Fatores sociodemográficos e comportamentais associados à infeção por SARS-CoV-2 no concelho de Cascais

• Autor(a) principal: FONSECA, Ivo Leandro Pereira da
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/159086
• topic: Saúde pública; Fatores sociodemográficos e comportamentais; Infeção por SARS CoV-2; Inquéritos serológicos; Diagnóstico COVID-19; Domínio/Área Científica::Ciências Médicas

Introdução: No final de dezembro de 2019 foi reportado pela China um cluster patogénico de etiologia desconhecida que provocava pneumonias atípicas e cujos casos estavam epidemiologicamente ligados a um mercado urbano na cidade de Wuhan, província de Hubei. O vírus SARS-CoV-2, desconhecido até então, rapidamente se disseminou pelo mundo e causou uma pandemia sem precedentes. Face ao contexto pandémico, onde Portugal não foi exceção, observou-se um crescente número de infeções pelo vírus, assim como um aumento de internamentos por gravidade da situação de doença e consequentemente elevado número de mortes, constituindo-se como um enorme problema para a saúde pública. Desta forma, o município de Cascais, em parceria com entidades da área farmacêutica e laboratorial, desenvolveu e aplicou um inquérito serológico na população residente no concelho, estudando a prevalência de anticorpos ao SARS-CoV-2. Objetivo: Descrever a potencial associação entre os fatores sociodemográficos e comportamentais e o resultado dos testes laboratoriais realizados no âmbito do inquérito serológico de Cascais. Metodologia: Estudo epidemiológico observacional analítico, do tipo transversal, com recurso a uma amostra não probabilística e não aleatória, em que os dados analisados e interpretados se reportam ao período de maio de 2020 a fevereiro de 2021. Analisou-se a potencial associação entre cada uma das variáveis independentes, relacionadas com os fatores sociodemográficos e comportamentais e cada uma das variáveis dependentes: autoreporte de realização e resultado de teste RT-PCR e resultado do teste serológico. Para tal, procedeu-se à regressão logística bivariada, ao cálculo dos odds ratio e ao teste do qui-quadrado. Realizou-se igualmente uma regressão logística multivariada para calcular os odds ratio ajustados às restantes variáveis. Resultados: O estudo contou com a participação de 20 560 indivíduos e estimou-se uma seroprevalência global de 2,0% (IC 95%: 1,8% - 2,2%). As categorias sociodemográficas com maior seroprevalência (associação estatisticamente significativa) foram: sexo masculino, faixas etárias mais jovens, agregado familiar com mais de 5 elementos e ter viajado para fora de Portugal. Alcabideche foi a freguesia do concelho de Cascais com seroprevalência mais baixa. O contacto prévio com casos suspeitos ou confirmados de COVID-19 mostrou igualmente uma forte associação com o resultado reativo no teste serológico e com autoreporte de um teste RT-PCR positivo. O autoreporte de um teste RT-PCR positivo também se revelou associado a um resultado de teste serológico reativo. Ao nível comportamental, os indivíduos com sintomatologia sugestiva da doença, os que exerciam funções na área da saúde e os que afirmaram ter tido contatos prévios com casos suspeitos ou confirmados de COVID-19 realizaram o teste PCR em maior proporção. Conclusão: Este estudo permitiu identificar fatores sociodemográficos e comportamentais associados à infeção por SARS-CoV-2 na população de Cascais, assim como estimar a prevalência de anticorpos para o vírus nos habitantes do concelho. Possibilitou ainda uma reflexão sobre a utilidade de futuros estudos seroepidemiológicos nacionais e mundiais na resposta a pandemias e da sua definição de medidas e políticas de saúde pública baseadas em evidência.