Direito constitucional em tempos de pandemia: pode a constituição sobreviver a crises sanitárias?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: BRIZIDA CASTRO, RAQUEL
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/61828
Resumo: O debate constitucional suscitado pelo combate à pandemia ressuscitou velhos medos sobre a suposta ausência de fronteiras jurídicas firmes entre o estado de exceção constitucional e a normalidade constitucional. No ordenamento jurídico-constitucional português, o combate à pandemia não justifica um estado de exceção material permanente – a exceção ao estado de exceção – que legitimaria regras ad hoc de repartição de poderes e medidas de compressão de direitos fundamentais submetidas à tirania do fim da proteção da saúde, alegadamente, livre de ponderações. A constituição portuguesa define limites negativos intangíveis ao estado de exceção, como a separação de poderes e a repartição constitucional de competências dos órgãos de soberania. A Reserva de lei, enquanto domínio material qualificado que reclama regulação por ato legislativo, e a sujeição aos testes de proporcionalidade são exigências constitucionais que sobrevivem a crises epidémicas e emergências sanitárias, em normalidade pós-exceção constitucional.
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spelling Direito constitucional em tempos de pandemia: pode a constituição sobreviver a crises sanitárias?Constitutional Law in times of pandemic: Can the Constitution survive health crises?Excepção constitucionalCombate à epidemiaDireitos do homemReserva de leiO debate constitucional suscitado pelo combate à pandemia ressuscitou velhos medos sobre a suposta ausência de fronteiras jurídicas firmes entre o estado de exceção constitucional e a normalidade constitucional. No ordenamento jurídico-constitucional português, o combate à pandemia não justifica um estado de exceção material permanente – a exceção ao estado de exceção – que legitimaria regras ad hoc de repartição de poderes e medidas de compressão de direitos fundamentais submetidas à tirania do fim da proteção da saúde, alegadamente, livre de ponderações. A constituição portuguesa define limites negativos intangíveis ao estado de exceção, como a separação de poderes e a repartição constitucional de competências dos órgãos de soberania. A Reserva de lei, enquanto domínio material qualificado que reclama regulação por ato legislativo, e a sujeição aos testes de proporcionalidade são exigências constitucionais que sobrevivem a crises epidémicas e emergências sanitárias, em normalidade pós-exceção constitucional.The constitutional debate sparked by the fight against the covid pandemic has raised old fears about the supposed absence of well-defined legal limits between the state of constitutional exception and constitutional normality. In the portuguese legal-constitutional system, the fight against the pandemic does not justify a state of permanent material exception – the exception to the state of exception – that would legitimize ad hocrules for the allocation of executive power and measures to compress the menu of fundamental rights subjected to the tyranny of the exclusive purpose of protecting health, allegedly outside of the constitutionality weighting regime. The Portuguese constitution proclaims negative intangible limits to the state of exception, such as the separation of powers and one concrete constitutional division of powers. the constitutional principle of reservation of a restricted parliamentary law, that protects a qualified material domain that demands regulation by legislative act, and the subjection to proportionality tests are constitutional requirements that must survive epidemic crises and health emergencies, in constitutional post-exception normality.Faculdade de Direito da Universidade de LisboaRepositório da Universidade de LisboaBRIZIDA CASTRO, RAQUEL2024-01-16T22:54:10Z20202020-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/61828porIn: Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa: Lisbon Law Review, Vol. 61, nº 1: COVID-19 e o Direito (2020), 0870-3116. - p. 645-6790870-3116info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-01-22T01:20:38Zoai:repositorio.ul.pt:10451/61828Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T01:56:17.386453Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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