Medicina centrada no doente : implicações no cancro da mama

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fernandes, Susana Maria Martins
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/31439
Resumo: Introdução: A nível nacional e mundial o cancro da mama é a patologia oncológica mais frequente na população feminina. Frequentemente o doente oncológico refere possuir escassa informação sobre a sua doença e tratamento o que origina incerteza, estados emocionais negativos, ansiedade e depressão. O modelo da medicina centrada no doente (MCD) propõe uma rutura no papel passivo dos doentes, valoriza a comunicação centrada no doente, a especificidade/individualização do tratamento e a decisão mútua. Julgamos que até à data nenhum estudo foi realizado sobre a MCD nesta população. Objetivos: Os objetivos iniciais deste estudo foram analisar (1) se os fatores socio-demográficos, os traços de personalidade, a afetividade e a qualidade de vida estão associados e predizem a perceção da Medicina Centrada no Doente, (2) as caraterísticas e os preditores da qualidade de vida da doente com cancro da mama, controlando o efeito da sintomatologia depressiva. Materiais e Métodos: A avaliação foi realizada através de um questionário sociodemográfico, o Perfil dos Estados de Humor (POMS), o Patients Perception of Patient-Centeredness (PPPC), o Inventário de Personalidade de Eysenck -12 (IPE-12), o Beck Depression Inventory-II (BDI II) e os questionários de avaliação da qualidade de vida da Organização Europeia para a Pesquisa e Tratamento do Cancro (EORTC QLQ-C30 e QLQ-BR23). Usaram-se dois itens para avaliar os traços disposicionais otimismo e pessimismo. Foram avaliadas 47 mulheres, como idade média de 53.16 anos (DP=9.6; variação: 33-79) escolhidas mediante o método da amostragem de conveniência. Resultados: Para a maioria das mulheres, antes do diagnóstico de cancro da mama, a saúde física e psicológica era boa/muito boa. O cancro da mama relacionou-se com prejuízos a nível de várias áreas funcionamento e com sintomatologia diversa. A área mais afetada foi o funcionamento emocional. A prevalência de depressão (BDI-II) foi de 46.8%. Os sintomas depressivos associaram-se ao agravamento dos sintomas/funcionamento, sendo um mediador total da relação destas variáveis com a pior QV. A análise de regressão hierárquica indicou que o preditor inicial da qualidade de vida foi o BDI Total. Mas quando o otimismo entrou modelo, apenas esta variável foi um preditor significativo da QV. As variáveis relacionadas com a MCD, as variáveis sócio-demográficas e os sintomas/funcionamento do doente não foram preditores significativos. A QV global também não foi um preditor da MCD. Discussão/conclusão: As perspetivas sobre o futuro, a sintomatologia depressiva, as dificuldades financeiras e o impacto da doença/tratamento no funcionamento da doente devem ser foco de avaliação e de abordagem individualizada pela equipa multidisciplinar, o que pode promover a QV da doente. A intervenção na depressão pode aumentar a QV, pois provoca simultaneamente ganhos na saúde mental e melhorias no funcionamento/sintomas. A promoção do otimismo pode aumentar a QV e a resiliência.
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Objetivos: Os objetivos iniciais deste estudo foram analisar (1) se os fatores socio-demográficos, os traços de personalidade, a afetividade e a qualidade de vida estão associados e predizem a perceção da Medicina Centrada no Doente, (2) as caraterísticas e os preditores da qualidade de vida da doente com cancro da mama, controlando o efeito da sintomatologia depressiva. Materiais e Métodos: A avaliação foi realizada através de um questionário sociodemográfico, o Perfil dos Estados de Humor (POMS), o Patients Perception of Patient-Centeredness (PPPC), o Inventário de Personalidade de Eysenck -12 (IPE-12), o Beck Depression Inventory-II (BDI II) e os questionários de avaliação da qualidade de vida da Organização Europeia para a Pesquisa e Tratamento do Cancro (EORTC QLQ-C30 e QLQ-BR23). Usaram-se dois itens para avaliar os traços disposicionais otimismo e pessimismo. Foram avaliadas 47 mulheres, como idade média de 53.16 anos (DP=9.6; variação: 33-79) escolhidas mediante o método da amostragem de conveniência. Resultados: Para a maioria das mulheres, antes do diagnóstico de cancro da mama, a saúde física e psicológica era boa/muito boa. O cancro da mama relacionou-se com prejuízos a nível de várias áreas funcionamento e com sintomatologia diversa. A área mais afetada foi o funcionamento emocional. A prevalência de depressão (BDI-II) foi de 46.8%. Os sintomas depressivos associaram-se ao agravamento dos sintomas/funcionamento, sendo um mediador total da relação destas variáveis com a pior QV. A análise de regressão hierárquica indicou que o preditor inicial da qualidade de vida foi o BDI Total. Mas quando o otimismo entrou modelo, apenas esta variável foi um preditor significativo da QV. As variáveis relacionadas com a MCD, as variáveis sócio-demográficas e os sintomas/funcionamento do doente não foram preditores significativos. A QV global também não foi um preditor da MCD. Discussão/conclusão: As perspetivas sobre o futuro, a sintomatologia depressiva, as dificuldades financeiras e o impacto da doença/tratamento no funcionamento da doente devem ser foco de avaliação e de abordagem individualizada pela equipa multidisciplinar, o que pode promover a QV da doente. A intervenção na depressão pode aumentar a QV, pois provoca simultaneamente ganhos na saúde mental e melhorias no funcionamento/sintomas. A promoção do otimismo pode aumentar a QV e a resiliência.Introduction: Nationally and worldwide, breast cancer is the most frequent neoplasic disease in the female population. Often the cancer patient expresses to have little information about his/her disease and treatment which creates uncertainty, negative emotional states, anxiety and depression. The patient-centered medicine (PCM) model proposes a rupture in the passive role of patients; it values patient-centered communication, specificity/individualization of treatment and mutual decision. We believe that until this day no study has been done on PCM in this population. Objectives: The initial objectives of this study were to analyze (1) if the socio-demographic factors, the personality traits, affectivity and quality of life are associated and match the perception of patient-centered medicine, (2) the characteristics and predictors of the patient’s life quality (QOL) with breast cancer, controlling the effect of symptomatic depression. Materials and Methods: The assessment was conducted through a socio-demographic questionnaire, the Profile of Mood States (POMS), the Patients Perception of Patient-Centeredness (PPPC), the Inventory Eysenck Personality -12 (IPE-12), Beck Depression inventory- II (BDI II) and the assessment questionnaires of life quality from the European Organization for Research and Treatment of Cancer (EORTC QLQ-C30 and QLQ-BR23). Two items were used to assess the mood traits: optimism and pessimism. 47 women were assessed with an average age of 53.16 years (SD = 9.6; range: 33-79) chosen through the convenience sampling method. Results: For most women, before the diagnosis of breast cancer, the physical and psychological health was good/very good. Breast cancer was related to losses in terms of operation and several different symptoms. The most affected area was the emotional functioning. The prevalence of depression (BDI-II) was 46.8%. Depressive symptoms were associated with the worsening of symptoms/functioning, with a total mediator of the relationship of these variables with worse QOL. The hierarchical regression analysis indicated that the starting predictor of life quality was Total BDI. When optimism came into the model, only this variable was a significant predictor of QOL. The variables related to the PCM, the socio-demographic variables and symptoms/functioning of the patient were not significant predictors. The overall QOL was not a predictor of PCM. Discussion/Conclusion: The outlook on the future, depressive symptoms, financial difficulties and the impact of the disease/treatment in the patient's functioning should be the focus of assessment and individualized approach by the multidisciplinary team, which can promote the patient’s QOL. The intervention in depression can increase the QOL, as it causes gains in both mental health and improvements in the functioning/symptoms. The promotion of optimism can increase the QOL and resilience.2015-03info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesishttp://hdl.handle.net/10316/31439http://hdl.handle.net/10316/31439TID:201627639porFernandes, Susana Maria Martinsinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-01-20T17:48:45Zoai:estudogeral.uc.pt:10316/31439Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T20:44:51.867110Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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Neoplasias da mama
Qualidade de vida
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