Influence of habitat edges on spatial and temporal occurrence patterns of mesocarnivores in a Eucalyptus dominated landscape

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pereira, Rita de Almeida Videira
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: eng
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/56504
Resumo: Tese de Mestrado, Biologia da Conservação, 2022, Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências
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spelling Influence of habitat edges on spatial and temporal occurrence patterns of mesocarnivores in a Eucalyptus dominated landscapeCarnivoraEfeito de orlaContexto mediterrânicoFotoarmadilhagemUso do espaço e do tempoTeses de mestrado - 2022Domínio/Área Científica::Ciências Naturais::Ciências BiológicasTese de Mestrado, Biologia da Conservação, 2022, Universidade de Lisboa, Faculdade de CiênciasO crescimento populacional humano leva a rápidas e drásticas mudança na estrutura da paisagem, frequentemente como consequência da desflorestação e fragmentação. A fragmentação modifica a paisagem e divide-a em parcelas de habitats mais pequenas e isoladas, criando cada vez mais zonas de transição entre a matriz paisagística e as manchas de outros habitats, designadas por orlas. As orlas de habitat podem afetar a distribuição e diversidade das espécies, a abundância local das populações e os movimentos individuais, e, consequentemente, influenciar as interações entre as espécies, induzindo efeitos em cascata no seio das comunidades. As orlas tanto podem constituir barreiras ao movimento de certas espécies, ser utilizadas como corredores durante as deslocações dos indivíduos. Podem também expor os organismos a diferentes condições abióticas e bióticas, promovendo a interação entre espécies que de outra maneira não ocorreriam. A abundância de certas espécies pode aumentar perto das orlas se estas as utilizarem como corredores para se deslocarem para habitats mais favoráveis ou se os dois habitats adjacentes providenciarem recursos diferentes. Os efeitos negativos das orlas são muitas vezes associados a espécies especialistas (no uso de determinados habitats ou presas), que tendem a evitar as orlas. Assim, e tendo em conta o cada vez mais rápido aumento destas estruturas paisagísticas, é importante e urgente compreender os seus efeitos, nomeadamente para espécies de mesocarnívoros; não só pela falta de informação que existe em relação a este grupo no que diz respeito às suas respostas às orlas de habitat, como pelos importantes papéis funcionais que desempenham nos ecossistemas. Para abordar esta temática, este estudo foi realizado em duas herdades da Navigator Company, S.A. - Caniceira e Zambujo - cujas paisagens são dominadas por plantações de eucalipto, mas que também apresentam manchas de vegetação natural e outras plantações, que contribuem para uma paisagem bastante heterogénea e rica em orlas de habitat. Neste estudo, comparando as orlas com o interior dos habitats, pretendemos estudar se, e como, as orlas influenciam a comunidade de mesocarnívoros a três níveis distintos: i) Temporalmente, estudando os padrões de atividade de cada espécie e o nível de sobreposição temporal entre cada par de espécies, ii) Espacialmente, recorrendo a modelos GLM para investigar se as características das orlas e outras variáveis ou fatores ambientais podem estar a promover eventuais alterações na abundância relativa das espécies, e iii) Espácio-temporalmente, avaliando o intervalo de tempo entre encontros de cada par de espécies presentes em ambas as zonas. Para tal, 18 dispositivos de foto-armadilhagem (câmaras fotográficas) foram distribuídos por cada herdade, metade das quais instaladas em orlas de habitat, definidas como a linha ou área, identificável no campo, que separa dois habitats adjacentes (eucaliptal – linha de água, eucaliptal-montado, eucaliptal-pinhal, montado-linha de água) e a outra metade no interior do habitat matriz (eucaliptal, montado, linha de água), separadas por, pelo menos, 500 metros. As armadilhas fotográficas estiveram ativas 24 horas por dia, sem isco, entre Julho de 2020 e Janeiro de 2021, de modo a monitorizar a comunidade de mesocarnívoros, com foco nas seguintes espécies: raposa (Vulpes vulpes), fuinha (Martes foina), texugo europeu (Meles meles) e geneta (Genetta genetta). Num buffer de 200 metros em torno de cada armadilha fotográfica, foram recolhidos dados ambientais divididos em 7 categorias: características da orla, fontes de alimento, fonte de água, orografia, estrutura do habitat, composição do cobertura do solo e perturbações antropogénicas. Para recolher informação acerca das fontes de alimento para estes predadores, como sejam os pequenos mamíferos e os invertebrados, foram colocadas, respetivamente, armadilhas Sherman com isco e armadilhas pitfall, ativas durante 3 noites na herdade da Caniceira e 4 noites na herdade do Zambujo, em cada tipo de orla e de interior de habitat. No que diz respeito à dimensão temporal, os mesocarnívoros estudados, reconhecidamente com uma atividade maioritariamente noturna, mostram ter dois picos, um ao anoitecer e outro ao amanhecer, mais pronunciados nas orlas de habitat do que no interior. Uma explicação plausível para este padrão poderá estar associada ao facto das orlas de habitat serem áreas mais abertas com menos vegetação herbácea e arbórea, logo com menos recursos e esconderijos. Assim, os mesocarnívoros utilizam sobretudo as orlas para se movimentarem entre os habitats onde repousam durante o dia e os habitats onde caçam durante a noite. Apresentam assim um pico ao anoitecer, quando vão em busca de alimento e outro pico ao anoitecer, quando voltam para os esconderijos onde passam o dia. Os pares de mesocarnívoros aparentam ter uma maior sobreposição no interior dos habitats demonstrando uma potencial agregação nestas zonas. Pensamos que tal pode acontecer pois o interior dos habitats apresentava, geralmente, uma maior percentagem de coberto arbóreo e esconderijos (i.e. buracos nos troncos das árvores e arbustos) que as orlas, que eram zonas abertas. Estas características permitem às espécies com capacidade arborícola alimentar-se e usar o mesmo espaço, e ao mesmo tempo, que as espécies de características não arborícolas, sem que se encontrem, evitando encontros agonísticos. Espacialmente, não foram observadas diferenças significativas entre as abundâncias nas orlas e no interior dos habitats. As variáveis relacionadas com a orla e com a estrutura do habitat mostraram não ser fatores determinantes para explicar a abundância relativa dos mesocarnívoros. Em vez disso, a composição do habitat (tipo e percentagem de cobertura do solo presentes em redor das armadilhas fotográficas) é o que mais influencia a maior abundância relativa de mesocarnívoros. Isto sugere que, nos contextos paisagísticos estudados, os mesocarnívoros podem não percecionar as orlas como uma barreira espacial ou como um tipo habitat diferente, mas sim, podem estar a utilizá-las apenas como um corredor para se movimentarem entre diferentes tipos de habitat, possivelmente por se tratar de espécies generalistas, o que se reflete no efeito neutro das orlas. A nível espácio-temporal, a comunidade de mesocarnívoros apresentou padrões de agregação tanto nas orlas como no interior dos habitats. A única exceção foi o par raposa e geneta, que mostraram evitar-se nas orlas de habitat. Acreditamos que esta segregação se deva ao facto de estas duas espécies partilharem nichos tróficos semelhantes. As orlas de habitat constituem uma unidade paisagística de pequena escala, com menos espaço disponível, sendo também uma área mais aberta pela menor cobertura arbustiva. Assim, a probabilidade de encontros entre as duas espécies, e consequentes confrontos, é consideravelmente maior. Assim sendo, esta segregação pode ser uma estratégia para promover a coexistência entre os dois mesocarnívoros. Este estudo contribuiu para demonstrar que os efeitos de orla nos mesocarnívoros ibéricos são específicos da espécie e do contexto paisagístico. No entanto, em geral, mostrou que os mesocarnívoros estudados se agregam, e têm uma maior sobreposição temporal, no interior dos habitats quando comparados com as orlas de habitats. No interior dos habitats também mostram picos de atividade menos pronunciados, que muitas vezes ocorreram mais tarde do que nas orlas. Também conseguimos detetar que o tipo de habitat (tipo e percentagem de cobertura do solo presentes em redor das armadilhas fotográficas) é mais importante do que as próprias orlas para explicar a variação na abundância relativa dos mesocarnívoros. Este conhecimento contribui para otimizar as medidas de gestão em ecossistemas alterados pelo ser humano, como áreas agrícolas e de plantações florestais, onde são criadas diferentes orlas, para garantir a conservação da biodiversidade, mantendo a rendibilidade económica. À medida que os habitats se tornam mais fragmentados, o número de orlas aumentam e estudos como este tornamse mais importantes. Pelo que sabemos, este é o primeiro estudo direcionado especificamente aos efeitos de orla em mesocarnívoros na Península Ibérica. Estudos futuros beneficiariam de uma amostragem a longo prazo incluindo várias estações do ano e uma avaliação simultânea da disponibilidade e consumo dos diferentes recursos alimentares em cada estação do ano e tipo de habitat. Também é necessária uma análise mais extensa sobre a ocupação do espaço, recorrendo, por exemplo a técnicas de geoposicionamento (colares com GPS), para uma compreensão, a escala fina e detalhada, de como os mesocarnívoros utilizam as diferentes unidades de paisagem, incluindo os diferentes tipos de orlas e interiores de habitats matriz.Human population growth leads to drastic changes in landscape structure that often results in fragmentation. Fragmentation modifies the landscape and divides it into smaller habitat patches, creating habitat edges. These can affect the distribution, diversity, abundance and movement of species and, consequently, influence interspecific interactions, inducing cascading effects into all communities. This study was carried out in two farmsteads, whose landscapes are dominated by Eucalyptus plantations but which also present a great fragmentation of natural habitats with patches of different land covers, contributing to a very heterogeneous landscape and rich in habitat edges. We placed18 camera-trapping devices in each farmstead, half on habitat edges and half in the habitat interiors to monitor the mesocarnivore community with a focus on the red fox (Vulpes vulpes), stone marten (Martes foina), European badger (Meles meles) and common genet (Genetta genetta). In a 200m around each camera, we collected environmental data divided into 7 categories: edge characteristics, food sources, water source, orography, habitat structure, land cover composition, and anthropogenic disturbances. To collect information about food sources, such as small mammals and invertebrates, Sherman and pitfall traps were placed, respectively, in each type of edge and habitat interior in a total of 6 sites in each farmstead. By comparing edges with habitat interiors, we intend to study how or if habitat edges influence mesocarnivores at three levels: i) Temporally, studying the change in activity and overlapping patterns, ii) Spatially, using GLMs to investigate which variables may be influencing the relative abundance of species at the edges and the interior habitats, and iii) Spatio-temporally, by investigating if there are changes in the interactions between the species’ pairs on habitat edges compared to habitat interiors. This study contributed to demonstrate that edge effects on Iberian mesocarnivores are species and landscape context-specific. However, in general, it showed that mesocarnivores aggregate and have a greater overlap of activity within interior habitats than in edge habitats. In the habitats interior mesocarnivores also showed less pronounced peaks of activity, often occurring later than at the edges of the habitats. We were also able to detect that the type of habitat is more important than the edges themselves in explaining the observed variation in the relative abundance of mesocarnivores. Knowledge gathered with this study contributes to the design of better management measures in humanaltered ecosystems, such as agricultural areas and forestry plantations, where different borders are created, to guarantee the conservation of biodiversity while maintaining economic profitability.Rosalino, Luís Miguel do CarmoReis, Margarida SantosRepositório da Universidade de LisboaPereira, Rita de Almeida Videira2023-03-01T18:04:12Z202220222022-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/56504enginfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T17:04:08Zoai:repositorio.ul.pt:10451/56504Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:07:02.402692Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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