Implicações económicas dos gradados no sistema de drenagem de águas residuais de um município

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Jesus, Ana Rita Ramos Simões de
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.26/39928
Resumo: As últimas décadas têm demonstrado que as alterações no consumo modificaram o tipo de efluentes domésticos, com maior quantidade de resíduos que não eram esperados aquando o dimensionamento das redes de drenagem. As entidades gestoras debatem-se hoje com problemas económicos devido às sucessivas avarias em equipamentos e ao acréscimo da manutenção e operação nas Estações de Tratamento de Águas Residuais. Aparentemente, é o resultado do desconhecimento da população relativamente ao uso correto dos sistemas públicos. Relacionando a perceção da comunidade com a rejeição de resíduos através destes meios, é possível definir a atitude das empresas que, optando pela mitigação ou pela adaptação à evolução das populações, minimizem os danos económicos que este problema possa causar tanto às entidades gestoras como aos utilizadores.Com o objetivo de investigar a perceção da comunidade perante este problema, foram distribuídos inquéritos à comunidade e recolhidos dados da empresa Águas da Figueira, gestora destas redes no Município da Figueira da Foz.A análise revelou que a maioria das reclamações estão relacionadas com encravamentos provocados pelo excesso de gradados nas redes de drenagem, indicando que o problema é real neste município. O princípio poluidor-pagador é de difícil aplicação porque 72% destes resíduos passam para os coletores gerais, impossibilitando a sua rastreabilidade até um único utilizador. Os cálculos da cobertura de gastos revelam que os rendimentos tarifários não são suficientes para cobrir todos os gastos, em 3%, associados à gestão do sistema de drenagem e tratamento das águas residuais.Apesar de todos concordarem com o dever cívico na correta utilização do sistema, 67% acha que é o utilizador que deve pagar o prejuízo que causou e 42% acha que é a entidade, e mais de metade dos inquiridos não se dispõe a pagar mais que a quantia que paga atualmente. Apenas 11% acha que não devem ser colocados resíduos no sistema, demonstrando um elevadíssimo nível de desconhecimento. Os resíduos referenciados mais vezes como os que poderiam ser colocados na rede são: borras de café, cabelos, água de lavagens de viaturas, água de caleiras, papel higiénico e detergentes. Ainda 9,7% admite que cotonetes, toalhetes, pensos, tampões, algodão e compressas poderão ser rejeitados nos efluentes domésticos. Os resíduos passíveis de serem colocados na rede sem que causem danos muito severos, são os detergentes e são esses os que se referem mais vezes pelos inquiridos. Os grupos da população que demonstram mais desconhecimento são: género masculino, os mais jovens e os residentes no centro urbano.Foram também entrevistados técnicos e responsáveis do sector que, pela sua experiência, revelaram qual a postura mais adequada das empresas, perante este problema e perante os seus clientes. Verificou-se que existem diferentes formas de abordar o problema, dependendo da dimensão da empresa. A necessidade na adequação do sistema a estes novos efluentes obriga as empresas a grandes investimentos. As entidades de maior dimensão, que não podem aumentar os rendimentos tarifários e que têm muitos equipamentos de grande dimensão, tendem escolher a via da mitigação do problema, investindo nas campanhas de sensibilização na expectativa de diminuição de resíduos indevidos. As entidades de menor dimensão, como a Águas da Figueira, podem ainda adaptar-se, adquirindo equipamentos mais evoluídos, mas, este caso em concreto, necessita de melhorar as suas campanhas.A aplicação das duas atitudes em simultâneo, adaptação e mitigação, não é apenas benéfica para as empresas, mas também para os clientes que poderiam usufruir da revisão das tarifas de água.
id RCAP_55cb9835bfed538c2f2a932e9056ca56
oai_identifier_str oai:comum.rcaap.pt:10400.26/39928
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Implicações económicas dos gradados no sistema de drenagem de águas residuais de um municípioEfluentes domésticosEncravamentosSensibilização ambientalPrincípio poluidor pagadorfatura da águaAs últimas décadas têm demonstrado que as alterações no consumo modificaram o tipo de efluentes domésticos, com maior quantidade de resíduos que não eram esperados aquando o dimensionamento das redes de drenagem. As entidades gestoras debatem-se hoje com problemas económicos devido às sucessivas avarias em equipamentos e ao acréscimo da manutenção e operação nas Estações de Tratamento de Águas Residuais. Aparentemente, é o resultado do desconhecimento da população relativamente ao uso correto dos sistemas públicos. Relacionando a perceção da comunidade com a rejeição de resíduos através destes meios, é possível definir a atitude das empresas que, optando pela mitigação ou pela adaptação à evolução das populações, minimizem os danos económicos que este problema possa causar tanto às entidades gestoras como aos utilizadores.Com o objetivo de investigar a perceção da comunidade perante este problema, foram distribuídos inquéritos à comunidade e recolhidos dados da empresa Águas da Figueira, gestora destas redes no Município da Figueira da Foz.A análise revelou que a maioria das reclamações estão relacionadas com encravamentos provocados pelo excesso de gradados nas redes de drenagem, indicando que o problema é real neste município. O princípio poluidor-pagador é de difícil aplicação porque 72% destes resíduos passam para os coletores gerais, impossibilitando a sua rastreabilidade até um único utilizador. Os cálculos da cobertura de gastos revelam que os rendimentos tarifários não são suficientes para cobrir todos os gastos, em 3%, associados à gestão do sistema de drenagem e tratamento das águas residuais.Apesar de todos concordarem com o dever cívico na correta utilização do sistema, 67% acha que é o utilizador que deve pagar o prejuízo que causou e 42% acha que é a entidade, e mais de metade dos inquiridos não se dispõe a pagar mais que a quantia que paga atualmente. Apenas 11% acha que não devem ser colocados resíduos no sistema, demonstrando um elevadíssimo nível de desconhecimento. Os resíduos referenciados mais vezes como os que poderiam ser colocados na rede são: borras de café, cabelos, água de lavagens de viaturas, água de caleiras, papel higiénico e detergentes. Ainda 9,7% admite que cotonetes, toalhetes, pensos, tampões, algodão e compressas poderão ser rejeitados nos efluentes domésticos. Os resíduos passíveis de serem colocados na rede sem que causem danos muito severos, são os detergentes e são esses os que se referem mais vezes pelos inquiridos. Os grupos da população que demonstram mais desconhecimento são: género masculino, os mais jovens e os residentes no centro urbano.Foram também entrevistados técnicos e responsáveis do sector que, pela sua experiência, revelaram qual a postura mais adequada das empresas, perante este problema e perante os seus clientes. Verificou-se que existem diferentes formas de abordar o problema, dependendo da dimensão da empresa. A necessidade na adequação do sistema a estes novos efluentes obriga as empresas a grandes investimentos. As entidades de maior dimensão, que não podem aumentar os rendimentos tarifários e que têm muitos equipamentos de grande dimensão, tendem escolher a via da mitigação do problema, investindo nas campanhas de sensibilização na expectativa de diminuição de resíduos indevidos. As entidades de menor dimensão, como a Águas da Figueira, podem ainda adaptar-se, adquirindo equipamentos mais evoluídos, mas, este caso em concreto, necessita de melhorar as suas campanhas.A aplicação das duas atitudes em simultâneo, adaptação e mitigação, não é apenas benéfica para as empresas, mas também para os clientes que poderiam usufruir da revisão das tarifas de água.The last few decades have shown that changes in consumption have changed domestic effluents, with a greater amount of waste that was not expected when dimensioning drainage networks. The management entities are currently struggling with economic problems due to successive equipment failures and the increase in maintenance and operation at the Wastewater Treatment Plant. Apparently, it is the result of the population's lack of knowledge regarding the correct use of public systems. Relating the community's perception of waste rejection through these means, it is possible to define the attitude of companies, opting for mitigation or adaptation to the evolution of populations.Surveys were distributed to the community and were collected data from the company Águas da Figueira, manager of these networks in the municipality of Figueira da Foz.The analysis revealed that the majority of complaints are related to jams caused by excessive waste, indicating that the problem is real. The polluter-pays principle is difficult to apply because 72% of this waste passes to general collectors, making it impossible to trace it to a single user. Calculations of coverage of expenses reveal that the tariff yields are not sufficient to cover all expenses, in 3%, associated with the management of the drainage system and treatment of wastewater.Although everyone agrees with the civic duty in the correct use of the system, 67% think that it is the user who must pay the damage and 42% think that it is the entity, and more than half of the respondents are not willing to pay more than the amount that currently pays. Only 11% think that waste should not be placed in the system, demonstrating a very high level of ignorance. The residues referred more often that could be placed in the network are: coffee grounds, hair, car wash water, gutter water, toilet paper and detergents. Still 9,7% admit that cotton swabs, wipes, dressings, tampons, cotton and compresses may be discarded in domestic effluents. The population groups that demonstrate the most ignorance are: male, the youngest and the residents in the urban center.Technicians and managers of the sector were also interviewed, who, according to their experience, revealed to qualify the most appropriate posture of companies, in the face of this problem and their customers. It was found that there are different ways to approach the problem, depending on the size of the company.The need to adapt the system to these new effluents requires companies to make large investments. Larger entities, which have a lot of large equipment, tend to choose the way to mitigate the problem, investing in awareness campaigns in the expectation of reducing undue waste. Smaller entities, such as Águas da Figueira, can still adapt, acquiring more advanced equipment, but this particular case requires improvement according to their campaigns.The application of both attitudes at the same time, adaptation and mitigation, is not only beneficial for companies, but also for customers who benefit from the revision of water tariffs.Dinis, Maria Isabel RibeiroRepositório ComumJesus, Ana Rita Ramos Simões de2022-03-30T11:34:10Z2021-03-25T00:00:00Z2021-03-25T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.26/39928202977587porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-09-05T15:41:46Zoai:comum.rcaap.pt:10400.26/39928Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T15:17:28.264224Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Implicações económicas dos gradados no sistema de drenagem de águas residuais de um município
title Implicações económicas dos gradados no sistema de drenagem de águas residuais de um município
spellingShingle Implicações económicas dos gradados no sistema de drenagem de águas residuais de um município
Jesus, Ana Rita Ramos Simões de
Efluentes domésticos
Encravamentos
Sensibilização ambiental
Princípio poluidor pagador
fatura da água
title_short Implicações económicas dos gradados no sistema de drenagem de águas residuais de um município
title_full Implicações económicas dos gradados no sistema de drenagem de águas residuais de um município
title_fullStr Implicações económicas dos gradados no sistema de drenagem de águas residuais de um município
title_full_unstemmed Implicações económicas dos gradados no sistema de drenagem de águas residuais de um município
title_sort Implicações económicas dos gradados no sistema de drenagem de águas residuais de um município
author Jesus, Ana Rita Ramos Simões de
author_facet Jesus, Ana Rita Ramos Simões de
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Dinis, Maria Isabel Ribeiro
Repositório Comum
dc.contributor.author.fl_str_mv Jesus, Ana Rita Ramos Simões de
dc.subject.por.fl_str_mv Efluentes domésticos
Encravamentos
Sensibilização ambiental
Princípio poluidor pagador
fatura da água
topic Efluentes domésticos
Encravamentos
Sensibilização ambiental
Princípio poluidor pagador
fatura da água
description As últimas décadas têm demonstrado que as alterações no consumo modificaram o tipo de efluentes domésticos, com maior quantidade de resíduos que não eram esperados aquando o dimensionamento das redes de drenagem. As entidades gestoras debatem-se hoje com problemas económicos devido às sucessivas avarias em equipamentos e ao acréscimo da manutenção e operação nas Estações de Tratamento de Águas Residuais. Aparentemente, é o resultado do desconhecimento da população relativamente ao uso correto dos sistemas públicos. Relacionando a perceção da comunidade com a rejeição de resíduos através destes meios, é possível definir a atitude das empresas que, optando pela mitigação ou pela adaptação à evolução das populações, minimizem os danos económicos que este problema possa causar tanto às entidades gestoras como aos utilizadores.Com o objetivo de investigar a perceção da comunidade perante este problema, foram distribuídos inquéritos à comunidade e recolhidos dados da empresa Águas da Figueira, gestora destas redes no Município da Figueira da Foz.A análise revelou que a maioria das reclamações estão relacionadas com encravamentos provocados pelo excesso de gradados nas redes de drenagem, indicando que o problema é real neste município. O princípio poluidor-pagador é de difícil aplicação porque 72% destes resíduos passam para os coletores gerais, impossibilitando a sua rastreabilidade até um único utilizador. Os cálculos da cobertura de gastos revelam que os rendimentos tarifários não são suficientes para cobrir todos os gastos, em 3%, associados à gestão do sistema de drenagem e tratamento das águas residuais.Apesar de todos concordarem com o dever cívico na correta utilização do sistema, 67% acha que é o utilizador que deve pagar o prejuízo que causou e 42% acha que é a entidade, e mais de metade dos inquiridos não se dispõe a pagar mais que a quantia que paga atualmente. Apenas 11% acha que não devem ser colocados resíduos no sistema, demonstrando um elevadíssimo nível de desconhecimento. Os resíduos referenciados mais vezes como os que poderiam ser colocados na rede são: borras de café, cabelos, água de lavagens de viaturas, água de caleiras, papel higiénico e detergentes. Ainda 9,7% admite que cotonetes, toalhetes, pensos, tampões, algodão e compressas poderão ser rejeitados nos efluentes domésticos. Os resíduos passíveis de serem colocados na rede sem que causem danos muito severos, são os detergentes e são esses os que se referem mais vezes pelos inquiridos. Os grupos da população que demonstram mais desconhecimento são: género masculino, os mais jovens e os residentes no centro urbano.Foram também entrevistados técnicos e responsáveis do sector que, pela sua experiência, revelaram qual a postura mais adequada das empresas, perante este problema e perante os seus clientes. Verificou-se que existem diferentes formas de abordar o problema, dependendo da dimensão da empresa. A necessidade na adequação do sistema a estes novos efluentes obriga as empresas a grandes investimentos. As entidades de maior dimensão, que não podem aumentar os rendimentos tarifários e que têm muitos equipamentos de grande dimensão, tendem escolher a via da mitigação do problema, investindo nas campanhas de sensibilização na expectativa de diminuição de resíduos indevidos. As entidades de menor dimensão, como a Águas da Figueira, podem ainda adaptar-se, adquirindo equipamentos mais evoluídos, mas, este caso em concreto, necessita de melhorar as suas campanhas.A aplicação das duas atitudes em simultâneo, adaptação e mitigação, não é apenas benéfica para as empresas, mas também para os clientes que poderiam usufruir da revisão das tarifas de água.
publishDate 2021
dc.date.none.fl_str_mv 2021-03-25T00:00:00Z
2021-03-25T00:00:00Z
2022-03-30T11:34:10Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10400.26/39928
202977587
url http://hdl.handle.net/10400.26/39928
identifier_str_mv 202977587
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799130036871102464