Trabalho por turnos na indústria: alterações do ciclo sono-vigília e impacto no quotidiano, individual e social, dos trabalhadores

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Alves, Bartolomeu Tiago Rasteiro
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/26038
Resumo: Resumo O trabalho por turnos pode provocar dessincronizações dos ciclos biológicos endógenos, como o ciclo sono/vigília. Esta desorganização do ritmo circadiano do sono, assim como de outros ritmos biológicos, provocado pelo trabalho por turnos e noturno, podem levar a sérios comprometimentos das funções fisiológicas e psicológicas, afetando a qualidade de vida do trabalhador. Associando outros riscos inerentes à atividade profissional, como o ruído e a iluminação, poder-se-á culminar em consequências graves para o trabalhador. O presente trabalho tem como principal objetivo avaliar o impacto do trabalho por turnos ao nível da qualidade do sono e do grau de sonolência diurna, assim como a avaliação dos níveis de iluminação e de ruido ocupacionais a que os trabalhadores estão expostos nos diferentes turnos. A amostra selecionada para o presente trabalho foi constituída por 171 trabalhadores de 4 empresas, sendo 3 da Industria Cerâmica Decorativa e 1 da Industria Metalúrgica. Para a avaliação da qualidade do sono e da sonolência diurna foram aplicados a MOS Sleep Scale, o Questionário de Qualidade do Sono de Pittsburgh e a Escala de Sonolência de Epworth. Para a determinação do perfil cronotípico foi administrada a Escala de Carácter Matutino-Noctívago. Foram ainda realizadas medições de ruído e iluminação nos diferentes turnos de trabalho. A interpretação dos testes estatísticos foi realizada com base no nível de significância de p≤0,05. Foram utilizados os testes estatísticos Qui-Quadrado para comparar valores não paramétricos, o teste t-Student para comparar valores paramétricos, o Coeficiente de Correlação Linear de Pearson, o teste ANOVA a I fator e ANOVA para medidas repetidas. Foi ainda utilizado o teste de Brown-Forsythe, o teste Wolks`Lambda, recorrendo-se ainda ao teste de comparações múltiplas ajustado LSD. Verificou-se que um grande número de trabalhadores estava exposto a níveis de ruido superiores aos considerados seguros, assim como a níveis de iluminação inadequados, principalmente no turno da noite. Ao nível da qualidade do sono, o Índice de Problemas do Sono da MOS Sleep Scale revelou piores resultados em trabalhadores em regime de turnos, comparativamente aos trabalhadores sem regime de turnos. O Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh apresentou um padrão semelhante, com piores resultados em trabalhadores a desempenharem a sua atividade por turnos, tendo-se obtido uma média de 6,5±3,4 pontos em trabalhadores em regime de turnos e uma média de 5,2±2,9 pontos em trabalhadores sem regime de turnos. Ao nível da sonolência diurna (Escala de Sonolência de Epworth) verificou-se que os trabalhadores em regime de trabalho por turnos apresentaram um valor de sonolência diurna mais elevada, comparativamente aos trabalhadores que não trabalhavam por turnos. Ao nível da avaliação do perfil cronotípico, os dados sugerem que o tipo noctívago tem uma maior capacidade de adaptação a diferentes turnos do que o tipo madrugador. Os resultados obtidos demonstraram que os trabalhadores em regime de trabalho por turnos apresentaram uma pior qualidade do sono, assim como níveis de sonolência diurna mais elevados do que trabalhadores sem regime por turnos, com a identificação de diversos valores considerados patológicos, nas escalas utilizadas. Palavras-chave: Trabalho por turnos; Qualidade do sono; Sonolência diurna; Cronotipo
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