Sustentabilidade económica e ambiental dos subprodutos da cerveja
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.2/13287 |
Resumo: | A indústria cervejeira é responsável por gerar grandes quantidades de resíduos sólidos. A sua reutilização promove um dos princípios da economia circular, deitando por terra o modelo económico linear. Razões como a dependência dos combustíveis fósseis, as políticas económicas e ambientais e o crescimento demográfico incrementam a necessidade da adoção de procedimentos económicos e ambientalmente sustentáveis. A reutilização tem como desafio criar uma cadeia de valor para estes resíduos, que apesar das suas elevadas potencialidades, por vezes são negligenciados, pouco valorizados, e descartados em aterros. O principal objetivo desta dissertação consiste no desenvolvimento empírico, no que respeita à valorização dos subprodutos da cerveja, com vista a um processo rentável e ambientalmente sustentável. Numa primeira fase apresenta uma revisão do processo de fabrico da cerveja e suas matérias-primas, assim como a identificação e caracterização dos principais resíduos sólidos, nomeadamente, dreche (bagaço de malte), trub (resíduos de lúpulo) e levedura excedente. Numa segunda fase do documento, estão apresentadas as potenciais aplicações para valorização destes subprodutos. A título de exemplo, uma aplicação pode ter como destino a alimentação humana, uma vez que alguns destes subprodutos podem ser consumidos diretamente ou ser submetidos a tratamentos de forma a incrementar maior tempo de prateleira. Podemos encontrar estes subprodutos em forma de bolachas, suplementos, entre outros, ou utilizá-los para a extração de antioxidantes, proteínas, ou até mesmo de óleos essenciais. Na alimentação animal estes subprodutos podem ser misturados até 40% com outras farinhas, em forma de pellets ou farelo e utilizado na alimentação quer de ruminantes, como de galinhas, porcos e peixes. Existem estudos a comprovar que esta mistura melhora a qualidade da carne e a qualidade do leite, no caso dos ruminantes. Estes subprodutos também podem ser usados para a produção de energia através da libertação de calor ou através da fermentação anaeróbica. O calor ou o biogás produzido, poderão ser utilizados na produção de energia elétrica, sendo uma alternativa amiga do ambiente. Atualmente, a tecnologia de polímeros está a crescer. O ácido lático tem sido procurado para a produção do ácido polilático. Começam a surgir estudos para a utilização da dreche também na construção civil. Na construção de tijolos, foi possível verificar que este resíduo incrementa resistência mecânica e porosidade ao material. A compostagem dos terrenos com os subprodutos da cerveja, também se apresenta como uma mais-valia na fertilização dos terrenos agrícolas. Por último, temos a produção de carvão ativado, onde apenas pode ser usada a dreche. Esta, submetida a um processo de pirólise e ativação, dá origem a um excelente elemento filtrante, tanto para líquidos como para gases. Apesar destas inúmeras possibilidades de reaproveitamento, todas com o seu valor e interesse, cabe ao produtor adequar o melhor método à sua realidade. A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) alerta para a importância de uma escolha ponderada, pois estas medidas, muitas vezes, carecem de investimentos, cujo retorno económico poderá tardar. Por fim, numa terceira parte e através de uma pesquisa exploratória, foi possível apurar que grande parte dos produtores de cerveja portugueses entrevistados reutilizam os seus subprodutos para ração animal ou para compostagem. Apesar da consciência de que estas práticas sustentáveis podem reverter como fortes estratégias de marketing junto do consumidor final, certo é que também não estão acessíveis outras formas de valorização, quer seja pelas quantidades produzidas, por dificuldades de acondicionamento destes resíduos, ou por questões económicas. Já em relação aos consumidores de cerveja, mediante ao recurso de um inquérito por questionário, foi possível apurar que parte destes estão sensíveis a estas questões da sustentabilidade e estão dispostos a assumir até 5% do valor unitário por uma cerveja ambientalmente sustentável. |
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Sustentabilidade económica e ambiental dos subprodutos da cervejaEconomic and environmental sustainability of beer by-productsSustentabilidadeCervejaEconomia circularSubprodutosValorização dos subprodutosDreche (bagaço de malte)Trub (resíduos de lúpulo)LeveduraLevedura excedenteBeerSustainabilityCircular economyBy-productsAppreciation of byproductsDrecheTrubYeastSurplus yeastODS::04:Educação de QualidadeODS::12:Produção e Consumo SustentáveisODS::15:Proteger a Vida TerrestreA indústria cervejeira é responsável por gerar grandes quantidades de resíduos sólidos. A sua reutilização promove um dos princípios da economia circular, deitando por terra o modelo económico linear. Razões como a dependência dos combustíveis fósseis, as políticas económicas e ambientais e o crescimento demográfico incrementam a necessidade da adoção de procedimentos económicos e ambientalmente sustentáveis. A reutilização tem como desafio criar uma cadeia de valor para estes resíduos, que apesar das suas elevadas potencialidades, por vezes são negligenciados, pouco valorizados, e descartados em aterros. O principal objetivo desta dissertação consiste no desenvolvimento empírico, no que respeita à valorização dos subprodutos da cerveja, com vista a um processo rentável e ambientalmente sustentável. Numa primeira fase apresenta uma revisão do processo de fabrico da cerveja e suas matérias-primas, assim como a identificação e caracterização dos principais resíduos sólidos, nomeadamente, dreche (bagaço de malte), trub (resíduos de lúpulo) e levedura excedente. Numa segunda fase do documento, estão apresentadas as potenciais aplicações para valorização destes subprodutos. A título de exemplo, uma aplicação pode ter como destino a alimentação humana, uma vez que alguns destes subprodutos podem ser consumidos diretamente ou ser submetidos a tratamentos de forma a incrementar maior tempo de prateleira. Podemos encontrar estes subprodutos em forma de bolachas, suplementos, entre outros, ou utilizá-los para a extração de antioxidantes, proteínas, ou até mesmo de óleos essenciais. Na alimentação animal estes subprodutos podem ser misturados até 40% com outras farinhas, em forma de pellets ou farelo e utilizado na alimentação quer de ruminantes, como de galinhas, porcos e peixes. Existem estudos a comprovar que esta mistura melhora a qualidade da carne e a qualidade do leite, no caso dos ruminantes. Estes subprodutos também podem ser usados para a produção de energia através da libertação de calor ou através da fermentação anaeróbica. O calor ou o biogás produzido, poderão ser utilizados na produção de energia elétrica, sendo uma alternativa amiga do ambiente. Atualmente, a tecnologia de polímeros está a crescer. O ácido lático tem sido procurado para a produção do ácido polilático. Começam a surgir estudos para a utilização da dreche também na construção civil. Na construção de tijolos, foi possível verificar que este resíduo incrementa resistência mecânica e porosidade ao material. A compostagem dos terrenos com os subprodutos da cerveja, também se apresenta como uma mais-valia na fertilização dos terrenos agrícolas. Por último, temos a produção de carvão ativado, onde apenas pode ser usada a dreche. Esta, submetida a um processo de pirólise e ativação, dá origem a um excelente elemento filtrante, tanto para líquidos como para gases. Apesar destas inúmeras possibilidades de reaproveitamento, todas com o seu valor e interesse, cabe ao produtor adequar o melhor método à sua realidade. A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) alerta para a importância de uma escolha ponderada, pois estas medidas, muitas vezes, carecem de investimentos, cujo retorno económico poderá tardar. Por fim, numa terceira parte e através de uma pesquisa exploratória, foi possível apurar que grande parte dos produtores de cerveja portugueses entrevistados reutilizam os seus subprodutos para ração animal ou para compostagem. Apesar da consciência de que estas práticas sustentáveis podem reverter como fortes estratégias de marketing junto do consumidor final, certo é que também não estão acessíveis outras formas de valorização, quer seja pelas quantidades produzidas, por dificuldades de acondicionamento destes resíduos, ou por questões económicas. Já em relação aos consumidores de cerveja, mediante ao recurso de um inquérito por questionário, foi possível apurar que parte destes estão sensíveis a estas questões da sustentabilidade e estão dispostos a assumir até 5% do valor unitário por uma cerveja ambientalmente sustentável.The brewing industry generates a substantial amount of solid waste. Its reuse promotes one of the circular economy concepts, overthrowing the linear economic model. Dependence on fossil fuels, environmental and economic policies, and population growth all enhance the demand for more cost-effective and environmentally sustainable procedures. The difficulty and challenge of reuse is to establish a value chain for these wastes, which are frequently neglected, devalued, and disposed in landfills despite their enormous potential. The main purpose of this dissertation is to pursue empirical research beer byproduct appreciation in order to develop a profitable and environmentally sustainable procedure. It begins with a review of the beer manufacturing process and raw materials, followed by the identification and characterization of the main solid residues, such as dreche, trub, and residual yeast. In the second part of this thesis, potential uses for recovering these byproducts are discussed. Among the examples discussed, human food, may be consumed directly or be subjected to treatments to improve shelf life. We can find these by-products in the form of cookies and supplements, among others, or use them for the extraction of antioxidants, proteins, and even essential oils. These by-products can be mixed up to 40% with other flours in animal feed, in the form of pellets or bran, to feed ruminants, chickens, pigs, and fish. According to studies, this mixture improves the quality of the meat and, in the case of ruminants, the quality of the milk. These byproducts can also be used to produce energy by releasing heat or anaerobic fermentation. The heat or biogas produced can be used to generate energy, providing an environmentally friendly solution. Polymer technology is currently growing, and lactic acid has been sought after to produce polylactic acid. Studies began to emerge in the sense of using the dreche in civil construction as well. It was possible to demonstrate that this residue increases mechanical resistance and porosity in bricks. Composting land with beer by-products, is also beneficial in fertilizing agricultural land. Finally, we have the production of activated carbon, which can only be used dry. It undergoes pyrolysis and activation, resulting in an excellent filtering element for both liquids and gases. Despite of the numerous reuse possibilities, each with their own value and interest, it is up to the producer to adapt the best way to his own circumstance. The European Food Safety Authority (EFSA) emphasizes the necessity of making an informed decision, as these measures frequently lack investments, resulting in a delayed economic return. Finally, an exploratory study in a third section confirmed that the majority of the Portuguese beer manufacturers interviewed reuse their by-products for animal feed or composting. Despite the awareness that these sustainable activities can be turned into effective marketing strategies for the final consumer, it is certain that other types of recovery are also unavailable, either due to the amounts produced, challenges in packaging these wastes, or economic reasons. Using a questionnaire survey, it was possible to ascertain that a percentage of beer consumers are sensitive to these sustainability issues and are willing to assume up to 5% of the unit value for an environmentally sustainable beer.Fernandes, Tiago A.Caetano, Fernando J. P.Repositório AbertoPestana, Sandra dos Santos2023-02-01T12:42:01Z2022-12-142023-02-012022-12-14T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.2/13287TID:203253850porPestana, Sandra dos Santos - Sustentabilidade económica e ambiental dos subprodutos da cerveja [Em linha]. [S.l.]: [s.n.], 2022. 131 p.info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-16T15:44:57Zoai:repositorioaberto.uab.pt:10400.2/13287Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:52:22.289775Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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A indústria cervejeira é responsável por gerar grandes quantidades de resíduos sólidos. A sua reutilização promove um dos princípios da economia circular, deitando por terra o modelo económico linear. Razões como a dependência dos combustíveis fósseis, as políticas económicas e ambientais e o crescimento demográfico incrementam a necessidade da adoção de procedimentos económicos e ambientalmente sustentáveis. A reutilização tem como desafio criar uma cadeia de valor para estes resíduos, que apesar das suas elevadas potencialidades, por vezes são negligenciados, pouco valorizados, e descartados em aterros. O principal objetivo desta dissertação consiste no desenvolvimento empírico, no que respeita à valorização dos subprodutos da cerveja, com vista a um processo rentável e ambientalmente sustentável. Numa primeira fase apresenta uma revisão do processo de fabrico da cerveja e suas matérias-primas, assim como a identificação e caracterização dos principais resíduos sólidos, nomeadamente, dreche (bagaço de malte), trub (resíduos de lúpulo) e levedura excedente. Numa segunda fase do documento, estão apresentadas as potenciais aplicações para valorização destes subprodutos. A título de exemplo, uma aplicação pode ter como destino a alimentação humana, uma vez que alguns destes subprodutos podem ser consumidos diretamente ou ser submetidos a tratamentos de forma a incrementar maior tempo de prateleira. Podemos encontrar estes subprodutos em forma de bolachas, suplementos, entre outros, ou utilizá-los para a extração de antioxidantes, proteínas, ou até mesmo de óleos essenciais. Na alimentação animal estes subprodutos podem ser misturados até 40% com outras farinhas, em forma de pellets ou farelo e utilizado na alimentação quer de ruminantes, como de galinhas, porcos e peixes. Existem estudos a comprovar que esta mistura melhora a qualidade da carne e a qualidade do leite, no caso dos ruminantes. Estes subprodutos também podem ser usados para a produção de energia através da libertação de calor ou através da fermentação anaeróbica. O calor ou o biogás produzido, poderão ser utilizados na produção de energia elétrica, sendo uma alternativa amiga do ambiente. Atualmente, a tecnologia de polímeros está a crescer. O ácido lático tem sido procurado para a produção do ácido polilático. Começam a surgir estudos para a utilização da dreche também na construção civil. Na construção de tijolos, foi possível verificar que este resíduo incrementa resistência mecânica e porosidade ao material. A compostagem dos terrenos com os subprodutos da cerveja, também se apresenta como uma mais-valia na fertilização dos terrenos agrícolas. Por último, temos a produção de carvão ativado, onde apenas pode ser usada a dreche. Esta, submetida a um processo de pirólise e ativação, dá origem a um excelente elemento filtrante, tanto para líquidos como para gases. Apesar destas inúmeras possibilidades de reaproveitamento, todas com o seu valor e interesse, cabe ao produtor adequar o melhor método à sua realidade. A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) alerta para a importância de uma escolha ponderada, pois estas medidas, muitas vezes, carecem de investimentos, cujo retorno económico poderá tardar. Por fim, numa terceira parte e através de uma pesquisa exploratória, foi possível apurar que grande parte dos produtores de cerveja portugueses entrevistados reutilizam os seus subprodutos para ração animal ou para compostagem. Apesar da consciência de que estas práticas sustentáveis podem reverter como fortes estratégias de marketing junto do consumidor final, certo é que também não estão acessíveis outras formas de valorização, quer seja pelas quantidades produzidas, por dificuldades de acondicionamento destes resíduos, ou por questões económicas. Já em relação aos consumidores de cerveja, mediante ao recurso de um inquérito por questionário, foi possível apurar que parte destes estão sensíveis a estas questões da sustentabilidade e estão dispostos a assumir até 5% do valor unitário por uma cerveja ambientalmente sustentável. |
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