Sociabilidades musicais burguesas na cidade da Horta no final do século XIX: A actividade das orchestras nos contextos sacros

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Henriques, Luís
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/29985
https://doi.org/10.17613/M6X09X
Resumo: A cidade da Horta desenvolveu-se durante o século XIX enquanto importante entreposto económico, com a exploração das potencialidades da sua baía como porto de escala nas rotas transatlânticas. Este desenvolvimento resultou no estabelecimento de uma burguesia comercial na cidade ao longo do século XIX em torno dos negócios da navegação, com famílias como os americanos Dabney ou os judeus Bensaúde a destacarem-se entre a outra elite burguesa local. A esta burguesia local vieram juntar-se nas últimas décadas do século XIX, várias famílias de origem inglesa, alemã e americana que acompanharam os técnicos das companhias telegráficas que se estabeleceram na Horta após a operacionalização do nó de “amarração” dos cabos submarinos do Atlântico em 1893. A permanência destas famílias na Horta originou uma série de intercâmbios sociais, culturais e artísticos, promovendo a criação de várias orchestras que assumiram um papel central na dinâmica musical da cidade. As orchestras, assim denominadas na época, pouco ou nada tinham que ver com o conceito actual do termo, constituindo agrupamentos de dimensão variável, com um orgânico instrumental dependente dos recursos existentes na ocasião. Contudo, tiveram um papel determinante na circulação de um repertório tanto profano, actuando em bailes, récitas teatrais, etc, como sacro, com a actuação em cerimónias religiosas geralmente acompanhando a Capela da Matriz de S. Salvador. Este estudo centra-se neste último contexto, o qual aparece amplamente relatado dos periódicos locais da época, com a análise da colaboração entre duas formações musicais que, mantendo uma estrutura originada no Antigo Regime, imprimem os ideais burgueses e uma dinâmica secular às práticas musicais num contexto sacro.
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