Identificação dos factores que influenciam a competitividade dos destinos turísticos maduros

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Maria Margarida
Data de Publicação: 2010
Outros Autores: Ferreira, Ana Maria, Costa, Carlos
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.34624/rtd.v3i13/14.12617
Resumo: Objectivos | O presente trabalho tem dois objectivos: determinar as características dos destinos turísticos maduros e, mediante essa caracterização, identificar os factores susceptíveis de influenciar a competitividade dos destinos nesta fase particular do seu ciclo de vida. Metodologia | A metodologia baseou-se numa revisão da literatura, privilegiando artigos que relacionassem de forma explícita o desenvolvimento dos destinos com o modelo de ciclo de vida dos destinos e que utilizassem a designação de destinos turísticos maduros. Principais resultados e contributos | Os modelos que visam identificar os factores que enformam a competitividade dos destinosturísticossãomodelos genéricos, que não contemplamespecificidades,taiscomo o estado de desenvolvimento do destino. Esta é uma lacuna que necessita de ser colmatada, tornando-se necessário levar a cabo investigação para identificar os factores que determinam a competitividade dos destinos consoante a fase de desenvolvimento em que se encontram. Seguidamente apresentamos as características mais salientes dos destinos turísticos na fase de maturidade e susceptíveis de influenciar a competitividade dos mesmos de acordo com a revisão da bibliografia efectuada. As características dos destinos turísticos maduros identificadas podem ser agrupadas em torno de quatro grandes áreas, a performance económica do destino, as características dos turistas que visitam o destino, as características do produto oferecido e os impactos sociais e ambientais. Considera-se que a fase de maturidade é alcançada quando as taxas de crescimento começam a ser menores ou quando o crescimento passa a ser nulo. No entanto, os destinos fortemente dependentes de intermediários, podem continuar a apresentar taxas de crescimento significativas. Nestes casos, os sinais de estagnação ou mesmo declínio do destino surgem sob a forma de perda de vitalidade económica do sector, traduzida sobretudo na diminuição das margens de lucro das empresas e do poder de compra dos turistas que visitam o destino. Verifica-se igualmente que a taxa média de permanência no destino sofre uma elevada erosão. O excesso de capacidade instalada ao nível do alojamento obriga a esforços de promoção muito elevados e a fortes investimentos públicos em infra-estruturas. No entanto, a perda de vitalidade económica do sector acarreta menores contribuições para o estado através da cobrança de impostos, que por vezes recorre a taxas sobre a acomodação para custear intervenções no destino. Em relação ao desemprego verifica-se que com o desacelerar dos investimentos e com a diminuição das taxas de ocupação nas unidades de alojamento, este tende a aumentar e apresenta uma forte sazonalidade. Em relação à procura turística existe a predominância de turistas midcêntricos e psicocêntricos ou turistas de massas, quer individuais quer organizados,sendo o envolvimento da população residente com os turistas pouco significativo e a atitude dos residentes para com os turistas pode variar entre a apatia, a irritação e o antagonismo. As principais atracções apresentam sinais claros de deterioração e foram suplantadas por atracções artificiais provocando um afastamento da imagem do destino em relação ao seu ambiente geográfico, contribuindo assim para que o produto seja pouco diferenciado face à concorrência, o que leva a que a competição seja feita quase exclusivamente pelo factor preço. O destino apresenta uma imagem bem definida mas deixou de estar na moda ou pode mesmo estar associado a problemas ambientais, sobre desenvolvimento ou perda de autenticidade. As estratégias identificadas para contrariar os problemas existentes vão desde o desenvolvimento de atracções complementares, uma gestão mais eficiente das empresas, sobretudo de acomodação, a introdução de medidas de protecção ambiental e diversificação dos produtos oferecidos. Nos destinos turísticos maduros verifica-se um aumento da taxa de crescimento da população, incluindo um número assinalável de emigrantes para colmatar escassez de mão-de-obra ou indisponibilidade por parte da população local para efectuar determinados trabalhos. Face à dependência de parte significativa da população residente em relação ao sector do turismo, a sua atitude é geralmente de apoio. Na fase de maturidade existe uma elevada deterioração do ambiente natural e construído, sobretudo por se terem excedido as capacidades de carga e do desenvolvimento de infra-estruturas não ter acompanhado os níveis de construção de unidades hoteleiras e posteriormente de blocos de apartamentos destinados a ser comercializados como segunda habitação. Outros tipos de impactos negativos no ambiente passam pela poluição marítima, dificuldades no abastecimento de água potável e conflitos sobre a sua utilização nos períodos de maior afluência turística, dificuldades no processamento de resíduos sólidos, destruição de ecossistemas, degradação da paisagem urbana e rural, congestionamento de tráfego, poluição sonora e elevada densidade de construção. Os destinos turísticos maduros estiveram mais tempo expostos ao desenvolvimento do turismo e como este é muito exigente em termos dos locais onde se desenvolve, pode comprometer a sua atractividade se as actividades neles desenvolvidas não forem geridas de forma adequada e as capacidades de carga respeitadas. Limitações | Dos quatro factores específicos identificados como tendo capacidade para influenciar a competitividade dos destinos turísticos, o factor denominado por impactos ambientais, sociais e económicos não foi até ao momento validado por investigação empírica. Conclusões | Os factores específicos detectados susceptíveis de influenciar a competitividade dos destinos turísticos maduros, foram as insuficiências da infra-estrutura, os impactos ambientais, sociais e económicos, a gestão do destino e a ausência de visão em relação ao desenvolvimento traçado. A não resolução dos problemas ligados a estes factores pode acarretar a entrada em declínio do destino na sua globalidade, pois os turistas na actualidade, para além de serem exigentes em termos da relação qualidade - preço, preferem destinos com envolventes de elevada beleza paisagística, sendo insuficiente desenvolver produtos turísticos baseados apenas num hotel de qualidade com uma praia limpa, pois cada vez mais é necessário ter em consideração o destino na sua totalidade.
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