Fibromialgia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Costa, Ângela Almeida e
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/782
Resumo: Introdução: A Fibromialgia é uma síndrome dolorosa crónica, definida pela presença de dor generalizada e hipersensibilidade em pontos anatomicamente determinados. Associa-se frequentemente a fadiga, cefaleias, sono não reparador, perturbações cognitivas e alterações do humor. Estima-se que afecte 3,6% da população adulta portuguesa e discute-se a actual preparação dos clínicos gerais na sua orientação. Pretende-se com este estudo caracterizar percepções, conhecimentos e práticas clínicas dos médicos de medicina geral e familiar em relação a esta síndrome, e estimar a sua incidência nos cuidados de saúde primários. Métodos: De Janeiro a Maio de 2010, foram distribuídos 116 questionários a clínicos gerais, com 24 questões, que solicitavam dados demográficos e profissionais; percepções sobre a natureza e definição da FM; conhecimentos sobre critérios de diagnóstico, prognóstico, manifestações clínicas e eficácia de fármacos; práticas diagnósticas e terapêuticas utilizadas e comportamentos de referenciação. Resultados: 55 questionários foram devolvidos e 51 validados para análise. Estimou-se uma incidência de fibromialgia de 0,14%. Todos os médicos reconheceram-na como entidade nosológica, 78,4% definiu-a como síndrome e 58,8% atribuiu-lhe natureza psicossomática. Cerca de 80% dos inquiridos refere conhecer os critérios ACR e a localização dos pontos dolorosos, e aproximadamente metade diz aplicá-los na clínica. A dor à digito-pressão de 18 pontos, foi a manifestação avaliada como mais sugestiva de fibromialgia (p<0.001). Apenas 11,8% dos médicos aplica sistematicamente a escala visual da dor. São requisitados uma média de 11 exames face a uma hipótese de fibromialgia, sendo os mais solicitados o doseamento da VS/PCR (94,1%), factores reumatóides (90,2%) e hemograma (84,3%). A maioria dos médicos referencia ≥25% dos pacientes para diagnóstico e <25% dos doentes para tratamento, sendo a reumatologia o principal destino. Praticamente todos (98%) consideram que o tratamento deve ser multimodal. Os opiáceos fortes, relaxantes musculares, ciclobenzaprina, amitriptilina, fluoxetina, duloxetina e pregabalina foram os fármacos considerados mais eficazes. A menor eficácia (p<0.05) foi atribuída aos corticosteróides. O paracetamol e a educação do paciente são duas das medidas terapêuticas mais utilizadas. O milnaciprano, corticosteróides, ciclobenzaprina e opióides, são os medicamentos menos receitados (p<0.05). Conclusões: Verificaram-se bons conhecimentos na definição de fibromialgia, critérios de diagnóstico e razoáveis práticas de prescrição terapêutica. Registaram-se algumas lacunas a nível do prognóstico da fibromialgia e eficácia de alguns fármacos. Verificou-se um sub-diagnóstico desta síndrome, uma excessiva requisição de exames complementares e de referenciação para confirmação diagnóstica, que pode reflectir eventuais inseguranças diagnósticas. Admite-se a necessidade de programas de formação.
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