Recomendações Portuguesas para a Abordagem Multidisciplinar da Hemorragia Obstétrica - Elaboradas por Grupo Multidisciplinar de Consensos 2017
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Data de Publicação: | 2018 |
Outros Autores: | , , , , , , , , , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://doi.org/10.25751/rspa.14811 |
Resumo: | Estes consensos têm como objetivo fornecer uma ferramenta alicerçada na evidência científica atual, que possa ter aplicabilidade prática e que contribua para a abordagem multidisciplinar, transversal e sistemática, da hemorragia em obstetrícia. Constituem uma revisão das recomendações existentes, visando facilitar a sua divulgação e implementação, e introduzir consistência na prática clínica. Estas orientações foram elaboradas, sob a égide da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia, por consenso multidisciplinar, entre especialistas de Anestesiologia, Ginecologia/Obstetrícia, Imunohemoterapia e Hematologia. A hemorragia em obstetrícia é a principal causa de morbimortalidade materna, mesmo em países desenvolvidos, sendo a causa mais evitável de mortalidade. A hemorragia pós-parto é a sua forma mais frequente (5% - 10% dos partos), tendo vindo a aumentar na última década. Os fatores que contribuem para outcomes adversos são: atraso no tratamento pela subestimação das perdas, atraso na disponibilidade de componentes sanguíneos, ausência de algoritmos de atuação, falta de conhecimentos/treino, comunicação interdisciplinar insuficiente e organização inadequada. É fundamental identificar os fatores de risco para hemorragia obstétrica. A definição clássica de hemorragia pós-parto minor é perdas sanguíneas > 500 mL após parto vaginal e > 1000 mL após cesariana e hemorragia pós-parto major com perdas > 1000 mL. A hemorragia pós-parto major pode, ainda, ser subdividida em moderada (1000-2000 mL) e severa (> 2000 mL), no entanto o American College of Obstetricians and Gynecologists reviu recentemente esta definição como sendo perdas sanguíneas cumulativas ≥ 1000 mL ou perdas hemáticas acompanhadas de sinais e sintomas de hipovolemia nas 24 horas após o parto. Esta definição vai de encontro à definição de hemorragia massiva da European Society of Anesthesiologists e da Direção Geral de Saúde. Todas as Unidades Obstétricas devem ter um protocolo institucional multidisciplinar para gestão da hemorragia em obstetrícia, devendo envolver precocemente uma equipa multidisciplinar. Este protocolo deve dar origem a um algoritmo de atuação, prático e sucinto, cujo objetivo é sistematizar e organizar a resposta dos profissionais e da instituição, de acordo com a gravidade da hemorragia. É recomendável monitorização “point-of-care” para orientação terapêutica e a possibilidade de utilização imediata de ácido tranexâmico, concentrado de fibrinogénio e balões hemostáticos. Todos os profissionais envolvidos nos cuidados maternos devem realizar regularmente treino multidisciplinar na hemorragia em obstetrícia. |
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Recomendações Portuguesas para a Abordagem Multidisciplinar da Hemorragia Obstétrica - Elaboradas por Grupo Multidisciplinar de Consensos 2017Recomendações Portuguesas para a Abordagem Multidisciplinar da Hemorragia Obstétrica - Elaboradas por Grupo Multidisciplinar de Consensos 2017Artigo de ConsensoEstes consensos têm como objetivo fornecer uma ferramenta alicerçada na evidência científica atual, que possa ter aplicabilidade prática e que contribua para a abordagem multidisciplinar, transversal e sistemática, da hemorragia em obstetrícia. Constituem uma revisão das recomendações existentes, visando facilitar a sua divulgação e implementação, e introduzir consistência na prática clínica. Estas orientações foram elaboradas, sob a égide da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia, por consenso multidisciplinar, entre especialistas de Anestesiologia, Ginecologia/Obstetrícia, Imunohemoterapia e Hematologia. A hemorragia em obstetrícia é a principal causa de morbimortalidade materna, mesmo em países desenvolvidos, sendo a causa mais evitável de mortalidade. A hemorragia pós-parto é a sua forma mais frequente (5% - 10% dos partos), tendo vindo a aumentar na última década. Os fatores que contribuem para outcomes adversos são: atraso no tratamento pela subestimação das perdas, atraso na disponibilidade de componentes sanguíneos, ausência de algoritmos de atuação, falta de conhecimentos/treino, comunicação interdisciplinar insuficiente e organização inadequada. É fundamental identificar os fatores de risco para hemorragia obstétrica. A definição clássica de hemorragia pós-parto minor é perdas sanguíneas > 500 mL após parto vaginal e > 1000 mL após cesariana e hemorragia pós-parto major com perdas > 1000 mL. A hemorragia pós-parto major pode, ainda, ser subdividida em moderada (1000-2000 mL) e severa (> 2000 mL), no entanto o American College of Obstetricians and Gynecologists reviu recentemente esta definição como sendo perdas sanguíneas cumulativas ≥ 1000 mL ou perdas hemáticas acompanhadas de sinais e sintomas de hipovolemia nas 24 horas após o parto. Esta definição vai de encontro à definição de hemorragia massiva da European Society of Anesthesiologists e da Direção Geral de Saúde. Todas as Unidades Obstétricas devem ter um protocolo institucional multidisciplinar para gestão da hemorragia em obstetrícia, devendo envolver precocemente uma equipa multidisciplinar. Este protocolo deve dar origem a um algoritmo de atuação, prático e sucinto, cujo objetivo é sistematizar e organizar a resposta dos profissionais e da instituição, de acordo com a gravidade da hemorragia. É recomendável monitorização “point-of-care” para orientação terapêutica e a possibilidade de utilização imediata de ácido tranexâmico, concentrado de fibrinogénio e balões hemostáticos. Todos os profissionais envolvidos nos cuidados maternos devem realizar regularmente treino multidisciplinar na hemorragia em obstetrícia.These consensuses aim to provide a tool, based on the current scientific evidence, which can have practical applicability and that contributes to the multidisciplinary, transversal and systematic approach, of hemorrhage in obstetrics. They constitute a review of existing recommendations, to facilitate their dissemination and implementation, and to introduce consistency into clinical practice. These guidelines were elaborated, under the sponsorship of the Portuguese Society of Anesthesiology, by a multidisciplinary consensus, between Anesthesiology, Gynecology and Obstetrics, Immunohemotherapy and Hematology experts. Hemorrhage in obstetrics is the leading cause of maternal morbidity and mortality, even in developed countries, but also the most preventable. Postpartum hemorrhage is its most frequent form (5% - 10% of births) and has increased in the last decade. The factors that contribute the most to adverse outcomes are: delayed treatment due to the underestimation of losses, delayed availability of blood products, absence of performance algorithms, insufficient knowledge/training, inadequate interdisciplinary communication and scarce organization. It is essential to identify the risk factors for obstetric hemorrhage. The classic definition of minor postpartum hemorrhage is blood loss > 500 mL after vaginal delivery and > 1000 mL after cesarean section; and major postpartum hemorrhage with losses > 1000 mL. Major postpartum hemorrhage can also be subdivided into moderate (1000-2000 mL) and severe (> 2000 mL), however the American College of Obstetricians and Gynecologists recently revised this definition as ≥1000 mL cumulative blood losses or blood loss accompanied by signs and symptoms of hypovolemia within 24 hours of delivery. This definition comes to meet the definition of massive hemorrhage by the European Society of Anesthesiologists and the Direção Geral de Saúde. All Obstetric Units must have a multidisciplinary institutional protocol for the management of hemorrhage in obstetrics, that should contemplate the early involvement of a multidisciplinary team. This protocol should originate an algorithm, whose objective is to systematize and organize professional and institutional responses, according to the severity of the hemorrhage, in a hands-on concise way. Point-of-care monitoring is recommended for therapeutic guidance and also the possibility of immediate use of tranexamic acid, fibrinogen concentrate and hemostatic balloons. All professionals involved in maternal care should regularly perform multidisciplinary training in obstetric hemorrhage.Sociedade Portuguesa de Anestesiologia2018-03-30T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.25751/rspa.14811por0871-6099Carvalhas, JoanaAlves, CláudiaTavares Ferreira, CátiaSantos Silva, IsabelCosta, Fernando JorgePalmira Almeida, JoanaGuedes, IsabelAguiar, JoséVilhena, Isabel RuteLança, FilipaRodrigues, Anabelainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-09-23T15:34:45Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/14811Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T16:04:13.603517Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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