Desintegração e repetição: uma análise a partir de William Basinski
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://doi.org/10.21814/rlec.305 |
Resumo: | Partimos da peça musical Disintegration Loops de William Basinski. A obra, com cerca de uma hora de duração, é constituída por um ostinato que se deteriora até ao ruído e, por fim, ao silêncio. Basinski digitalizou o som de velhas bobines de loops feitas por si nos anos 80 para memória em disco; por força do pó e da oxidação, ao serem tocadas no leitor magnético as fitas começaram a degradar-se progressivamente. A reprodução do som, e o esforço para a sua preservação, implicou a sua destruição que, ainda assim, ficou gravada num novo meio. Questionam-se aqui os efeitos das migrações entre meios (analógico/digital) e a tensão entre a cristalização do simbólico pela técnica e a irredutível instabilização entrópica que daí resulta. A estrutura interna da peça acentua a noção de repetição como uma forma também instável e dinâmica que cria algo de novo. Esboça-se então uma crítica ao determinismo e ao automatismo que por vezes revestem a técnica e a tomam como um “círculo perfeito”. O percorrer dessa circunferência, com o desgaste que lhe provoca e com as hesitações e os ritmos humanos, mostra que tal círculo não é perfeito e que a “desintegração” é, afinal, metáfora da natureza humana. |
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Desintegração e repetição: uma análise a partir de William BasinskiDisintegration and repetition: an analysis based on William BasinskiEstéticas sonorasPartimos da peça musical Disintegration Loops de William Basinski. A obra, com cerca de uma hora de duração, é constituída por um ostinato que se deteriora até ao ruído e, por fim, ao silêncio. Basinski digitalizou o som de velhas bobines de loops feitas por si nos anos 80 para memória em disco; por força do pó e da oxidação, ao serem tocadas no leitor magnético as fitas começaram a degradar-se progressivamente. A reprodução do som, e o esforço para a sua preservação, implicou a sua destruição que, ainda assim, ficou gravada num novo meio. Questionam-se aqui os efeitos das migrações entre meios (analógico/digital) e a tensão entre a cristalização do simbólico pela técnica e a irredutível instabilização entrópica que daí resulta. A estrutura interna da peça acentua a noção de repetição como uma forma também instável e dinâmica que cria algo de novo. Esboça-se então uma crítica ao determinismo e ao automatismo que por vezes revestem a técnica e a tomam como um “círculo perfeito”. O percorrer dessa circunferência, com o desgaste que lhe provoca e com as hesitações e os ritmos humanos, mostra que tal círculo não é perfeito e que a “desintegração” é, afinal, metáfora da natureza humana.Our starting point is the musical piece Disintegration Loops, by William Basinski. This work is about one hour long and consists in an ostinato that deteriorates into noise, and finally into silence. Basinski digitized the sound of old tape loops he had recorded in the 1980s, storing them in a computer drive; as the loops were played in the magnetic reader, they began to deteriorate due to the accumulation of dust and oxidation. The reproduction of the sound and the effort to preserve it led to its destruction, which was itself recorded into a new medium. The present article questions the effects of migrations between different media (analogue/digital) and the tension between the technical crystallization of symbolism and the inevitable entropic destabilization it generates. The internal structure of Basinski’s piece highlights the notion of repetition as an equally unstable and dynamic form, which creates something new. It suggests, moreover, a criticism of the determinism and the automatism that sometimes take over the technical realm, regarded as a “perfect circle”. Moving along this circumference, with the deterioration this gesture implies, and with the hesitation and the human rhythms it evokes, one realizes that the circle is not perfect, and that “disintegration” is ultimately a metaphor for human nature.Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) da Universidade do Minho2018-06-29T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.21814/rlec.305por2183-08862184-0458Bogalheiro, Manuelinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-09-22T16:20:42Zoai:journals.uminho.pt:article/1886Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T15:59:19.294512Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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