A Arte Vegetal da Amazónia na Obra de Frans Krajcberg

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vieira, Patrícia
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/108705
https://doi.org/10.26512/cerrados.v31i60.46098
Resumo: Este artigo examina a arte das plantas no trabalho de Frans Krajcberg (1921-2017). Krajcberg considerava a sua arte como forma de dar voz às plantas das florestas que estão a ser sistematicamente destruídas por incêndios e pelo derrubamento de árvores para dar lugar a explorações agrícolas. O artista usou troncos calcinados de árvores amazónicas que recolhia após os incêndios para criar uma série de esculturas que denunciam os crimes ambientais na região. Neste ensaio, discuto a biosemiótica, o Novo Materialismo e o pensamento indígena, camponês e ribeirinho da Amazónia como possíveis enquadramentos teóricos para interpretar as esculturas de Krajcberg como colaborações entre seres humanos e plantas que questionam divisões entre espécies e mesmo as fronteiras entre seres vivos e não vivos. A relevância das obras de Krajcberg é evidente: os corpos das árvores mortas e calcinadas ganham nova vida no seu trabalho, que as incorpora e transforma em arte. Considero que estas obras constituem uma fusão entre a fisicalidade das árvores mortas, que falam através da sua materialidade, e o engenho do artista. As árvores inscrevem-se nas esculturas, que permitem que estas falem para além da morte, por assim dizer, tornando-se símbolos vivos da destruição da floresta amazónica.
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