Percepção da saúde ambiental de imigrantes que atuam como cuidadores formais

• Autor(a) principal: Melo, Andrea Vasconcelos
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/149855
• topic: Saúde ambiental; Imigrantes; Cuidador formal; Saúde do imigrante; Environmental health; Immigrants; Formal caregiver; Immigrant health; Domínio/Área Científica::Ciências Sociais::Sociologia

A saúde ambiental compreende todos os aspetos vinculados à saúde humana e qualidade de vida, sendo este último sobremodo influenciado por fatores físicos, químicos, biológicos, sociais e psicológicos (Organização Mundial da Saúde, 1993). Nessa perspetiva, a referida pesquisa pretende perceber a influência do ambiente de trabalho na saúde dos imigrantes que atuam prestando serviço a empresas como cuidadores na zona de Lisboa. Em um artigo extraído do jornal SOL de 2018, uma narrativa expressa pelo Diplomata português e nono Secretário Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Manuel de Oliveira Guterres, nos traz à tona a importância da adoção de estratégias que visem perceber em que condições se encontra a saúde do imigrante que atua nessa profissão, mas ainda o emprego de medidas que levem em consideração o controle e a prevenção de problemas associados ao ambiente de labor entre as empresas atuantes no setor. Tomando como base os discursos de Pereira e Soares (2015: 3839): “A depressão, os distúrbios do sono e os problemas neuropsiquiátricos são algumas das patologias capazes de influenciar a qualidade de vida dos cuidadores de idosos”. O estudo se conduziu numa abordagem qualitativa através da aplicação de inquérito por entrevista semiestruturada para imigrantes que atuam como cuidadores de pessoas idosas, no espaço domiciliar do utente. Na formulação do guião semiestruturado que serviu como instrumento norteador para a elaboração das perguntas foi necessário utilizar como referência o questionário SF-36 (Medical Outcomes Study 36-Item ShortForm Health Survey), adaptado e validado por Ferreira (2000). Foram entrevistados 15 cuidadores atuantes em residências na área de Lisboa e que prestavam serviços a empresas. Para uma melhor interpretação dos dados relativos às dinâmicas em estudo utilizou-se a técnica de análise de conteúdo. Verificou-se que o ambiente de trabalho mantém uma estreita relação com a saúde dos colaboradores, tendo em vista que muitos dos respondentes indicaram que tinham/têm ou agravaram determinado problema de saúde em decorrência do ambiente. Foram citados alguns problemas nas relações estabelecidas no trabalho, tais como desrespeito, tratamento desigual, estereótipos, tentativas de abuso sexual, agressão física e verbal. Em determinadas circunstâncias isso possivelmente ocorre em função de certa distinção entre o cuidador formal (sobre o qual os idosos podem julgar ter mais direitos de avaliação e de interação reativa) e o cuidador informal (muitas vezes alguém próximo e da família do idoso, a quem o idoso se entrega para receber cuidados). Foram igualmente indicados problemas ou agravamentos na saúde física, além de distúrbios na saúde social e psíquica. As horas trabalhadas e a forma de trabalho através de recibos verdes, o anseio em obter um contrato formal, os problemas atrelados aos direitos trabalhistas e a certa desvalorização profissional foram algumas das angústias encontradas nas histórias de vida dos entrevistados, coadjuvando no descontentamento, nas frustrações e na necessidade de reorientação profissional.