Oito vezes Jaime nasceu já cá
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://doi.org/10.21814/2i.4091 |
Resumo: | Neste artigo, proponho uma análise do filme Jaime (1974) a partir do conceito de prosopopeia, aqui lido como forma de atribuir vida a um morto e de falar através da sua voz. O ausente é Jaime Fernandes, cujos desenhos e escritos estão no centro desta obra, realizada por António Reis com assistência de Margarida Cordeiro. A partir da análise de algumas sequências, descrevo o filme como um movimento duplo: por um lado, a figura de Fernandes é conjurada através da mobilização de objectos e lugares associados à sua biografia, tornando o morto vivo e visível; por outro lado, o filme vai além da recuperação da memória daquele homem, e as evidências materiais da sua existência antes servem de veículo para vários dos interesses e temáticas que Reis e Cordeiro desenvolvem noutros filmes. De entre esses interesses, olho com maior detalhe para: a importância atribuída a modos de existência alheados do centro ou da norma; o questionamento acerca de formas possíveis de representação e preservação da realidade; o pensamento dos realizadores sobre cinema enquanto meio de expressão, pensamento e arquivo vivo; uma concepção do mundo em função de recorrências e retornos e da possibilidade de continuar a viver através dos outros. |
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Oito vezes Jaime nasceu já cáJaime was born here eight times alreadyArtigosNeste artigo, proponho uma análise do filme Jaime (1974) a partir do conceito de prosopopeia, aqui lido como forma de atribuir vida a um morto e de falar através da sua voz. O ausente é Jaime Fernandes, cujos desenhos e escritos estão no centro desta obra, realizada por António Reis com assistência de Margarida Cordeiro. A partir da análise de algumas sequências, descrevo o filme como um movimento duplo: por um lado, a figura de Fernandes é conjurada através da mobilização de objectos e lugares associados à sua biografia, tornando o morto vivo e visível; por outro lado, o filme vai além da recuperação da memória daquele homem, e as evidências materiais da sua existência antes servem de veículo para vários dos interesses e temáticas que Reis e Cordeiro desenvolvem noutros filmes. De entre esses interesses, olho com maior detalhe para: a importância atribuída a modos de existência alheados do centro ou da norma; o questionamento acerca de formas possíveis de representação e preservação da realidade; o pensamento dos realizadores sobre cinema enquanto meio de expressão, pensamento e arquivo vivo; uma concepção do mundo em função de recorrências e retornos e da possibilidade de continuar a viver através dos outros.In this article, I propose an analysis of Jaime (1974), based on the concept of prosopopoeia – a way of attributing life to a dead person while simultaneously speaking through its voice. Directed by António Reis with the assistance of Margarida Cordeiro, the film revolves around Jaime Fernandes, his life, drawings and writings. Based on some of Jaime’s sequences, I conceive of the film as two-folded: on the one hand, it conjures Fernandes’s figure by resorting to his creations and biographical elements, making the dead alive and visible; on the other hand, Jaime does more than merely retrieving Fernandes’s memory. The material traces of his life are appropriated in a way so that the film channels Reis and Cordeiro’s topics of interest, developed in their later works, namely: the importance of marginal or non-normative modes of existence; the filmmaker’s questioning about forms of preserving and representing reality; their conception of cinema as a living archive, as well as a means of expression and reasoning; their conception of the world in terms of recurrences and returns, allowing the possibility of living and surviving through others.UMinho Editora2022-12-06info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.21814/2i.4091por2184-7010Morais, Raquelinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-24T08:38:28Zoai:journals.uminho.pt:article/4091Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:56:01.198619Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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