Uma visão colonial do racismo
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2006 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10071/3102 |
Resumo: | Em 1959 o antropólogo António Jorge Dias foi professor convidado da Universidade de Witwatersrand, em Johanesburg, para aí leccionar a cadeira de Cultura Portuguesa. Desde 1957 que Jorge Dias dirigia campanhas de investigação no Norte de Moçambique, no Planalto Maconde, e reportava regularmente ao governo de Lisboa, após cada campanha, as suas observações sobre a situação política e social na colónia. Aquele interregno na África do Sul forneceu-lhe matéria suplementar de análise, permitindo-lhe estabelecer um “quadro comparativo” entre o modelo de gestão política do colonialismo português - a propalada “assimilação”, a administração indirecta (“indirect rule”) do colonialismo britânico que ele observava do outro lado da fronteira norte de Moçambique, no Tanganhica, e o sistema de apartheid vigente na então União Sul-Africana. Este texto não analisa a reconfiguração actual daquela memoria colonial mas deixa perceber que naquela altura, em finais da década de 1950, as leituras de Jorge Dias estavam já enviesadas no sentido da afirmação do paradigma luso-tropicalista que ainda hoje enforma largos sectores da sociedade portuguesa. |
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Uma visão colonial do racismoJorge Dias, 1907-1983Missão científicaRacismoMacondeMoçambiqueEm 1959 o antropólogo António Jorge Dias foi professor convidado da Universidade de Witwatersrand, em Johanesburg, para aí leccionar a cadeira de Cultura Portuguesa. Desde 1957 que Jorge Dias dirigia campanhas de investigação no Norte de Moçambique, no Planalto Maconde, e reportava regularmente ao governo de Lisboa, após cada campanha, as suas observações sobre a situação política e social na colónia. Aquele interregno na África do Sul forneceu-lhe matéria suplementar de análise, permitindo-lhe estabelecer um “quadro comparativo” entre o modelo de gestão política do colonialismo português - a propalada “assimilação”, a administração indirecta (“indirect rule”) do colonialismo britânico que ele observava do outro lado da fronteira norte de Moçambique, no Tanganhica, e o sistema de apartheid vigente na então União Sul-Africana. Este texto não analisa a reconfiguração actual daquela memoria colonial mas deixa perceber que naquela altura, em finais da década de 1950, as leituras de Jorge Dias estavam já enviesadas no sentido da afirmação do paradigma luso-tropicalista que ainda hoje enforma largos sectores da sociedade portuguesa.In 1959 António Jorge Dias, anthropologist, was invited to lecture Portuguese Culture in the university of Witwatersrand, in Johannesburg. Since 1957 he had been carrying out research work in the north of Mozambique, in the Makonde Plateau, reporting His observations on the political and social situation of the colony to the Portuguese government, in Lisbon. That period of time in South Africa provided him with further information of analysis which allowed him to develop a “comparative framework” between the political ruling model of the Portuguese colonialism - the so called “assimilation” - the indirect rule of the British colonialism he could observe in Tanganyika and the apartheid system in South Africa. This text does not analyse the current reconfiguration of that memory. However, it helps perceive that in the late 50s Jorge Dias’s points of view were already leading towards the assertion of the paradigm of lusotropicalism which even today shapes the minds of large sectors of Portuguese society.Centro de Estudos Africanos do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa2011-12-30T16:36:03Z2006-06-01T00:00:00Z2006-06info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10071/3102por1645-3794Pereira, Ruiinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-09T17:57:38Zoai:repositorio.iscte-iul.pt:10071/3102Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:29:46.842451Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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Em 1959 o antropólogo António Jorge Dias foi professor convidado da Universidade de Witwatersrand, em Johanesburg, para aí leccionar a cadeira de Cultura Portuguesa. Desde 1957 que Jorge Dias dirigia campanhas de investigação no Norte de Moçambique, no Planalto Maconde, e reportava regularmente ao governo de Lisboa, após cada campanha, as suas observações sobre a situação política e social na colónia. Aquele interregno na África do Sul forneceu-lhe matéria suplementar de análise, permitindo-lhe estabelecer um “quadro comparativo” entre o modelo de gestão política do colonialismo português - a propalada “assimilação”, a administração indirecta (“indirect rule”) do colonialismo britânico que ele observava do outro lado da fronteira norte de Moçambique, no Tanganhica, e o sistema de apartheid vigente na então União Sul-Africana. Este texto não analisa a reconfiguração actual daquela memoria colonial mas deixa perceber que naquela altura, em finais da década de 1950, as leituras de Jorge Dias estavam já enviesadas no sentido da afirmação do paradigma luso-tropicalista que ainda hoje enforma largos sectores da sociedade portuguesa. |
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