Meia-idade e cuidados filiais: uma análise life span

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fiúsa, Ana Catarina Fernandes
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/20.500.11960/2426
Resumo: Contexto e objetivo do estudo. A meia-idade pode ser definida como o período de vida que se situa entre a juventude e a velhice, mais especificamente entre os 40 e os 65 anos (Lachman, 2004) e, apesar da sua extensão temporal, é provavelmente o período do ciclo de vida acerca do qual menos se sabe. Neste contexto Lachman (2015) alerta para a necessidade de aprofundar o conhecimento científico sobre este período de vida propondo a meia-idade como um período crucial/pivotal no ciclo de vida em termos de: (1) ligação com períodos de vida anteriores e posteriores, (2) ligação da geração mais nova com a geração mais velha e (3) ) equilíbrio e pico de funcionamento na interseção entre crescimento e declínio. Lachman, Teshale e Agrigoroaei (2015) argumentam que a perspetiva desenvolvimental life span fornece um quadro teórico robusto para o estudo da meia-idade por se tratar de uma abordagem holística que considera a pessoa em múltiplos contextos e na relação com os outros. Dada a posição em que a meia-idade se encontra no ciclo de vida, é considerada importante para a ligação da geração mais nova com a geração mais velha (Lachman, 2015). Especificamente no que se refere ao nível familiar, o bem-estar das gerações é garantido através dos cuidados (parentais e filiais). Segundo Brody (1985), o cuidado filial é reconhecido como uma experiência normativa e, portanto, parte integrante do desenvolvimento do adulto, ou seja, é cada vez mais esperado que os filhos adultos da meia-idade proporcionem algum tipo de cuidado ou suporte aos pais envelhecidos. Apesar de a meia-idade ser um período de vida extenso e de grande importância no ciclo de vida, a investigação é escassa, existem muitas ideias preconcebidas e estereotipadas com implicações negativas ou limitadoras para a intervenção neste domínio, o que reforça mais ainda a necessidade de estudos sobre a meia-idade. Neste contexto, o presente estudo, de natureza qualitativa, tem como objetivo compreender o que é ser um adulto da meia-idade do ponto de vista desenvolvimen-tal, especificamente no âmbito dos cuidados filiais. Método. Participaram no estudo 12 adultos com idades compreendidas entre os 41 e os 60 anos e com pelo menos um dos pais vivos. A recolha de dados foi realizada através de entrevista semiestruturada, sendo as entrevistas gravadas em formato áudio e, posteriormente, transcritas e analisadas com recurso à análise de conteúdo (Creswell, 2013). Resultados. A análise de conteúdo das entrevistas permitiu identificar três domínios: (1) Meia-idade como momento de crescimento e declínio, (2) Meia-idade como grupo que liga gerações e (3) Meia-idade como período de vida entre a juventude e a velhice. O primeiro domínio caracteriza a meia-idade como período desenvolvimental composto por ganhos e perdas. Por sua vez, o segundo domínio caracteriza a posição privilegiada que a meia-idade ocupa no ciclo de vida e que, por isso, facilita/promove a ligação entre a geração mais nova e a geração mais velha. Por fim, o terceiro domínio caracteriza a meia-idade como um período de vida central e distinto que sucede à juventude e antecede e prepara a velhice. Conclusão. Globalmente, os resultados permitem aprofundar o conhecimento acerca da meia-idade enquanto um tempo de vida caraterizado por inúmeros desafios e exigências que se podem constituir como oportunidade de crescimento e desenvolvimento ou de perda e declínio. A família e o trabalho assumem-se como contextos centrais na vida dos adultos de meia-idade, sendo atravessados por uma dimensão estruturante – a capacidade para cuidar. Claramente a meia-idade assume um lugar pivotal no ciclo de vida e na sociedade, não se resumindo a uma continuidade da juventude ou antecipação da velhice nem se caraterizando como um período de crise. Este é claramente um período de vida com um potencial enorme acerca do qual importa aprofundar o conhecimento e desenvolver intervenções optimizadoras.
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Lachman, Teshale e Agrigoroaei (2015) argumentam que a perspetiva desenvolvimental life span fornece um quadro teórico robusto para o estudo da meia-idade por se tratar de uma abordagem holística que considera a pessoa em múltiplos contextos e na relação com os outros. Dada a posição em que a meia-idade se encontra no ciclo de vida, é considerada importante para a ligação da geração mais nova com a geração mais velha (Lachman, 2015). Especificamente no que se refere ao nível familiar, o bem-estar das gerações é garantido através dos cuidados (parentais e filiais). Segundo Brody (1985), o cuidado filial é reconhecido como uma experiência normativa e, portanto, parte integrante do desenvolvimento do adulto, ou seja, é cada vez mais esperado que os filhos adultos da meia-idade proporcionem algum tipo de cuidado ou suporte aos pais envelhecidos. Apesar de a meia-idade ser um período de vida extenso e de grande importância no ciclo de vida, a investigação é escassa, existem muitas ideias preconcebidas e estereotipadas com implicações negativas ou limitadoras para a intervenção neste domínio, o que reforça mais ainda a necessidade de estudos sobre a meia-idade. Neste contexto, o presente estudo, de natureza qualitativa, tem como objetivo compreender o que é ser um adulto da meia-idade do ponto de vista desenvolvimen-tal, especificamente no âmbito dos cuidados filiais. Método. Participaram no estudo 12 adultos com idades compreendidas entre os 41 e os 60 anos e com pelo menos um dos pais vivos. A recolha de dados foi realizada através de entrevista semiestruturada, sendo as entrevistas gravadas em formato áudio e, posteriormente, transcritas e analisadas com recurso à análise de conteúdo (Creswell, 2013). Resultados. A análise de conteúdo das entrevistas permitiu identificar três domínios: (1) Meia-idade como momento de crescimento e declínio, (2) Meia-idade como grupo que liga gerações e (3) Meia-idade como período de vida entre a juventude e a velhice. O primeiro domínio caracteriza a meia-idade como período desenvolvimental composto por ganhos e perdas. Por sua vez, o segundo domínio caracteriza a posição privilegiada que a meia-idade ocupa no ciclo de vida e que, por isso, facilita/promove a ligação entre a geração mais nova e a geração mais velha. Por fim, o terceiro domínio caracteriza a meia-idade como um período de vida central e distinto que sucede à juventude e antecede e prepara a velhice. Conclusão. Globalmente, os resultados permitem aprofundar o conhecimento acerca da meia-idade enquanto um tempo de vida caraterizado por inúmeros desafios e exigências que se podem constituir como oportunidade de crescimento e desenvolvimento ou de perda e declínio. A família e o trabalho assumem-se como contextos centrais na vida dos adultos de meia-idade, sendo atravessados por uma dimensão estruturante – a capacidade para cuidar. Claramente a meia-idade assume um lugar pivotal no ciclo de vida e na sociedade, não se resumindo a uma continuidade da juventude ou antecipação da velhice nem se caraterizando como um período de crise. Este é claramente um período de vida com um potencial enorme acerca do qual importa aprofundar o conhecimento e desenvolver intervenções optimizadoras.Context and objectives. Middle age can be defined as the period of life between youth and old age, more specifically between 40 and 65 years old (Lachman, 2004) and, despite its temporal extension, probably it is the period of the life course which less is known. In this context, Lachman (2015) calls the attention to the necessity to deepen the scientific knowledge about this period of life, presenting middle age as a crucial/pivotal period in the life course in terms of: (1) its linkage with earlier and later periods of life, (2) as a bridge between younger and older generations, and (3) a balance and peak of functioning at the intersection of growth and decline. Lachman, Teshale and Agrigoroaei (2015) argue that the life span developmental perspective provides a robust theoretical framework for studying midlife as its holistic approach considers the person in multiple contexts and in relation to others. Given the position that midlife occupies in the life course, it is considered important for the connection of the younger and older generation (Lachman, 2015). Specifically, with regards to the family context, the well-being of the younger and older generations is guaranteed through care (parental and filial). According to Brody (1985), filial care is recognized as a normative experience and, therefore, as part of adult development, meaning that it is increasingly expected that middle-aged adult children provide some type of care or support to aged parents. Even though midlife is a relatively long period of life and of great importance in the life course, research is scarce, and there are many preconceived and stereotyped ideas with negative implications for intervention in this field, which further reinforces the need of studies on midlife. In this context, the present study, of a qualitative nature, aims to understand how it is like to be a middle-aged adult from a developmental point of view, specifically in the context of filial care. Method. Twelve adults aged between 41 and 60 years old and with at least one living parent participated in this study. Data collection was carried out through a semi-structured interview. The interviews were audio recorded and transcribed, and their content was analyzed (Creswell, 2013). Results. The content analysis of the interviews allowed the identification of three domains: (1) Midlife as a period of growth and decline, (2) Midlife as a group that links generations, and (3) Midlife as a period of life between youth and old age. The first domain characterizes midlife as a developmental period with gains and losses. In turn, the second domain characterizes the privileged position that midlife occupies in the life course and, therefore, facilitates/promotes the connection between the younger and the older generation. Finally, the third domain characterizes midlife as a central and distinct period of life that fol-lows youth and anticipates and prepares old age. Conclusion. Overall, the results allow to deepen the knowledge about midlife as a life period characterized by countless challenges and demands that can constitute an opportunity for growth and development or loss and decline. Family and work are central contexts in the life of middle-aged adults, being crossed by a structuring dimension - the ability to care. Clearly, midlife assumes a pivotal position in the life course and in society, not being just a continuity of youth or anticipation of old age, nor being characterized as a period of crisis. This is clearly a period of life with vast potential about which it is important to deepen the knowledge and develop optimizing interventions.2020-11-13T14:47:07Z2020-07-13T00:00:00Z2020-07-13info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/20.500.11960/2426TID:202537722porFiúsa, Ana Catarina Fernandesinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-03-21T14:38:16Zoai:repositorio.ipvc.pt:20.500.11960/2426Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T17:43:50.696664Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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