Concepções e obstáculos de aprendizagem no estudo da reprodução humana em crianças do 1º C.E.B. do meio rural
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2004 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1822/3004 |
Resumo: | Dissertação de mestrado em Estudos da Criança, Promoção da Saúde e do Meio Ambiente. |
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Concepções e obstáculos de aprendizagem no estudo da reprodução humana em crianças do 1º C.E.B. do meio ruralDissertação de mestrado em Estudos da Criança, Promoção da Saúde e do Meio Ambiente.Em Portugal, só muito recentemente, em meados da década de 80, dispositivos de ordem legal insistiam na necessidade da escola garantir a educação sexual às crianças e jovens incluindo nos programas dos diferentes graus de ensino, conteúdos científicos sobre esta matéria, entre os quais a Reprodução Humana, que se tornou o plano de fundo desta investigação. Não é de todo alheio que se por um lado a abordagem da Reprodução Humana exige conhecimento científico, por outro lado, reveste-se de polémica e controvérsia, de crenças e saberes provenientes da mundivivência, dos saberes populares, fruto das práticas sociais enraizadas que em muito contribuem para a formação de concepções alternativas ao conhecimento científico dominante. Tendo em conta os mais recentes estudos no âmbito da Didáctica das Ciências, entre os quais se destacam os trabalhos de De Vecchi e Giordan (1999, 2002), Teixeira (1999), Astolfi (2000), Clément (2003) e Carvalho et al (2004), entre outros, em particular no estudo de concepções alternativas, sabe-se que estas interferem na interpretação pessoal e social do quotidiano, e condicionam o processo de aquisição de novas aprendizagens, tornando-se urgente investir numa educação científica que capacite o indivíduo à confrontação dos saberes alternativos ao saber científico, proporcionando-lhe apropriação de novo saber mais exacto e consciente. O conhecimento de concepções tipo pré-existentes nas crianças no período que antecede o contacto formal com os conteúdos da Reprodução Humana, estabelecidos pelo programa nacional do 1º Ciclo do Ensino Básico, e o período posterior a essas mesmas aprendizagens, foram o grande objectivo do estudo que se apresenta, com vista a identificar os obstáculos que impedem a mudança conceptual neste domínio do conhecimento. O estudo, contou com a colaboração de 168 crianças de ambos os sexos pertencentes a cinco escolas do 1º C.E.B. do meio rural da região norte do país, em que o questionário presencial da investigadora e de algumas das professoras das turmas envolvidas, constituiu o principal instrumento de recolha de dados, configurando a expressão escrita e icónica através de perguntas do tipo aberto. Complementarmente, procedeu-se à entrevista dos alunos do 1º ano de escolaridade, por motivos óbvios de limitações de escrita. Também os professores das turmas participantes foram entrevistados no sentido de obter destes informações de âmbito pedagógico-didáctico sobre o ensino desta temática. A metodologia adoptada incidiu fundamentalmente numa interpretação de cariz qualitativo, recorrendo-se à abordagem de análise de conteúdo (Amado, 2000) para tratamento de dados, à construção de categorias conceptuais de resposta (Erickson, 1979), e à análise estatística pela utilização do programa SPSS. Através dos resultados obtidos, deparamo-nos com padrões conceptuais característicos do período pré e pós ensino formal. Refere-se a titulo de exemplo as ideias sobre a origem humana ou fecundação que inicialmente assentavam em quadros ideológicos e religiosos subjacentes a uma relação de construção social, em que o bebé existe algures, e que surge na barriga da mãe por intenção de alguma identidade, pelo desejo, ou mesmo inerente à condição matrimonial, ou ainda pela ingestão excessiva de alimentos. Numa fase posterior, de acesso à formação científica, estes padrões conceptuais alteram-se significativamente, e o entendimento dos mecanismos fisiológicos envolvidos no processo da produção do bebé sobrepõe-se, modificando as concepções preexistentes, dando lugar a concepções acerca da relação sexual e ao papel interventivo de ambos os progenitores no fornecimento dos espermatozóides e óvulos, independentemente do estado civil que os compromete, e alguns compreendem mesmo todo este processo de “fazer um filho” num ambiente que relaciona o prazer, as emoções e a fisiologia (amor, sexo, espermatozóide e óvulo). Concluímos que de uma forma geral se opera uma significativa mudança conceptual decorrente do ensino dos conteúdos formais sobre Reprodução Humana. Não obstante, verifica-se ainda a persistência de concepções alternativas a propósito da fecundação, do desenvolvimento fetal (nutrição e respiração), bem como da prevenção das IST. Estas dificuldades poderão ser devidas a obstáculos de aprendizagem, de origem epistemológica e/ou didáctica, reforçando a ideia da premência da formação/informação da população em geral, e da inclusão destas matérias na formação inicial e contínua dos professores.In Portugal, only recently, in the middle 80s, legal instruments have insisted in the school need to guarantee children’s and young people’s sex education. This topic is nowadays included in the programmes of several school levels, particularly in scientific contents such as Human Reproduction, which is the bottom line of this research. Human Reproduction teaching-and-learning requires not only scientific contents knowledge but also controversial beliefs and daily experiential popular knowledge, as the result of deep-rooted social practices which contribute to the construction of alternative conceptions to the dominant scientific ones. Taking into account the most recent works in Science Education, such as De Vechi and Giordan (1999, 2002), Teixeira (1999), Astolfi (2000), Clément (2003) e Carvalho et al. (2004) among others, that look to alternative conceptions, it becomes clear that such conceptions influence the personal and social interpretation of the daily life and also set up the process of new learning acquisitions. Therefore it is urgent to invest in a scientific education making children to confront their alternative conceptions with the scientific ones, facilitating the acquisition of the new knowledge, in a more exact and conscientious way. The knowledge of children’s initial conceptions types, occurring either before the formal Human Reproduction contents learning (as established by the primary school national programme at year 3) or after such learning was the aim of this study in order to identify the obstacles that hamper the conceptual change in this knowledge field. One hundred and sixty eight primary school children, of both sexes, of a rural school environment in the northern region of Portugal participated in this study. The questionnaire applied by the researcher with the collaboration of the teachers of the involved classrooms was the main instrument of data collection, containing open questions leading to written and iconic expressions. Complementary, first year pupils were also interviewed due to their obvious difficulties in writing. In addition, the teachers of the involved classrooms were also interviewed in order to obtain pedagogical-didactical information about the teaching-and-learning processes of this topic. The methodology used in this study was mainly based on a qualitative and interpretative approach by doing content analysis (Amado, 2000) for data treatment in order to create conceptual categories of answers (Erickson, 1979) and to carry out statistical analysis by using the SPSS programme. From the results obtained it was possible to find conceptual patterns characteristics of either pre- or post-formal teaching. As an example, the ideas about baby origin and fecundation were initially associated to ideological and religious frameworks underlying a social construction assuming that the baby exists somewhere and that it turns up inside the mother’s belly due to an intention of some kind of entity, to the desire, to the matrimonial condition or even to an excessive ingestion of food. A conceptual change of these patterns occurred after the scientific learning so that the understanding of the physiological mechanisms involved in the process of the baby production imposed the former alternative conceptions, giving place to conceptions associated to the active sexual role of both parents, by contributing with spermatozoa and ovules, independently of their civil state. Some pupils got also the understanding of “making a baby” as associated to pleasure, to emotions and to physiology (love, sex, spermatozoid and ovule). In conclusion, this study showed that in general a significant conceptual change occurred following the teaching of formal contents of Human Reproduction. However, some alternative conceptions still persisted after teaching concerning fecundation, foetal nutrition as well as prevention of sexually transmitted infections. These difficulties may be due to learning obstacles, of epistemological and/or didactical origin, reinforcing the idea for the need of a permanent formation/information of the general population as well as the inclusion of this topic in teachers’ initial training and in continuous teachers’ training.Carvalho, Graça Simões deUniversidade do MinhoPereira, Isabel Maria Ribeiro20042004-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/1822/3004porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-21T12:43:19Zoai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/3004Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T19:40:47.059577Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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