Como ser um bom aluno? Dos modelos de escola aos pontos de vista das crianças

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Melo, Benedita
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.21814/rpe.21531
Resumo: Resumo  A apologia da performatividade e da excelência, resultante dos novos modos de regulação dos sistemas educativos, parece estar a penetrar em todos os níveis de escolaridade. Centrado na análise do ofício de aluno do 1.º ciclo, e tendo por base a hipótese de que estará em curso uma reconfiguração do modelo da escola primária assente na performatividade-competitividade, este texto analisa as perspetivas que crianças, oriundas de contextos geográficos, escolares e socioeconómicos distintos, possuem sobre o que é ser um bom aluno. A pesquisa teve por base a análise de conteúdo de entrevistas semidiretivas realizadas a 61 crianças do 3.º ano de escolaridade, em 2017/18. Os pontos de vista das crianças evidenciam duas dimensões essenciais das práticas escolares: a dimensão do poder e a dimensão cognitiva. As suas referências à ordem escolar deixam perceber como a estrutura do modelo de escola tradicional-industrial subsiste na atualidade. No entanto, é a componente das aprendizagens a que é mais valorizada nos seus discursos. As condições por elas enunciadas para participarem nos processos de aprendizagem dão conta de dois tipos de conceções sobre a excelência escolar. Uma primeira que enaltece os dons individuais, nomeadamente a inteligência, presente sobretudo entre as crianças com uma proveniência social menos escolarizada e menor desempenho escolar. Uma segunda conceção, próxima do modelo escolar performativo-competitivo, surge ancorada no trabalho, esforço, dedicação e superação individual, e está sobretudo presente nas crianças oriundas de famílias mais escolarizadas, com muito bom aproveitamento escolar. A pesquisa teve por base a análise de conteúdo de entrevistas semi-diretivas, realizadas a 61 crianças do 3º ano de escolaridade, em 2017/18. Os pontos de vista das crianças evidenciam duas dimensões essenciais das práticas escolares, a dimensão do poder e a dimensão cognitiva. As suas referências à ordem escolar deixam perceber como a estrutura do modelo de escola tradicional-industrial subsiste na actualidade. No entanto, é a componente das aprendizagens a que é mais valorizada nos seus discursos. As condições por elas enunciadas para participarem nos processos de aprendizagem dão conta de dois tipos de concepções sobre a excelência escolar. Uma primeira que enaltece os dons individuais, nomeadamente a inteligência, presente sobretudo entre as crianças com uma proveniência social menos escolarizada e menor desempenho escolar. Uma segunda conceção, próxima do modelo escolar performativo-competitivo, surge ancorada no trabalho, esforço, dedicação e superação individual, e está sobretudo presente nas crianças oriundas de famílias mais escolarizadas, com muito bom aproveitamento escolar. Palavras-chave: Performatividade - Excelência escolar - Bom aluno - Perspetivas das crianças - 1º Ciclo 
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spelling Como ser um bom aluno? Dos modelos de escola aos pontos de vista das crianças¿Cómo ser un buen alumno? De los modelos escolares al punto de vista de los niñosComo ser um bom aluno? Dos modelos de escola aos pontos de vista das criançasArtigosResumo  A apologia da performatividade e da excelência, resultante dos novos modos de regulação dos sistemas educativos, parece estar a penetrar em todos os níveis de escolaridade. Centrado na análise do ofício de aluno do 1.º ciclo, e tendo por base a hipótese de que estará em curso uma reconfiguração do modelo da escola primária assente na performatividade-competitividade, este texto analisa as perspetivas que crianças, oriundas de contextos geográficos, escolares e socioeconómicos distintos, possuem sobre o que é ser um bom aluno. A pesquisa teve por base a análise de conteúdo de entrevistas semidiretivas realizadas a 61 crianças do 3.º ano de escolaridade, em 2017/18. Os pontos de vista das crianças evidenciam duas dimensões essenciais das práticas escolares: a dimensão do poder e a dimensão cognitiva. As suas referências à ordem escolar deixam perceber como a estrutura do modelo de escola tradicional-industrial subsiste na atualidade. No entanto, é a componente das aprendizagens a que é mais valorizada nos seus discursos. As condições por elas enunciadas para participarem nos processos de aprendizagem dão conta de dois tipos de conceções sobre a excelência escolar. Uma primeira que enaltece os dons individuais, nomeadamente a inteligência, presente sobretudo entre as crianças com uma proveniência social menos escolarizada e menor desempenho escolar. Uma segunda conceção, próxima do modelo escolar performativo-competitivo, surge ancorada no trabalho, esforço, dedicação e superação individual, e está sobretudo presente nas crianças oriundas de famílias mais escolarizadas, com muito bom aproveitamento escolar. A pesquisa teve por base a análise de conteúdo de entrevistas semi-diretivas, realizadas a 61 crianças do 3º ano de escolaridade, em 2017/18. Os pontos de vista das crianças evidenciam duas dimensões essenciais das práticas escolares, a dimensão do poder e a dimensão cognitiva. As suas referências à ordem escolar deixam perceber como a estrutura do modelo de escola tradicional-industrial subsiste na actualidade. No entanto, é a componente das aprendizagens a que é mais valorizada nos seus discursos. As condições por elas enunciadas para participarem nos processos de aprendizagem dão conta de dois tipos de concepções sobre a excelência escolar. Uma primeira que enaltece os dons individuais, nomeadamente a inteligência, presente sobretudo entre as crianças com uma proveniência social menos escolarizada e menor desempenho escolar. Uma segunda conceção, próxima do modelo escolar performativo-competitivo, surge ancorada no trabalho, esforço, dedicação e superação individual, e está sobretudo presente nas crianças oriundas de famílias mais escolarizadas, com muito bom aproveitamento escolar. Palavras-chave: Performatividade - Excelência escolar - Bom aluno - Perspetivas das crianças - 1º Ciclo The apology for performativity and excellence, resulting from the new ways of educational systems regulation, seems to be penetrating all levels of education. Focused on the analysis of the 1st cycle pupils's craft, and based on the hypothesis that a reconfiguration of the primary school model based on performativity-competitiveness will be underway, this text analyzes the perspectives that children, from different geographical, school and socio-economic contexts, have about what it means to be a good pupil. The research was based on the content analysis of semi-directive interviews, conducted with 61 children from the 3rd year of schooling, in 2017/18. Children's points of view show two essential dimensions of school practices: the dimension of power and the cognitive one. These references to the school order show how the structure of the traditional-industrial school model still exists nowadays. However, it is the learning component that is most valued in their discourses. The conditions enunciated by them to participate in the learning processes account for two types of conceptions about school excellence. The first one praises individual gifts, namely intelligence, and is essentially present among children with less educated social origin and less school performance. A second conception, close to the performative-competitive school model, is anchored in work, effort, dedication and individual overcoming, and is mainly present in children from more educated families, with very good academic performance.La apología de la performatividad y la excelencia, resultante de las nuevas formas de regulación de los sistemas educativos, parece estar penetrando en todos los niveles educativos. Centrado en el análisis del oficio del alumno de la escuela primaria, y partiendo de la hipótesis de que se dará una reconfiguración del modelo de la escuela primaria basada en la performatividad-competitividad, este texto analiza las perspectivas que los niños, provenientes de diferentes contextos geográficos, escolares y socioeconómicos, tienen sobre lo que significa ser un buen alumno. La investigación se basó en el análisis de contenido de entrevistas semidiretivas, realizadas con 61 niños de 3er año de escolaridad, en 2017/18. Las perspectivas de los niños muestran dos dimensiones esenciales de las prácticas escolares: la dimensión de poder y la dimensión cognitiva. Sus referencias al orden escolar muestran cómo la estructura del modelo de escuela tradicional-industrial aún perdura en la actualidad. Sin embargo, es el componente de aprendizaje que más se valora en sus discursos. Las condiciones enunciadas por ellos para participar en los procesos de aprendizaje dan cuenta de dos tipos de concepciones sobre la excelencia escolar. Una primera que elogia los dotaciones y aptitudes individuales, a saber, la inteligencia, presente principalmente entre los niños con menor rendimiento escolar y cuyos padres tienen menos capital cultural. Una segunda concepción, cercana al modelo escolar performativo-competitivo, parece anclada en el trabajo, el esfuerzo, la dedicación y la superación individual, y está presente sobre todo en niños de familias más escolarizadas, con muy buen desempeño escolar.   Palabras clave: Performatividad; Excelencia escolar; Buen alumno; Perspectivas de los niños; Educación primária.Instituto de Educação - Universidade do Minho2022-12-30info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.21814/rpe.21531por2183-04520871-9187Melo, Beneditainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-01-04T03:30:38Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/21531Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T16:29:15.043104Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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