Efeitos pleiotrópicos das estatinas: o porquê da utilização de altas dosagens de estatinas no pós enfarte de miocárdio
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2010 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10316/19491 |
Resumo: | O enfarte agudo do miocárdio é a principal causa de morte nos países industrializados. Em Portugal, apenas durante o ano de 2003, foram diagnosticados cerca de 13500 enfartes do miocárdio em pacientes admitidos nos serviços de urgência hospitalar, com uma taxa de mortalidade que atingiu os 14%. Os efeitos gerais observados com as estatinas aparentam ser superiores ao esperado apenas pela alteração dos níveis lipídicos, sugerindo benefícios para além da redução do colesterol. Estudos recentes indicam que efeitos independentes do colesterol, ou efeitos pleiotrópicos, envolvem a melhoria da função endotelial, o aumento da estabilidade das placas ateróscleróticas, a diminuição do stresse oxidativo e da inflamação, e também a inibição da resposta trombogénica. Recentemente, outros trabalhos parecem demonstrar que o uso de estatinas está associado a uma significativa descida na recorrência de eventos cardiovasculares em pacientes pós síndrome coronário agudo, quando comparados com as terapêuticas standard que não contemplam o uso de estatinas. Os principais objectivos deste trabalho foram, primeiro, abordar as bases fisiopatológicas dos efeitos independentes do colesterol, ou pleiotropicos, das estatinas. Secundariamente, é discutida a utilização terapêutica de doses moderadas e altas dosagens de estatinas no tratamento de um paciente pós enfarte do miocárdio, neste caso, numa perspectiva mais abrangente de um síndrome coronário agudo. Esta revisão baseou-se numa análise rigorosa da temática, à luz dos estudos experimentais, mas sobretudo clínicos, disponíveis na literatura. Pela análise dos estudos mais recentes, a abordagem inicial com estatinas no pós síndrome coronário agudo revela-se benéfica, e apesar de alguns trabalhos não mostrarem diferenças estatisticamente significativas, concluí-se que uma terapêutica inicial com estatinas será desejável. Relativamente ao efeito benéfico de uma terapêutica mais agressiva, esta abordagem continua a mostrar-se promissora dentro de limites, nos quais a redução dos níveis totais de colesterol plasmático não seja excessiva. Considerando que os efeitos pleiotrópicos das estatinas são mais claros numa fase precoce da terapêutica, potenciais benefícios em abordagens agressivas na fase aguda não poderão ser assegurados à luz dos dados actualmente disponíveis na literatura. Objectivamente, um efeito cardioprotector apenas se verificou em fases mais tardias do tratamento e a maioria dos trabalhos analisados falharam em testar a fase aguda pós síndrome coronário agudo não sendo possível retirar conclusões definitivas. |
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Efeitos pleiotrópicos das estatinas: o porquê da utilização de altas dosagens de estatinas no pós enfarte de miocárdioEnfarte do miocárdioInibidores da hidroximetil-glutaril-CoA reductasesO enfarte agudo do miocárdio é a principal causa de morte nos países industrializados. Em Portugal, apenas durante o ano de 2003, foram diagnosticados cerca de 13500 enfartes do miocárdio em pacientes admitidos nos serviços de urgência hospitalar, com uma taxa de mortalidade que atingiu os 14%. Os efeitos gerais observados com as estatinas aparentam ser superiores ao esperado apenas pela alteração dos níveis lipídicos, sugerindo benefícios para além da redução do colesterol. Estudos recentes indicam que efeitos independentes do colesterol, ou efeitos pleiotrópicos, envolvem a melhoria da função endotelial, o aumento da estabilidade das placas ateróscleróticas, a diminuição do stresse oxidativo e da inflamação, e também a inibição da resposta trombogénica. Recentemente, outros trabalhos parecem demonstrar que o uso de estatinas está associado a uma significativa descida na recorrência de eventos cardiovasculares em pacientes pós síndrome coronário agudo, quando comparados com as terapêuticas standard que não contemplam o uso de estatinas. Os principais objectivos deste trabalho foram, primeiro, abordar as bases fisiopatológicas dos efeitos independentes do colesterol, ou pleiotropicos, das estatinas. Secundariamente, é discutida a utilização terapêutica de doses moderadas e altas dosagens de estatinas no tratamento de um paciente pós enfarte do miocárdio, neste caso, numa perspectiva mais abrangente de um síndrome coronário agudo. Esta revisão baseou-se numa análise rigorosa da temática, à luz dos estudos experimentais, mas sobretudo clínicos, disponíveis na literatura. Pela análise dos estudos mais recentes, a abordagem inicial com estatinas no pós síndrome coronário agudo revela-se benéfica, e apesar de alguns trabalhos não mostrarem diferenças estatisticamente significativas, concluí-se que uma terapêutica inicial com estatinas será desejável. Relativamente ao efeito benéfico de uma terapêutica mais agressiva, esta abordagem continua a mostrar-se promissora dentro de limites, nos quais a redução dos níveis totais de colesterol plasmático não seja excessiva. Considerando que os efeitos pleiotrópicos das estatinas são mais claros numa fase precoce da terapêutica, potenciais benefícios em abordagens agressivas na fase aguda não poderão ser assegurados à luz dos dados actualmente disponíveis na literatura. Objectivamente, um efeito cardioprotector apenas se verificou em fases mais tardias do tratamento e a maioria dos trabalhos analisados falharam em testar a fase aguda pós síndrome coronário agudo não sendo possível retirar conclusões definitivas.The acute Myocardial Infarction is the main cause of death in developed countries. In Portugal, in 2003 only, 13,500 myocardial infarctions were diagnosed in patients admitted in hospital emergency rooms, with a 14% mortality rate. The general effects expected with statins seem to be greater than expected only by changing the lipid levels, suggesting benefits beyond cholesterol lowering. Recent studies show that cholesterol independent or pleiotropic effects include improvements in endothelial function, increased atherosclerotic plaque stability, lowering oxidative stress and inflammation, and also inhibiting thrombogenic response. Recently, other studies show that the use of statins is associated to a significant reduction in recurrence of cardiovascular events in patients after myocardial infarction, as well as, new usage perspectives in a larger context. The main goals of this review were: first, to have a fisiopathological approach of cholesterol independent or pleiotropic effects of statins; second, to discuss the use of moderate or intensive statin therapy in a patient after acute myocardial infarction, in this case, in a wider general acute coronary syndrome perspective. This review wants to be a rigorous analysis of the theme, in lightening of the experimental studies, but mainly clinic, available in literature. By analyzing the most recent studies, the initial approach with statin therapy, after an acute coronary syndrome reveals itself benefic, and although some studies do not show statistically significant results, we can conclude that an initial statin therapy would be useful. In relation to the beneficts of a more agressive therapy, that kind of approach is still promising, in certain limits, in which the total cholesterol level reduction is not excessive. The statin pleiotrophy is expected to have a role in early phases of therapy and, in lightening of the results available in literature, the benefit of an aggressive approach in the acute phase is still uncertain. Actually, an accountable cardioprotective effect has only been described in late phases of therapy and most studies failed to accurately test the acute phase of an acute coronary syndrome, and so, no definitive conclusions can be made.2010info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesishttp://hdl.handle.net/10316/19491http://hdl.handle.net/10316/19491porSousa, Filipe Torres Bentoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-01-20T17:48:44Zoai:estudogeral.uc.pt:10316/19491Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T20:44:27.237322Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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O enfarte agudo do miocárdio é a principal causa de morte nos países industrializados. Em Portugal, apenas durante o ano de 2003, foram diagnosticados cerca de 13500 enfartes do miocárdio em pacientes admitidos nos serviços de urgência hospitalar, com uma taxa de mortalidade que atingiu os 14%. Os efeitos gerais observados com as estatinas aparentam ser superiores ao esperado apenas pela alteração dos níveis lipídicos, sugerindo benefícios para além da redução do colesterol. Estudos recentes indicam que efeitos independentes do colesterol, ou efeitos pleiotrópicos, envolvem a melhoria da função endotelial, o aumento da estabilidade das placas ateróscleróticas, a diminuição do stresse oxidativo e da inflamação, e também a inibição da resposta trombogénica. Recentemente, outros trabalhos parecem demonstrar que o uso de estatinas está associado a uma significativa descida na recorrência de eventos cardiovasculares em pacientes pós síndrome coronário agudo, quando comparados com as terapêuticas standard que não contemplam o uso de estatinas. Os principais objectivos deste trabalho foram, primeiro, abordar as bases fisiopatológicas dos efeitos independentes do colesterol, ou pleiotropicos, das estatinas. Secundariamente, é discutida a utilização terapêutica de doses moderadas e altas dosagens de estatinas no tratamento de um paciente pós enfarte do miocárdio, neste caso, numa perspectiva mais abrangente de um síndrome coronário agudo. Esta revisão baseou-se numa análise rigorosa da temática, à luz dos estudos experimentais, mas sobretudo clínicos, disponíveis na literatura. Pela análise dos estudos mais recentes, a abordagem inicial com estatinas no pós síndrome coronário agudo revela-se benéfica, e apesar de alguns trabalhos não mostrarem diferenças estatisticamente significativas, concluí-se que uma terapêutica inicial com estatinas será desejável. Relativamente ao efeito benéfico de uma terapêutica mais agressiva, esta abordagem continua a mostrar-se promissora dentro de limites, nos quais a redução dos níveis totais de colesterol plasmático não seja excessiva. Considerando que os efeitos pleiotrópicos das estatinas são mais claros numa fase precoce da terapêutica, potenciais benefícios em abordagens agressivas na fase aguda não poderão ser assegurados à luz dos dados actualmente disponíveis na literatura. Objectivamente, um efeito cardioprotector apenas se verificou em fases mais tardias do tratamento e a maioria dos trabalhos analisados falharam em testar a fase aguda pós síndrome coronário agudo não sendo possível retirar conclusões definitivas. |
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