Aquiles e Políxena em As Troianas de Hélia Correia e Jaime Rocha: time e kleos no masculino e no feminino
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.14/44120 |
Resumo: | Em As Troianas (2018), Hélia Correia e Jaime Rocha reescrevem o rescaldo da queda de Troia, abordando como episódios centrais a repartição dos troféus femininos e os sacrifícios de Políxena e Astíanax. A evidente inspiração em Eurípides é permeada por opções originais, e expressa com uma vivacidade por vezes cómica, assente na mescla de coloquialidade e lirismo. O protagonismo dos dois Eácidas e a obsessiva evocação, por parte do jovem Pirro, dos feitos do pai em sucessivas discussões com Agamémnon torna pertinente um paralelo com Troianas, de Séneca. A obra do estoico explora o contraste entre a brutalidade egoísta de Aquiles e seu filho, e a moderação preconizada por um Agamémnon mais humanizado. Ainda assim, este vê-se obrigado a obedecer aos caprichos divinos, transmitidos pelo insensível Calcas. O Pirro de Hélia Correia e Jaime Rocha é contraditório – brutal com Políxena, mas empenhado na sobrevivência da família de Heitor – e assim moderno. Hélia Correia e Jaime Rocha continuam a denunciar os horrores da “guerra e os seus entusiasmos” vãos, que perpetuam um modelo heroico bárbaro (Perdição – Exercício sobre Antígona, p. 4036): logo no prólogo, através de um inovador coro de lobos, que expõe a cíclica autodestruição dos humanos como absurda violação das leis da Natureza; e sobretudo, ao longo da peça, pela exposição da fúria bárbara e imoral de Aquiles, que intervém como espectro para impor a supremacia da Morte sobre a Vida. A condição de vítima excecional de Políxena possibilita o enquadramento da sua resistência no âmbito da temática feminista, já presente nas peças anteriores de Hélia Correia. Além da análise do modo como As Troianas de Hélia Correia e Jaime Rocha aproveitaram e inovaram as criações da Antiguidade – sobretudo as citadas –, será evidenciada a absoluta atualidade das reflexões do passado sobre o impacto da guerra e o heroísmo no feminino. |
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Aquiles e Políxena em As Troianas de Hélia Correia e Jaime Rocha: time e kleos no masculino e no femininoAchilles and Polyxena in As Troianas, by Hélia Correia and Jaime Rocha: male and female time and kleosTimeKleosPolíxenaGuerraHomemMulherPolyxenaWarManWomanEm As Troianas (2018), Hélia Correia e Jaime Rocha reescrevem o rescaldo da queda de Troia, abordando como episódios centrais a repartição dos troféus femininos e os sacrifícios de Políxena e Astíanax. A evidente inspiração em Eurípides é permeada por opções originais, e expressa com uma vivacidade por vezes cómica, assente na mescla de coloquialidade e lirismo. O protagonismo dos dois Eácidas e a obsessiva evocação, por parte do jovem Pirro, dos feitos do pai em sucessivas discussões com Agamémnon torna pertinente um paralelo com Troianas, de Séneca. A obra do estoico explora o contraste entre a brutalidade egoísta de Aquiles e seu filho, e a moderação preconizada por um Agamémnon mais humanizado. Ainda assim, este vê-se obrigado a obedecer aos caprichos divinos, transmitidos pelo insensível Calcas. O Pirro de Hélia Correia e Jaime Rocha é contraditório – brutal com Políxena, mas empenhado na sobrevivência da família de Heitor – e assim moderno. Hélia Correia e Jaime Rocha continuam a denunciar os horrores da “guerra e os seus entusiasmos” vãos, que perpetuam um modelo heroico bárbaro (Perdição – Exercício sobre Antígona, p. 4036): logo no prólogo, através de um inovador coro de lobos, que expõe a cíclica autodestruição dos humanos como absurda violação das leis da Natureza; e sobretudo, ao longo da peça, pela exposição da fúria bárbara e imoral de Aquiles, que intervém como espectro para impor a supremacia da Morte sobre a Vida. A condição de vítima excecional de Políxena possibilita o enquadramento da sua resistência no âmbito da temática feminista, já presente nas peças anteriores de Hélia Correia. Além da análise do modo como As Troianas de Hélia Correia e Jaime Rocha aproveitaram e inovaram as criações da Antiguidade – sobretudo as citadas –, será evidenciada a absoluta atualidade das reflexões do passado sobre o impacto da guerra e o heroísmo no feminino.In As Troianas (2018), Hélia Correia and Jaime Rocha rewrite the aftermath of the fall of Troy, addressing as central episodes the distribution of female trophies and the sacrifices of Polyxena and Astyanax. The clear inspiration on Euripides is permeated by original options, and expressed with a sometimes comic vivacity, based on a mixture of colloquiality and lyricism. The prominence of the two Aeacids, and Pyrrhus’ obsessive evocation of his father’s deeds in successive arguments with Agamemnon, suggest a parallel with Seneca’s The Trojan Women. The Stoic’s play explores the contrast between the selfish brutality of Achilles and his son, and the moderation advocated by a more humanised Agamemnon. However, the king is forced to obey the whims of the gods, transmitted by the insensitive Calchas. Hélia Correia and Jaime Rocha’s Pyrrhus is contradictory – brutal with Polyxena but committed to the survival of Hector’s family –, and thus modern. The authors continue to expose the horrors of “war and its enthusiasms” (Perdição – Exercício sobre Antígona, p. 40), which perpetuate a barbaric heroic model: in the prologue, through an innovative chorus of wolves, who present the cyclical human self-destruction as an absurd violation of the laws of Nature; and above all, throughout the play, by exposing the barbaric and immoral rage of Achilles, who intervenes as a spectre to impose the supremacy of Death over Life. Polyxena’s status of exceptional victim places her resistance within the feminist theme, already present in Hélia Correia’s previous plays. In addition to the analysis of how As Troianas by Hélia Correia and Jaime Rocha drew inspiration from and innovated the creations of Antiquity – especially those mentioned above –, the absolute relevance of past reflections on the impact of war and heroism on women will be highlighted.Veritati - Repositório Institucional da Universidade Católica PortuguesaLopes, Maria José Ferreira2024-03-01T17:49:26Z2023-11-222023-11-22T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.14/44120por1645-927X10.34624/FB.V0I19.34810info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-05T01:37:37Zoai:repositorio.ucp.pt:10400.14/44120Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:13:22.940992Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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