Bullying e burnout: Estudo com enfermeiros gestores

• Autor(a) principal: Castro, Gildo Leandro Sousa
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.26/43413
• topic: Bullying; Burnout; Enfermeiros; Gestão de pessoas; Hospital; Domínio/Área Científica::Ciências Médicas::Ciências da Saúde; Enfermagem

Ao trabalho têm sido associados riscos físicos e psicológicos (OIT, 2021). Este constitui um dos principais fatores de degradação da saúde, incluindo a saúde mental (Areosa & Queirós, 2020). Salientam-se, neste contexto, os fenómenos do bullying e da síndrome de burnout (Bakhamis et al., 2019). A conjuntura laboral, na área da saúde, é propensa ao seu desenvolvimento (Faria et al., 2019; DGS, 2020). A evidência científica tem revelado que são uma realidade vivenciada pelos enfermeiros, com consequências negativas para a saúde mental destes profissionais e, consequentemente, para qualidade e segurança dos cuidados de enfermagem (Xian et al., 2019; Karatuna, 2020). Além disso, a pandemia por COVID-19 provocou alterações no universo laboral dos enfermeiros. Integrada no Health Work Project International, da Escola Superior de Enfermagem do Porto/Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, esta pesquisa teve como objetivos identificar a prevalência de bullying nos Enfermeiros gestores e os tipos de comportamentos mais frequentes; identificar os níveis de burnout nos Enfermeiros gestores; analisar a relação entre bullying e burnout em função das variáveis sociodemográficas e profissionais e, analisar a relação entre bullying e burnout. Trata-se de uma investigação quantitativa, do tipo descritivo, correlacional e transversal. Aplicou-se por intermédio do Google Forms e com recurso a uma amostra de conveniência um questionário para caracterização sociodemográfica e profissional; o Negative Acts Questionaire Revised- NAQ-R (Einarsen & Hoel, 2001; Borges & Ferreira, 2015) e o Burnout Assessment Tool- BAT (Schaufeliet al., 2020). Participaram de forma anónima e voluntária 63 Enfermeiros gestores de um Centro Hospitalar, do Norte de Portugal, destes 43% mulheres, 51% casados, 55% com filhos e tendo por média de idades 51,9 anos. Encontrou-se uma prevalência de bullyingde 28,6% no critério 1 do NAQ-R, de 11,1% no Critério 2 e, de 7,9% no Critério 3. Sendo os comportamentos de bullying mais frequentes os da Exclusão. Constatou-se que os Enfermeiros gestores mais novos, com menos tempo de experiência profissional e no cargo atual, com horário de trabalho rotativo e que pertenciam no que se refere, ao local de trabalho (Departamento) à categoria Outros evidenciaram níveis superiores de Subvalorização do trabalho. Observaram-se níveis moderados de burnout nos Enfermeiros gestores, com destaque para a Exaustão; as mulheres apresentaram média mais elevada de Angústia psicológica; os enfermeiros mais velhos e com horário rotativo níveis mais elevados de Exaustão e, os enfermeiros com menos tempo de experiência profissional scores mais altos de Exaustão, Incapacidade controlo cognitivo e Angústia psicológica. A existência de uma correlação significativa e positiva entre todas as subescalas do NAQ-R e do BAT ficou evidenciada. Os resultados confirmam que o bullying e a síndrome de burnout são uma realidade nos enfermeiros gestores. Estratégias que visem a sua prevenção são uma necessidade urgente. Sugere-se assim o investimento em políticas na área da saúde ocupacional, nomeadamente, o investimento na formação e consciencialização dos Enfermeiros gestores relativamente aos riscos psicossociais, nas condições de trabalho, na promoção de ambientes organizacionais positivos e, por último, no apoio às vítimas.