Susceptibilidade a antimicrobianos em isolados clínicos de Staphylococcus aureus portadores dos genes mecA e lukFS-PV na região Norte de Portugal

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Nuno José Alves
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/3868
Resumo: O aparecimento de resistência a antimicrobianos utilizados na prática clínica é algo que preocupa a comunidade científica em geral. Diariamente são documentadas novas resistências e são descobertas novas estirpes possuidoras de genes de resistência anteriormente desconhecidos. Um dos casos mais preocupantes é o caso do Staphylococcus aureus resistente à Meticilina (MRSA). O MRSA, além de apresentar uma distribuição muito ampla a nível mundial possui, caracteristicamente, uma elevada resistência a diversos antimicrobianos. Adicionalmente, este agente infeccioso tem a possibilidade de ser portador de diversos genes de virulência. Assim, a diminuição das defesas imunológicas do hospedeiro causada pelos factores de virulência, juntamente com a reduzida susceptibilidade aos agentes quimioterapêuticos, torna o MRSA portador de genes de virulência um agente infeccioso muito temido. Neste contexto, no presente estudo procedeu-se à determinação da frequência de MRSA em isolados de duas unidades hospitalares do Norte de Portugal durante o período de 6 meses. Para tal, através da técnica Multiplex Polymerase Chain Reaction (mPCR) procedeu-se à detecção simultânea do gene que confere a resistência à Meticilina, o mecA, e dos genes que são responsáveis pelo factor de virulência Panton-Valentine Leukocidin, lukF-PVL e lukS-PVL (lukFS-PVL). O cluster lukFS-PVL foi amplificado num único produto de mPCR. Procedeu-se também ao estudo comparativo da susceptibilidade a vários antimicrobianos, de diferentes classes, entre os isolados não possuidores do gene mecA e os isolados possuidores do gene mecA e entre os isolados não possuidores do gene lukFS-PVL e os isolados possuidores do gene lukFS-PVL. Para tal, foi utilizado o método de difusão de disco Kirby-Bauer, comparando-se a frequência de isolados resistentes entre os vários isolados em estudo. Foram obtidos resultados que indicam uma frequência de aproximadamente 50% de isolados MRSA e uma frequência de 9% de isolados portadores do gene lukFS-PVL, na amostra. Relativamente aos perfis de susceptibilidade dos isolados em estudo, concluiu-se que para a maioria dos antimicrobianos utilizados os isolados portadores do gene mecA apresentavam mais resistências que os isolados não portadores do gene mecA. Esta situação não terá, certamente, uma única e fácil justificação. De facto, a explicação será complexa e multifactorial. Poderão estar envolvidos mecanismos bioquímicos e moleculares relativos a outros genes na vizinhança dos mecA cujas transcrição, recombinação e transferência poderão ocorrer simultaneamente. Poderão ser apontadas, também, razões de ordem clínica como, por exemplo, a grande pressão terapêutica com diversos fármacos que muitas vezes é complicada com a má utilização destes. No entanto, foram também observadas frequências de resistência baixas ou praticamente nulas para alguns antimicrobianos. A resistência a antimicrobianos tem várias implicações como, por exemplo, os custos a nível hospitalar e a incapacidade de tratar as infecções causadas pelos microrganismos resistentes. Assim, é necessário continuar e melhorar o esforço na prevenção da transmissão do MRSA com estratégias de controlo da infecção hospitalar, de políticas do medicamento, de educação para a saúde das populações e apostar em estudos de controlo epidemiológico e na investigação e desenvolvimento de novas moléculas terapêuticas de modo a abrandar a tendência de propagação destes microrganismos patogénicos por todo o mundo.
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