A Cidade dos Extremos: Desigualdade Socioespacial em São Paulo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bogus, Lúcia
Data de Publicação: 2003
Outros Autores: Pasternak, Suzana
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://revistas.rcaap.pt/cct/article/view/9151
Resumo: O artigo tem como objetivo mostrar aspectos marcantes da desigualdade sacioespacial na cidade de São Paulo: as favelas, num extremo, e os condomínios fechados, noutro. Mostra a evolução da população na metrópole e na cidade de São Paulo e seu padrão de crescimento espacial, com maior crescimento da periferia pobre. A população da cidade está envelhecendo, embora a distribuição espacial da estrutura etária ainda conserve a periferia bem mais jovem que a centro. A associação renda- escolaridade -local de moradia é nítida: o anel periférico tem renda e escolaridade menor. O artigo descreve também a formação da cidade, sua forte expansão nos anos 40 primeiros anos do século XX e seu empobrecimento na virada do século. A segregação social, antes confinada à periferia, muda sua espacialização. As favelas crescem, constroem-se condomínios fechados mesmo em bairros mais pobres. Uma característica marcante da moradia paulistana neste início de século é o crescimento das favelas (a população favelada atinge mais de 10% da população municipal) e dos condomínios horizontais fechados (com mais de 2500 unidades laçadas na metrópole no ano 2000). O artigo conclui desmistificando alguns dos postulados sobre favelas e condomínios. O espaço favelado, embora tecido urbano com certa especificidade, tem muitas semelhanças com o espaço formal, e também constitui um mercado imobiliário. A população favela apresenta proporção de empregados formais igual à população total do município. As favelas são extremamente heterogéneas entre si, quer no que diz respeito ao espaço físico, quer no que diz respeito ao tipo de população residente. Em relação aos condomínios fechados, eles abrigam não só as elites, como também grupos sociais de menor renda, espalhando-se pela periferia pobre e poluída. A ausência do poder público, tal como nas favelas, torna este espaço urbano lócus de infrações. Uma semelhança entre os dois extremos, as favelas e os condomínios, está na negação dos valores democráticos da cidade, o respeito à lei, o direito à livre circulação, à existência de um espaço público e igualitário.
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A segregação social, antes confinada à periferia, muda sua espacialização. As favelas crescem, constroem-se condomínios fechados mesmo em bairros mais pobres. Uma característica marcante da moradia paulistana neste início de século é o crescimento das favelas (a população favelada atinge mais de 10% da população municipal) e dos condomínios horizontais fechados (com mais de 2500 unidades laçadas na metrópole no ano 2000). O artigo conclui desmistificando alguns dos postulados sobre favelas e condomínios. O espaço favelado, embora tecido urbano com certa especificidade, tem muitas semelhanças com o espaço formal, e também constitui um mercado imobiliário. A população favela apresenta proporção de empregados formais igual à população total do município. As favelas são extremamente heterogéneas entre si, quer no que diz respeito ao espaço físico, quer no que diz respeito ao tipo de população residente. Em relação aos condomínios fechados, eles abrigam não só as elites, como também grupos sociais de menor renda, espalhando-se pela periferia pobre e poluída. A ausência do poder público, tal como nas favelas, torna este espaço urbano lócus de infrações. Uma semelhança entre os dois extremos, as favelas e os condomínios, está na negação dos valores democráticos da cidade, o respeito à lei, o direito à livre circulação, à existência de um espaço público e igualitário.The article aims to show striking aspects of the spatial inequality in the city of São Paulo: the favelas, in one extreme, and the gated communities, in another. It shows the evolution of the population in the metropolis and the city of São Paulo and its pattern of spatial growth, with greater growth of the poor periphery. The population of the city is aging, although the spatial distribution of the age structure still retains the periphery as much younger than the center. The income-schooling-local association is clear: the peripheral ring ha lower income and schooling. The article also describes the formation of the city, its strong expansion in the first 40 years of the twentieth century and its impoverishment at the turn of the century. Social segregation, once confined to the periphery, changes its spatialization. The favelas grow, gated communities are built even in poorer neighbourhoods. A striking feature of São Paulo housing at the beginning of this century is the growth of favelas (the favela population reached more than 10% of the municipal population) and the closed gated communities (with more than 2,500 loosened units in the metropolis in the year 2000). The article concludes by demystifying some of the postulates about favelas and gated communities. The favelado space, albeit an urban fabric with a certain specificity, has many similarities with the formal space, and also constitutes a real estate market. The favela population presents a proportion of formal employees equal to the total population of the municipality. The favelas are extremely heterogeneous, both in terms of physical space and in terms of the type of resident population. In relation to gated communities, they shelter not only the elites, but also lower-income social groups, spreading over the poor and polluted periphery. The absence of the public power, as in the favelas, renders this urban space a locus for infractions. A similarity between the two extremes, favelas and condominiums, is the denial of the democratic values ​​of the city, respect for the law, the right to free movement, and the existence of a public and egalitarian space.O artigo tem como objetivo mostrar aspectos marcantes da desigualdade socioespacial na cidade de São Paulo: as favelas, num extremo, e os condomínios fechados, noutro. Mostra a evolução da população na metrópole e na cidade de São Paulo e seu padrão de crescimento espacial, com maior crescimento da periferia pobre. A população da cidade está envelhecendo, embora a distribuição espacial da estrutura etária ainda conserve a periferia bem mais jovem que a centro. A associação renda- escolaridade -local de moradia é nítida: o anel periférico tem renda e escolaridade menor. O artigo descreve também a formação da cidade, sua forte expansão nos anos 40 primeiros anos do século XX e seu empobrecimento na virada do século. A segregação social, antes confinada à periferia, muda sua espacialização. As favelas crescem, constroem-se condomínios fechados mesmo em bairros mais pobres. Uma característica marcante da moradia paulistana neste início de século é o crescimento das favelas (a população favelada atinge mais de 10% da população municipal) e dos condomínios horizontais fechados (com mais de 2500 unidades laçadas na metrópole no ano 2000). O artigo conclui desmistificando alguns dos postulados sobre favelas e condomínios. O espaço favelado, embora tecido urbano com certa especificidade, tem muitas semelhanças com o espaço formal, e também constitui um mercado imobiliário. A população favela apresenta proporção de empregados formais igual à população total do município. As favelas são extremamente heterogéneas entre si, quer no que diz respeito ao espaço físico, quer no que diz respeito ao tipo de população residente. Em relação aos condomínios fechados, eles abrigam não só as elites, como também grupos sociais de menor renda, espalhando-se pela periferia pobre e poluída. A ausência do poder público, tal como nas favelas, torna este espaço urbano lócus de infrações. Uma semelhança entre os dois extremos, as favelas e os condomínios, está na negação dos valores democráticos da cidade, o respeito à lei, o direito à livre circulação, à existência de um espaço público e igualitário.DINÂMIA'CET-Iscte2003-06-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://revistas.rcaap.pt/cct/article/view/9151por2182-3030Bogus, LúciaPasternak, Suzanainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-09-23T16:02:42Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/9151Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T16:04:47.874156Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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