Educar para a guerra ou educar para a paz: o debate no campo pedagógico português nas primeiras décadas do século XX
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/11144/3329 |
Resumo: | O discurso republicano produzido em Portugal na transição do século XIX para o século XX enfatizou a figura do cidadão-soldado como parte do culto cívico da Pátria então fomentado em alternativa às crenças e rituais do catolicismo. Na sequência da implantação da 1ª República, em 5 de outubro de 1910, foi desenvolvido nas escolas primárias um projeto tendo em vista a Instrução Militar Preparatória (IMP) dos jovens portugueses. Para além da preparação militar dos futuros cidadãos, que lhes permitiria, se necessário, defender a Pátria de armas na mão em caso de perigo, esta área curricular tinha, igualmente, entre os seus objetivos conduzir esses jovens à aquisição e interiorização de um conjunto de valores e competências consideradas essenciais. O cidadão ideal da nova República deveria ser ordeiro, disciplinado, moralmente exemplar e fisicamente capaz de afrontar a dureza e as necessidades da guerra, para além de amante incondicional da sua Pátria. A preparação militar surgia, assim, fortemente articulada tanto com a educação física, para cujo desenvolvimento contribui numa fase inicial, como com a educação moral e cívica, de pendor laico, fomentada no período. Está, igualmente, na base da exibição ritual de batalhões escolares no espaço público em momentos de festividade cívica. O contexto belicista que então emerge, associado, a partir de 1916, à própria participação portuguesa na Grande Guerra, criou um ambiente favorável à proliferação dos discursos propagandeando as virtudes educativas da formação militar. Esse contexto contribuiu também, por outro lado, para inspirar o desenvolvimento, no campo pedagógico, de um conjunto de discursos de sentido contrário. Muitos educadores, designadamente alguns dos mais ligados ao movimento da Escola Nova, surgiram como arautos das posições pacifistas que começavam a proliferar no seio do associativismo internacionalista docente e que tiveram amplas repercussões em Portugal. O presente texto tem, assim, como objetivos: analisar o projeto de militarização da juventude escolar fomentado pelo republicanismo português na fase inicial da República; refletir sobre a polémica desenvolvida no campo educativo português à volta desse projeto e tendo como principais termos formar o “cidadãosoldado” ou “educar para a paz |
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