Manifestações Oculares da Síndrome de Alport: Casuística de um Centro Hospitalar Português
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Data de Publicação: | 2024 |
Outros Autores: | , , , , , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://doi.org/10.48560/rspo.28276 |
Resumo: | INTRODUÇÃO: A síndrome de Alport (SA) é uma doença hereditária que ocorre por variantes nos genes COL4A3/4/5. Padrões de hereditariedade incluem ligado ao X (SALX), autossómica dominante (SAAD) ou recessiva (SAAR) e digénica. As alterações do colagénio tipo IV α3α4α5 podem comprometer a estrutura da membrana basal do rim, cóclea e olho. As manifestações oculares incluem erosões corneanas recorrentes, lenticone, retinopatia dot-and-fleck e redução da espessura retinana temporal; apesar de raramente afetarem a visão, a sua deteção pode ajudar no diagnóstico. Neste trabalho são descritas as manifestações oculares de doentes com SA do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho. MÉTODOS: Estudo observacional transversal de 38 doentes com SA referenciados da consulta de Nefrologia. Todos realizaram avaliação oftalmológica completa com retinografia, tomografia de coerência ótica de domínio espectral (SD-OCT) da retina e microscopia especular (ME). Foram descritos os principais achados na avaliação oftalmológica, retinografia, ME e SD-OCT. Foi também determinada a espessura das camadas retinianas e o índice de espessura nasal/temporal (IAT – índice atenuação temporal), que foram comparados com um grupo controlo com emparelhamento 1:1. RESULTADOS: Os doentes com SA tinham uma idade média de 49 anos, 53% eram do sexo feminino e 81% apresentavam variantes do gene COL4A3, maioritariamente SAAD. Não foram detetadas alterações corneanas ou lenticone; 4 doentes SAAD apresentavam retinopatia dot-and-fleck e 1 doente com variante digénica apresentava diminuição focal da espessura retiniana temporal. Na avaliação com SD-OCT não foi identificado um padrão específico de redução da espessura retiniana, e não existiam alterações no IAT comparativamente ao grupo controlo. A densidade média de células endoteliais era 2717 cels/mm2, com área média de 374 µm2; o coeficiente de variação e percentagem de células hexagonais era 32% e 58%, respetivamente, com espessura central de córnea de 538 µm. CONCLUSÃO: Alterações oculares relacionadas com SA são raramente descritas no SAAD, que têm variantes em heterozigotia do gene COL4A3/4. Neste estudo 4 doentes com SAAD apresentavam retinopatia dot-and-fleck. Isto contrapõe-se à evidência atual de não-ocorrência de alterações oculares típicas no SAAD, pelo que uma avaliação oftalmológica em todos doentes com SA pode evidenciar informação diagnóstica. |
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Manifestações Oculares da Síndrome de Alport: Casuística de um Centro Hospitalar PortuguêsManifestações Oculares da Síndrome de Alport: Casuística de um Centro Hospitalar PortuguêsArtigos OriginaisINTRODUÇÃO: A síndrome de Alport (SA) é uma doença hereditária que ocorre por variantes nos genes COL4A3/4/5. Padrões de hereditariedade incluem ligado ao X (SALX), autossómica dominante (SAAD) ou recessiva (SAAR) e digénica. As alterações do colagénio tipo IV α3α4α5 podem comprometer a estrutura da membrana basal do rim, cóclea e olho. As manifestações oculares incluem erosões corneanas recorrentes, lenticone, retinopatia dot-and-fleck e redução da espessura retinana temporal; apesar de raramente afetarem a visão, a sua deteção pode ajudar no diagnóstico. Neste trabalho são descritas as manifestações oculares de doentes com SA do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho. MÉTODOS: Estudo observacional transversal de 38 doentes com SA referenciados da consulta de Nefrologia. Todos realizaram avaliação oftalmológica completa com retinografia, tomografia de coerência ótica de domínio espectral (SD-OCT) da retina e microscopia especular (ME). Foram descritos os principais achados na avaliação oftalmológica, retinografia, ME e SD-OCT. Foi também determinada a espessura das camadas retinianas e o índice de espessura nasal/temporal (IAT – índice atenuação temporal), que foram comparados com um grupo controlo com emparelhamento 1:1. RESULTADOS: Os doentes com SA tinham uma idade média de 49 anos, 53% eram do sexo feminino e 81% apresentavam variantes do gene COL4A3, maioritariamente SAAD. Não foram detetadas alterações corneanas ou lenticone; 4 doentes SAAD apresentavam retinopatia dot-and-fleck e 1 doente com variante digénica apresentava diminuição focal da espessura retiniana temporal. Na avaliação com SD-OCT não foi identificado um padrão específico de redução da espessura retiniana, e não existiam alterações no IAT comparativamente ao grupo controlo. A densidade média de células endoteliais era 2717 cels/mm2, com área média de 374 µm2; o coeficiente de variação e percentagem de células hexagonais era 32% e 58%, respetivamente, com espessura central de córnea de 538 µm. CONCLUSÃO: Alterações oculares relacionadas com SA são raramente descritas no SAAD, que têm variantes em heterozigotia do gene COL4A3/4. Neste estudo 4 doentes com SAAD apresentavam retinopatia dot-and-fleck. Isto contrapõe-se à evidência atual de não-ocorrência de alterações oculares típicas no SAAD, pelo que uma avaliação oftalmológica em todos doentes com SA pode evidenciar informação diagnóstica.INTRODUCTION: Alport syndrome (AS) is an inherited disease caused by genetic variants of the COL4A3/4/5 genes. Inheritance patterns include X-Linked (XLAS), autosomal dominant (ADAS) or recessive (ARAS) and digenic. The integrity of the collagen IV α3α4α5 structure is crucial to maintain the network of the kidney, cochlea and the eye basement membranes. Ocular findings can occur in AS: recurrent corneal erosions, lenticonus, dot-and-fleck retinopathy and temporal retinal thinning. While not typically vision threatening, their detection might aid its diagnosis. This report describes the ocular findings of patients with AS in Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho. METHODS: Observational cohort of 38 patients with genetically confirmed AS. Patients were referred from the Nephrology department and underwent complete ophthalmologic evaluation with retinography, retinal spectral-domain optical coherence tomography (SD-OCT) and specular microscopy (SM). Descriptive statistics were performed to summarize the clinical findings on ophthalmologic evaluation, color fundus photography, SM and SD-OCT; retinal layers thickness and the nasal/temporal thickness ratio (TTI – temporal thinning index) were determined and compared with a 1:1 matched control group. RESULTS: Mean age of Alport patients was 49 years; 53% of patients were female and 81% had mutations in the COL4A3 gene, mainly as ADAS. No corneal changes or lenticonus were detected. Four patients with ADAS presented with dot-and-fleck retinopathy and one with digenic inheritance had focal temporal retinal thinning. No specific pattern of retina thickness reduction was identified in the macular SD-OCT analysis of Alport patients and the TTI was similar to the control group. Mean cell count was 2717 cels/mm2, with a mean area of 374 µm2; mean coefficient of variation and percentage of hexagonal cells was 32% and 58%, respectively, with a mean central corneal thickness of 538 µm. CONCLUSION: Disease-related ocular findings are scarcely reported in ADAS, who have a genetic variant in one alelle of the COL4A3/4 genes. In our report 4 patients with ADAS presented with dot-and-fleck retinopathy. This defies the commonly accepted rule that ocular findings are non-existing in ADAS, and a thorough ophthalmologic evaluation of all Alport patients can provide useful diagnostic information.Ajnet2024-03-24info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.48560/rspo.28276por1646-69501646-6950Moreira Martins, PedroCunha Ferreira, CatarinaTeixeira, SofiaCardoso-Fernandes, AntónioFonseca, SofiaGomes, Ana MartaMeira, Dáliainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-28T20:30:23Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/28276Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openairemluisa.alvim@gmail.comopendoar:71602024-03-28T20:30:23Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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