respeitando a sua natureza idiossincrática e os condicionalismos decorrentes do seu contexto. Públicos diferentes com problemas diversos aos quais o Educador Social procura responder diferentemente, mas sempre na senda da sua maior inclusão, ou menor exclusão social.
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Mas a referida diversidade resulta ainda —e, pelo menos em parte, explica as múltiplas óticas ora mencionadas—, dos diferentes públicos-alvo com os quais se trabalha e com a diversidade de problemáticas a cada um deles adstrita. Tendencialmente, esta diversidade surge atualmente agrupada em cinco grandes áreas de intervenção ou campos de ação – Adultos e Idosos, Problemáticas ligadas às crianças e jovens e aos comportamentos de risco; Contextos Educativos (novas abordagens educativas, de natureza não formal, para minorias e contextos sociais degradados; violência em meio escolar e Bullying, etc.); Inclusão Social (imigrantes, minorias étnicas e outras) e Gestão das Organizações Sociais. Como consequência, essas acabam por ser as grandes áreas em torno das quais se estrutura o referido Mestrado em Educação Social e Intervenção Comunitária e, assim, os artigos que se seguirão surgirão organizados segundo esses campos. Na verdade, essas grandes áreas não constituem campos independentes e estanques entre si; pelo contrário, elas estão necessariamente ligadas possuindo inúmeras interseções entre si. Desde logo, elas são, no geral, perpassadas transversalmente -ainda que de uma forma esfumada, sub-reptícia ou, até, etérea-, pelo conceito de inclusão/exclusão social, determinando que a base dos processos de intervenção socioeducativa subjacentes à Educação Social se focalize na procura do empowerment de grupos populacionais mais fragilizados tendo em conta a disponibilidade relativa de determinados recursos ou capacidades. Assim, por exemplo, se, para alguns grupos, a elevação da idade pode constituir um critério para a exclusão social numa sociedade fortemente assente sobre o primado da eficácia, da eficiência e da produtividade físicas, para outros poderão ser os deficits culturais (medidos a diversos níveis) que poderão concorrer para esse fim. De igual modo, para outros grupos, ainda, essa exclusão social poderá decorrer da pertença a minorias (étnicas, por orientação de género, religiosas, etc.); in extremis a exclusão social materializar-se-á na privação da liberdade decorrente da violação, pelos mais diversos caminhos, das normas sociais. Desta forma, ao Técnico Superior em Educação Social cabe sempre, em última instância, fomentar o envolvimento ativo desses grupos de pessoas em projetos que, apoiando-se nos seus próprios recursos, mobilizando a sua participação plena e mediante o apelo a redes organizadas de respostas sociais, se estabeleça como meta conseguir uma melhoria das suas condições de vida. Assim, é então tão válido, em termos do conceito de inclusão social, reconfigurar a conceção de vida de um idoso como alguém que já não tem utilidade no sistema produtivo contrapondo-lhe o conceito de envelhecimento ativo; como, para um toxicodependente cronicamente estigmatizado pela sua adição a uma ou mais substâncias psicoativas, a contraposição dos conceitos de redução de danos e/ou a minimização de riscos decorrentes da referida adição a uma substância psicoativa, permitindo-lhe viver com a sua adição mais como uma contingência variável do que como uma impossibilidade total; paralelamente, ainda tendo por base esse mesmo conceito de inclusão social, reconfigurar a imagem, e as consequências que dela resultam, do indivíduo recluso como alguém cronicamente excluído pelo estigma de presidiário para alguém que, através de respostas sociais adequadas, pode voltar a ter um lugar válido na sociedade Em ambos os casos, o que se procura alcançar é uma reconfiguração do autoconceito do indivíduo, lado a lado com uma tentativa de diminuir alguma da estigmatização social associada a essas circunstâncias de vida, na senda da melhoria das condições de vida dessas pessoas, respeitando a sua natureza idiossincrática e os condicionalismos decorrentes do seu contexto. 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