Importância da água nas sociedades nómadas do sul do Cunene, Angola, em tempo de escassez

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Chambel, António
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/33209
Resumo: Os povos do sul da província do Cunene, no sul de Angola, pertencem a diversas etnias e estão divididos em várias tribos com uma língua base comum, mas, muitas vezes, com dialetos próprios, pelo que, na sua generalidade, se fazem entender. Sendo povos que praticamente não praticam a agricultura, e que têm o seu circuito económico e interação social baseados, não na moeda do país, mas em trocas de bens, e em que o gado assume um estatuto de poder que marca praticamente todos os aspetos da sua vida, como nascimentos, casamentos ou falecimentos, a água é uma necessidade permanente principalmente para dois fins: o consumo humano e o consumo do gado. A água que utilizam é praticamente toda subterrânea, principalmente nos períodos de maior necessidade, pois apenas o rio Cunene, na fronteira com a Namíbia, é um rio permanente. Todos os outros são rios temporários e com bastantes sinais de terem regime torrencial quando chove, o que se percebe pela dimensão dos sedimentos que preenchem o leito, alguns com blocos ou seixos de grandes dimensões, sendo que os sedimentos mais finos são areias grosseiras nas zonas mais planas. Com base neste tipo de regime hídrico, e estando todo este território praticamente sobre rochas ígneas e metamórficas fraturadas, com muito pouco solo e uma espessura de alteração muito reduzida, que não permite a escavação de poços à mão com as ferramentas muito rudimentares que as populações possuem, as populações baseiam as suas captações, em toda a época seca, em poços escavados ou pequenas charcas, que são normalmente executados/as nas margens dos rios ou mesmo no leito seco dos mesmos, onde algum aluvião menos grosseiro permite a escavação. Isto implica que, aquando das cheias, durante os cerca de 3 meses de época pluviosa, uma grande parte dessas captações fique cheia de sedimentos, pelo que todos os anos voltam a escavar, ou no mesmo local (reabrir as captações), ou iniciam nova escavação noutro local próximo.
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