A nostalgia colonial como técnica de best-selling literário
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2006 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10071/3120 |
Resumo: | O artigo analisa o romance Equador de Miguel Sousa Tavares à luz do sensacional êxito que o livro teve sobretudo em Portugal. Alem duma estratégia ficcional de cariz paraliterário, a hábil recuperação e banalização da lição queirosiana aparece como um dos elementos que, ao oferecer uma leitura muito confortável dum texto de prazer, justifica o óptimo acolhimento que este best-seller recebeu no mercado editorial português. Contudo, o romance de Miguel Sousa Tavares, assim como outras obras publicadas nos últimos anos em Portugal, responde sobretudo ao desejo social, hoje em dia muito generalizado na comunidade mnemónica portuguesa, de partilhar uma imagem positiva do que foi o próprio passado em África. Deste ponto de vista, Equador obedece e, contemporaneamente, alimenta determinadas normas sociais da lembrança e pode, portanto, considerar-se como um romance histórico que funciona como factor de agregação de uma comunidade que se reconhece enquanto recorda e consome a mesma imagem da própria historia colonial, que contribui para filtrar e alterar, através da reconfiguração dos marcadores do segmento histórico em questão. |
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