A pesca lúdica no Nordeste Transmontano: avaliação das perceções e atitudes dos pescadores do Parque Natural de Montesinho e área envolvente

• Autor(a) principal: Pereira, Rosalina Gomes
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10198/26204
• topic: Pesca; Inquéritos; Qualidade biológica; Conservação; Gestão; Domínio/Área Científica::Ciências Agrárias::Agricultura, Silvicultura e Pescas

A pesca lúdica e desportiva no Parque Natural de Montesinho (PNM) e área envolvente representa uma atividade muito valorizada pelos pescadores transmontanos, constituindo um dos serviços de ecossistema importantes na região. O presente estudo teve por objetivo avaliar as perceções e atitudes da comunidade de pescadores no PNM e envolvente, mediante a realização a inquéritos presenciais. De forma complementar, foi feita a caracterização abiótica e avaliada a qualidade biológica dos principais rios da região através do recurso às metodologias da Diretiva-Quadro da Água. Os resultados obtidos demonstram que a pesca é uma atividade aglutinadora do tecido social da região, embora praticada apenas por homens e sendo menos atrativa para os jovens. Os custos associados são, para a maioria, relativamente baixos (< 250 €). A truta-de-rio (Salmo trutta) é a espécie preferida, seguida por outras espécies nativas (e.g. boga-do-Douro e escalo-do- norte), procuradas maioritariamente nos rios Tuela, Sabor e Baceiro, para os quais percorrem menos de 50 Km, preferencialmente em viatura própria ou de amigos. Importa assinalar um crescente interesse pelas espécies exóticas (e.g. achigã, lúcio) recentemente introduzidos em ambientes lênticos próximos (e.g. barragem do Azibo). A grande maioria não pratica a pesca sem morte, nem pertence a associações de pesca, embora sejam de opinião que mais e maiores peixes possam ser capturados com melhor gestão e comportamento dos pescadores. Com efeito, metade dos pescadores usa iscos naturais, a maioria ilegais, recorrendo a técnicas de pesca com uso de amostras e boias e menos à pluma e fundo. A maioria não vê necessidade na avaliação de conhecimentos, embora demonstrem lacunas na bioecologia das espécies piscícolas. A reconstrução/desassoreamento de açudes é a principal melhoria proposta para os rios da região, conjuntamente com os repovoamentos, vigilância e limpeza das margens. Apesar da boa qualidade ecológica detetada nos rios de montanha do PNM, sinais de degradação (e.g. poluição, introdução de invasoras, morte dos amiais, secas prolongadas) podem estar na origem da diminuição da densidade piscícola, aliás confirmada pelos inquéritos realizados aos pescadores. Os resultados obtidos reforçam a necessidade de proceder a uma gestão sustentável dos ecossistemas aquáticos, tendo em conta as ameaças atuais, com o intuito da conservação e exploração dos recursos aquícolas deve ser feita num quadro de sustentabilidade ecológica.