Interferência da morfossintaxe do kimbundu no português falado em Malanje

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Manuel, Mateus Jacinto Marques
Data de Publicação: 2024
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://hdl.handle.net/10348/12288
Resumo: O presente estudo descreve as interferências da morfossintaxe do kimbundu no português falado em Malanje, no sentido de se colocar à disposição da comunidade académica angolana, e não só, material de apoio que ajudará a compreender determinados fenómenos que se registam hoje no português falado em Malanje. Considerando que o português coabita com o kimbundu há séculos, procurou-se verificar como esse contacto permanente entre duas línguas pertencentes a famílias linguísticas diferentes causou o surgimento de uma variante angolana do português, diferente da variante europeia. O presente estudo permitiu reconhecer que, em matéria sintática, o português e o kimbundu são línguas afins na ordem básica dos constituintes, que é SVO, e diferentes (i) na construção frásica face ao determinante possessivo, (ii) na construção frásica face ao enquadramento dos pronomes oblíquos átonos, (iii) na regência de verbos dinâmicos e volitivos, (iv) na construção passiva, (v) na construção frásica face a crase da preposição “a” com o artigo “a” ou “o”, (vi) na indicação do plural pela pluralização do determinante, (vii) nas propriedades de concordância do par sujeito – verbo, (viii) no emprego do verbo ter em substituição do verbo haver, (ix) na concordância em género, (x) no emprego dos pronomes clíticos átonos e (xi) no uso do conjuntivo. Para realizar essa descrição, recorremos a um vasto conjunto de estudos realizados sob diversos enquadramentos teóricos, para um conhecimento aprofundado do estado da arte, dos quais aproveitámos os contributos que nos permitiram compreender mais aprofundadamente os factos em análise. Um contributo metodologicamente muito importante para a realização desse estudo consiste no corpus que reunimos, constituído por 112 inquéritos por questionário e 7 programas radiofónicos. É este o material empírico que apresenta as interferências linguísticas de que nos socorremos para a realização desta investigação.
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