Mindfulness, Autocompaixão e Bem-Estar Espiritual na Depressão Crónica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, José Eduardo Ramadas da
Data de Publicação: 2015
Outros Autores: Simões, Sónia (Orientadora)
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://repositorio.ismt.pt/handle/123456789/560
Resumo: A depressão é uma das principais causas de incapacidade a nível mundial. Vários investigadores e técnicos de saúde mental estão em concordância que a prática de mindfulness, a promoção de autocompaixão e o bem-estar espiritual são benéficas para indivíduos que sofrem de vários problemas, nomeadamente a depressão. Este estudo procurou analisar as associações entre os índices de compaixão, mindfulness e bem-estar espiritual na Depressão Crónica, durante e após uma intervenção terapêutica (em comunidade terapêutica, em regime de internamento durante um período de 6 a 8 meses), numa amostra com diagnóstico de perturbação depressiva persistente. O protocolo foi composto pelos seguintes instrumentos: Inventário Depressivo de Beck (BDI II), Questionário das Cinco Facetas de Mindfulness (QCFM), Escala de Autocompaixão (SELFCS) e Questionário de Bem-Estar Espiritual (QBEE). Nesta investigação participaram 63 sujeitos com idades entre os 15 e os 57 os anos (M = 32,84, DP = 10,24), entre os quais 28 são do sexo feminino e 35 são do sexo masculino, divididos em dois grupos: durante e após tratamento. Um dos grupos foi composto por 32 sujeitos que estavam a beneficiar da intervenção terapêutica e do outro grupo fizeram parte 31 sujeitos que já tinham concluído a intervenção pelo menos há um ano. Os principais resultados demonstraram que existem diferenças nas variáveis mindfulness, autocompaixão, bem-estar espiritual e depressão em função do sexo, da existência de tratamentos psiquiátricos anteriores, do grupo de pertença (durante e após a intervenção) e dos níveis de depressão. Assim, o grupo após intervenção apresenta maiores níveis de mindfulness e autocompaixão (condição humana) e menores níveis de sobreidentificação (dimensão da autocompaixão, com a qual mantém uma relação oposta), comparativamente ao grupo durante o tratamento. Por fim, destacam-se como preditores de menor depressão as dimensões de mindfulness (Não reagir, Não julgar) e do Bem-estar espiritual (Bem-estar pessoal) e, como preditor de maior depressão, sobretudo a dimensão autocrítica (dimensão da autocompaixão). Em conclusão, estes resultados vão no mesmo sentido da literatura existente sobre a relação entre as variáveis em estudo e a psicopatologia. Assim, a discussão dos resultados reforçou as novas abordagens “positivistas”, podendo ainda ser um contributo para o aperfeiçoamento de programas de prevenção na recaída da depressão. / Depression is one of the main causes of incapacity worldwide. Several researchers and mental health professionals are in agreement that the practice of mindfulness, promotion of self-compassion and spiritual well-being are beneficial for individuals suffering from various problems, namely depression. This study sought to analyze the associations between compassion, mindfulness and spiritual well-being indexes, during and after a therapeutic intervention. Patients were treated in a residential therapeutic community for a period of six to eight months. They had been diagnosed with chronicle depression disorder. The protocol was composed of the following instruments: Beck Depression Inventory (BDI II), Questionnaire of the Five Facets of Mindfulness (QFFM), Self-Compassion Scale (SELFCS) and Spiritual Well-Being Questionnaire (SWBQ). This research included 63 participants, between 15 and 50 years old (M = 32.84, SD = 10.24), 28 females and 35 male, divided into two groups: during and after treatment. One of the groups included 32 participants that continued to benefit from the therapeutic intervention and another included 31 participants that have already concluded the intervention less than a year ago. The main results showed that there are differences in the variables (mindfulness, selfcompassion, spiritual well-being and depression) according to sex, the existence of previous psychiatric treatment, the group (during and after the intervention) and depression levels results showed aspects relevant to the investigation. The group after the intervention has higher levels of mindfulness and self-compassion (common humanity) and lower levels of over-identification (self-compassion dimension, with which has the opposite relationship) compared to the group during the treatment. Finally, it stands out as predictors of minor depression dimensions of mindfulness (do not react, do not judge) and spiritual well-being (personal well-being) and as a predictor of major depression, especially self-judgment dimension (self-compassion dimension). In conclusion, these results along similar lines of the existing literature on the relationship between the study variables and psychopathology. The discussion allowed to highlight the new “positive” approaches to the conceptualization of depression as a much more than a negative state that must be “repaired”.
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O protocolo foi composto pelos seguintes instrumentos: Inventário Depressivo de Beck (BDI II), Questionário das Cinco Facetas de Mindfulness (QCFM), Escala de Autocompaixão (SELFCS) e Questionário de Bem-Estar Espiritual (QBEE). Nesta investigação participaram 63 sujeitos com idades entre os 15 e os 57 os anos (M = 32,84, DP = 10,24), entre os quais 28 são do sexo feminino e 35 são do sexo masculino, divididos em dois grupos: durante e após tratamento. Um dos grupos foi composto por 32 sujeitos que estavam a beneficiar da intervenção terapêutica e do outro grupo fizeram parte 31 sujeitos que já tinham concluído a intervenção pelo menos há um ano. Os principais resultados demonstraram que existem diferenças nas variáveis mindfulness, autocompaixão, bem-estar espiritual e depressão em função do sexo, da existência de tratamentos psiquiátricos anteriores, do grupo de pertença (durante e após a intervenção) e dos níveis de depressão. Assim, o grupo após intervenção apresenta maiores níveis de mindfulness e autocompaixão (condição humana) e menores níveis de sobreidentificação (dimensão da autocompaixão, com a qual mantém uma relação oposta), comparativamente ao grupo durante o tratamento. Por fim, destacam-se como preditores de menor depressão as dimensões de mindfulness (Não reagir, Não julgar) e do Bem-estar espiritual (Bem-estar pessoal) e, como preditor de maior depressão, sobretudo a dimensão autocrítica (dimensão da autocompaixão). Em conclusão, estes resultados vão no mesmo sentido da literatura existente sobre a relação entre as variáveis em estudo e a psicopatologia. Assim, a discussão dos resultados reforçou as novas abordagens “positivistas”, podendo ainda ser um contributo para o aperfeiçoamento de programas de prevenção na recaída da depressão. / Depression is one of the main causes of incapacity worldwide. Several researchers and mental health professionals are in agreement that the practice of mindfulness, promotion of self-compassion and spiritual well-being are beneficial for individuals suffering from various problems, namely depression. This study sought to analyze the associations between compassion, mindfulness and spiritual well-being indexes, during and after a therapeutic intervention. Patients were treated in a residential therapeutic community for a period of six to eight months. They had been diagnosed with chronicle depression disorder. The protocol was composed of the following instruments: Beck Depression Inventory (BDI II), Questionnaire of the Five Facets of Mindfulness (QFFM), Self-Compassion Scale (SELFCS) and Spiritual Well-Being Questionnaire (SWBQ). This research included 63 participants, between 15 and 50 years old (M = 32.84, SD = 10.24), 28 females and 35 male, divided into two groups: during and after treatment. One of the groups included 32 participants that continued to benefit from the therapeutic intervention and another included 31 participants that have already concluded the intervention less than a year ago. The main results showed that there are differences in the variables (mindfulness, selfcompassion, spiritual well-being and depression) according to sex, the existence of previous psychiatric treatment, the group (during and after the intervention) and depression levels results showed aspects relevant to the investigation. The group after the intervention has higher levels of mindfulness and self-compassion (common humanity) and lower levels of over-identification (self-compassion dimension, with which has the opposite relationship) compared to the group during the treatment. Finally, it stands out as predictors of minor depression dimensions of mindfulness (do not react, do not judge) and spiritual well-being (personal well-being) and as a predictor of major depression, especially self-judgment dimension (self-compassion dimension). In conclusion, these results along similar lines of the existing literature on the relationship between the study variables and psychopathology. 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