Concepções e práticas de futuros professores de ciências da natureza sobre o trabalho prático

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pereira, Fátima Conceição Fernandes
Data de Publicação: 2004
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1822/946
Resumo: É hoje consensual que o ensino das ciências deve promover o desenvolvimento de competências relacionadas com a aquisição de procedimentos e "habilidades" científicas, desde as mais básicas às mais complexas, como investigar e resolver problemas. Por isso, torna-se evidente a importância do Trabalho Prático no currículo de ciências em todos os níveis de ensino. No entanto, a eficácia da sua utilização, na consecução dos objectivos a atingir, depende, em grande parte, do professor, da sua formação e das concepções que perfilha relativamente ao Trabalho Prático. Assentando nestes pressupostos, considerou-se importante realizar um estudo que teve como objectivos: (1) Identificar concepções de alunos/futuros professores do 4º ano do Curso de Professores do Ensino Básico, variante Matemática e Ciências da Natureza, acerca do Trabalho Prático; (2) Investigar se os alunos/futuros professores em situação de estágio planificam actividades que envolvem a realização do Trabalho Prático e, em caso afirmativo, que formas assume essa realização; (3) Investigar se os alunos/futuros professores em situação de estágio privilegiam, ou não, na sua prática pedagógica, a realização de trabalho prático; (4) Identificar constrangimentos apresentados pelos alunos/futuros professores na planificação e implementação do Trabalho Prático. O estudo envolveu uma amostra constituída por 49 alunos/futuros professores de Ciências da Natureza, do 2º ciclo, pertencentes a duas E.S.E.s, aos quais foi aplicado um questionário. Desta amostra, foi retirada uma sub-amostra de 10 alunos/futuros professores, que foram acompanhados durante a sua prática pedagógica e que responderam, posteriormente, a uma entrevista. Os principais resultados obtidos revelam que, antes da prática pedagógica, muitos alunos/futuros professores conceptualizam o Trabalho Prático, como sendo, essencialmente, “a realização de experiências” (ESE1) e “pôr em prática a teoria” (ESE2). De uma forma geral, verificou-se que todos os alunos/futuros professores valorizavam o Trabalho Prático, ao considerarem que “motiva os alunos” e “facilita a aprendizagem”. Algumas destas concepções parecem ter influenciado o comportamento dos alunos/futuros professores na utilização do Trabalho Prático durante a sua prática pedagógica. Assim, o papel positivo atribuído ao Trabalho Prático revelou-se na quantidade de actividades apresentadas, quer na planificação de aulas quer no desenvolvimento da prática pedagógica. Noutros casos, a influência de uma visão de ciência de cariz empiricista e indutivista parece ter sido determinante na forma como algumas actividades foram desenvolvidas, dando-se grande ênfase à componente “prática” em detrimento da teoria. Os resultados experimentais pareciam constituir o principal objectivo da realização do Trabalho Prático e aqueles que permitiam chegar à teoria, ao contrário do afirmado antes da prática pedagógica. Pode-se, ainda, concluir que os constrangimentos percepcionados pelos alunos/futuros professores para a realização do Trabalho Prático, antes da prática pedagógica, como “o barulho”, a “perda de controlo da turma” e durante “o facto de requererem a preparação anterior da actividade e da sala”, pouco ou nada influenciaram a utilização e apresentação de actividades práticas durante a prática pedagógica.
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Assentando nestes pressupostos, considerou-se importante realizar um estudo que teve como objectivos: (1) Identificar concepções de alunos/futuros professores do 4º ano do Curso de Professores do Ensino Básico, variante Matemática e Ciências da Natureza, acerca do Trabalho Prático; (2) Investigar se os alunos/futuros professores em situação de estágio planificam actividades que envolvem a realização do Trabalho Prático e, em caso afirmativo, que formas assume essa realização; (3) Investigar se os alunos/futuros professores em situação de estágio privilegiam, ou não, na sua prática pedagógica, a realização de trabalho prático; (4) Identificar constrangimentos apresentados pelos alunos/futuros professores na planificação e implementação do Trabalho Prático. O estudo envolveu uma amostra constituída por 49 alunos/futuros professores de Ciências da Natureza, do 2º ciclo, pertencentes a duas E.S.E.s, aos quais foi aplicado um questionário. Desta amostra, foi retirada uma sub-amostra de 10 alunos/futuros professores, que foram acompanhados durante a sua prática pedagógica e que responderam, posteriormente, a uma entrevista. Os principais resultados obtidos revelam que, antes da prática pedagógica, muitos alunos/futuros professores conceptualizam o Trabalho Prático, como sendo, essencialmente, “a realização de experiências” (ESE1) e “pôr em prática a teoria” (ESE2). De uma forma geral, verificou-se que todos os alunos/futuros professores valorizavam o Trabalho Prático, ao considerarem que “motiva os alunos” e “facilita a aprendizagem”. Algumas destas concepções parecem ter influenciado o comportamento dos alunos/futuros professores na utilização do Trabalho Prático durante a sua prática pedagógica. Assim, o papel positivo atribuído ao Trabalho Prático revelou-se na quantidade de actividades apresentadas, quer na planificação de aulas quer no desenvolvimento da prática pedagógica. Noutros casos, a influência de uma visão de ciência de cariz empiricista e indutivista parece ter sido determinante na forma como algumas actividades foram desenvolvidas, dando-se grande ênfase à componente “prática” em detrimento da teoria. Os resultados experimentais pareciam constituir o principal objectivo da realização do Trabalho Prático e aqueles que permitiam chegar à teoria, ao contrário do afirmado antes da prática pedagógica. Pode-se, ainda, concluir que os constrangimentos percepcionados pelos alunos/futuros professores para a realização do Trabalho Prático, antes da prática pedagógica, como “o barulho”, a “perda de controlo da turma” e durante “o facto de requererem a preparação anterior da actividade e da sala”, pouco ou nada influenciaram a utilização e apresentação de actividades práticas durante a prática pedagógica.Il existe présentement un consensus sur le fait que l’enseignement des sciences doit promouvoir le développement de compétences par rapport à l’acquisition de procédés et d’ «habiletés» scientifiques, des plus élémentaires aux plus complexes, tels qu’effectuer des recherches et résoudre des problèmes. Pour cette raison, l’importance du Travail Pratique dans le curriculum de sciences dans tous les niveaux d’enseignement apparaît comme essentielle. Cependant, l’efficacité de son utilisation, lors de la poursuite des objectifs à atteindre, dépend, en grande mesure, de l’enseignant, de sa formation et des conceptions qu’il défend par rapport au Travail Pratique. À partir de ces présuposés, on a considéré comme important de réaliser une étude dont les objectifs étaient les suivants : (1) Identifier des conceptions sur le Travail Pratique des étudiants/futurs enseignants de la 4e année universitaire du Cursus d’Enseignants de Mathématiques et de Sciences de la Nature de l’Enseignement (dit) de Base (qui comporte les neufs premières années de scolarité) ; (2) Vérifier si les étudiants/futurs enseignants en situation de stage planifient des activités qui incluent la réalisation du Travail Pratique et, le cas échéant, sous quelles formes ; (3) Vérifier si les étudiants/futurs enseignants en situation de stage privilégient dans leur pratique pédagogique la réalisation du travail pratique ; (4) Identifier les contraintes présentées par les étudiants/futurs enseignants en ce qui concerne la planification et la mise en oeuvre du Travail Pratique. L’étude prend appui sur un échantillon constitué par 49 étudiants/futurs enseignants de Sciences de la Nature du deuxième cycle de l’Enseignent (dit) de Base (qui comporte les 5e et 6e années des neufs premières années de scolarité) appartenant à deux Écoles Supérieures d’Éducation (établissements d’enseignement supérieur non universitaire), lesquels ont été soumis à un questionnaire. De cet échantillon, on a retiré un sous-échantillon de 10 étudiants/futurs enseignant qui ont été l’objet d’un suivi durant leur pratique pédagogique et qui ont été soumis postérieurement à une entrevue. Les principaux résultats obtenus révèlent que beaucoup d’étudiants/futurs enseignants, avant la pratique pédagogique, conceptualisent le Travail Pratique comme étant « essentiellement la réalisation d’expériences » (ESE1) et « la mise en oeuvre de la théorie » (ESE2). D’une façon générale, on a vérifié que tous les étudiants/futurs enseignants valorisent le Travail Pratique en considérant qu’il «motive les élèves» et «facilite l’apprentissage». Certaines de ces conceptions semblent avoir influencé le comportement des étudiants/futurs enseignants en ce qui concerne l’utilisation du Travail Pratique durant leur pratique pédagogique. Ainsi, le rôle positif attribué au Travail Pratique s’est révélé par la quantité des activités présentées, soit lors de la planification des cours, soit lors du développement de la pratique pédagogique. Dans d’autres cas, l’influence d’une vision de la science de type empirique et inductif semble avoir été déterminante pour la façon comme certaines activités ont été développées, notamment en attribuant une grande emphase à la composante «pratique» au détriment de la théorie. Les résultats expérimentaux semblaient constituer le principal objectif de la réalisation du Travail Pratique et celui qui permettait atteindre la théorie, contrairement à ce qui avait été affirmé avant la pratique pédagogique. On peut conclure encore que les contraintes perçues par les étudiants/futurs enseignants pour la réalisation du Travail Pratique, avant la pratique pédagogique, comme «le bruit», le «manque de contrôle de la classe» et pendant «le fait d’exiger la préparation antérieure de l’activité et de la salle», ont peu ou point influencé l’utilisation et la présentation des activités pratiques durant la pratique pédagogique.Duarte, Maria da ConceiçãoUniversidade do MinhoPereira, Fátima Conceição Fernandes20042004-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/1822/946porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-21T12:11:50Zoai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/946Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T19:03:39.385729Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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