PTBiomecânica da artroplastia do joelho e a sua relação com o alinhamento protésico
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2013 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10773/12547 |
Resumo: | O objectivo desta tese foi estudar os aspetos biomecânicos relacionados com os desvios angulares passíveis de ocorrer na osteotomia tibial proximal, aquando da artroplastia total do joelho, relacionando estes com potenciais efeitos clínicos. Os cortes ósseos na tíbia proximal para implantação do prato tibial são realizados através da utilização de um conjunto de guias e sistemas auxiliares, que permitem ao cirurgião orientar e posicionar os implantes relativamente aos eixos anatómicos do paciente. No entanto, por diferentes razões, podem ocorrer desvios no alinhamento dos cortes ósseos. Estes desvios, relativamente à posição teoricamente correta, além de alterarem a cinemática da articulação e, consequentemente, a mobilidade/estabilidade do paciente, podem, igualmente, modificar o modo de transferência de carga do implante para o osso de suporte. Procurou-se avaliar como diferentes magnitudes dos desvios angulares nos cortes ósseos na tíbia proximal nos planos frontal (varo-valgo) e plano sagital (antero-posterior) alteram a transferência de carga ao osso de suporte, aferindo, assim, potenciais riscos de reabsorção óssea por efeito de stress-shielding ou, mesmo, falência por sobrecarga do osso de suporte por efeito de fadiga. Para o efeito, foi realizada uma análise à articulação do joelho na sua vertente anatómica, biomecânica e artroplástica. De seguida, desenvolveram-se modelos experimentais, com recurso a uma tíbia em material compósito, onde diferentes desvios dos cortes ósseos no plano frontal foram gerados de uma forma incremental no lado medial (desvio varo), através da realização de cirurgias “in-vitro”. Nestes modelos, foram avaliadas as deformações principais no córtex nos lados medial e lateral da tíbia proximal. Numa fase posterior, procedeu-se ao desenvolvimento de modelos numéricos, onde foram simulados diferentes desvios no plano frontal e sagital, possibilitando, deste modo, a avaliação de parâmetros biomecânicos não passíveis de avaliação com recurso aos modelos experimentais precedentes, tais como deformações principais mínimas no osso esponjoso de suporte e tensão de von Mises no manto de cimento ósseo. Os resultados experimentais e numéricos obtidos evidenciaram uma aceitável correlação entre estes, demonstrando que os modelos numéricos são capazes de aproximar o comportamento dos modelos experimentais. Ambos os tipos de modelos, experimentais e numéricos, evidenciaram que o comportamento estrutural da tíbia não é imune à orientação e magnitude dos desvios nos cortes ósseos da tíbia proximal. Os resultados para os desvios angulares no plano sagital demonstraram um forte risco do efeito de stress-shielding e potencial reabsorção óssea a termo, quando estes ocorrem na orientação anterior, podendo colocar em causa a longevidade da artroplastia. Quando estes ocorrem na orientação posterior, pequenas inclinações até 3° não evidenciam qualquer risco para a durabilidade da artroplastia. No plano frontal, desvios em varo até 1° não alteram significativamente o comportamento da tíbia proximal, quando comparado com o modelo de referência a 0°, sendo, em algumas situações, até preferível, uma vez que origina uma distribuição de deformações idêntica em ambos os côndilos. Para desvios em varo ou valgo iguais ou superiores a 3°, a repartição de carga no osso altera-se de forma significativa, potencializando a ocorrência do efeito de stress-shielding e possível reabsorção óssea a médio-longo termo. |
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Estes desvios, relativamente à posição teoricamente correta, além de alterarem a cinemática da articulação e, consequentemente, a mobilidade/estabilidade do paciente, podem, igualmente, modificar o modo de transferência de carga do implante para o osso de suporte. Procurou-se avaliar como diferentes magnitudes dos desvios angulares nos cortes ósseos na tíbia proximal nos planos frontal (varo-valgo) e plano sagital (antero-posterior) alteram a transferência de carga ao osso de suporte, aferindo, assim, potenciais riscos de reabsorção óssea por efeito de stress-shielding ou, mesmo, falência por sobrecarga do osso de suporte por efeito de fadiga. Para o efeito, foi realizada uma análise à articulação do joelho na sua vertente anatómica, biomecânica e artroplástica. De seguida, desenvolveram-se modelos experimentais, com recurso a uma tíbia em material compósito, onde diferentes desvios dos cortes ósseos no plano frontal foram gerados de uma forma incremental no lado medial (desvio varo), através da realização de cirurgias “in-vitro”. Nestes modelos, foram avaliadas as deformações principais no córtex nos lados medial e lateral da tíbia proximal. Numa fase posterior, procedeu-se ao desenvolvimento de modelos numéricos, onde foram simulados diferentes desvios no plano frontal e sagital, possibilitando, deste modo, a avaliação de parâmetros biomecânicos não passíveis de avaliação com recurso aos modelos experimentais precedentes, tais como deformações principais mínimas no osso esponjoso de suporte e tensão de von Mises no manto de cimento ósseo. Os resultados experimentais e numéricos obtidos evidenciaram uma aceitável correlação entre estes, demonstrando que os modelos numéricos são capazes de aproximar o comportamento dos modelos experimentais. Ambos os tipos de modelos, experimentais e numéricos, evidenciaram que o comportamento estrutural da tíbia não é imune à orientação e magnitude dos desvios nos cortes ósseos da tíbia proximal. Os resultados para os desvios angulares no plano sagital demonstraram um forte risco do efeito de stress-shielding e potencial reabsorção óssea a termo, quando estes ocorrem na orientação anterior, podendo colocar em causa a longevidade da artroplastia. Quando estes ocorrem na orientação posterior, pequenas inclinações até 3° não evidenciam qualquer risco para a durabilidade da artroplastia. No plano frontal, desvios em varo até 1° não alteram significativamente o comportamento da tíbia proximal, quando comparado com o modelo de referência a 0°, sendo, em algumas situações, até preferível, uma vez que origina uma distribuição de deformações idêntica em ambos os côndilos. Para desvios em varo ou valgo iguais ou superiores a 3°, a repartição de carga no osso altera-se de forma significativa, potencializando a ocorrência do efeito de stress-shielding e possível reabsorção óssea a médio-longo termo.The objective of this thesis was to study the biomechanical aspects related to angular deviations that may occur on the proximal tibial osteotomy during the total knee arthroplasty that can be related to potential clinical effects. The bone cuts on the proximal tibia for the implantation of the tibial plate are made with a variety of auxiliary guides and systems that allow the surgeon to correctly place the implants according to the patient’s anatomical axis. However, and for varied reasons, deviations on the alignment of the bone cuts may occur. Not only do these deviations to the theoretically correct position change the articulation cinematic and thus the stability/mobility of the patient, but they can equally modify the way of transferring the implant’s load to the support bone. Different magnitudes of the angular deviations on the bone cuts on the proximal tibia on the frontal planes (varus and valgus) and sagittal plane (antero-posterior) were evaluated to acknowledge how they alter the transferring of the implant’s load to the support bone, assessing this way, potential risks of a bone reabsorption due to stress-shielding or even a failure due to an overloading on the support bone caused by fatigue. For this purpose, an analysis to the anatomical, biomechanical and arthroplastic sides of the knee articulation was made. Afterwards, through “in vitro” surgeries, experimental models were developed by using a tibia made of composite material where different deviations of the bone cuts on the frontal plane were created in an incremental way on the medial side (varus deviation). In these models the main deformations were evaluated on the cortex of the medial and lateral sides of the proximal tibia. On the next phase, numeric models were developed to simulate different deviations on the frontal and sagittal planes, allowing this way the evaluation of biomechanical parameters that were not able to be evaluated with other precedent experimental models, such as principal minimal deformations on the spongy support bone and Von Mises tension on the cement mantle. The experimental and numeric results obtained translated an acceptable correlation between them, demonstrating that numeric models are able to approximate the behaviour of the experimental models. Both types of models, experimental and numeric translated that the structural behaviour of the tibia is not immune to the orientation and magnitude of the deviations on the bone cuts of the proximal tibia. The results for the angular deviations on the sagittal plane demonstrated a strong risk of the stress-shielding effect and potential bone reabsorption at its end when these occur on the anterior orientation, calling into question the longevity of the arthroplasty. When these occur on the posterior orientation, small inclinations until 3o seem not to put in risk the durability of the arthroplasty. On the frontal pane, varus deviations until 1o do not alter significantly the proximal tibia’s behaviour when compared to the model of reference to 0o, which in some situations is preferable, since it originates a distribution of deformations identical in both condyles. For varus or valgus deviations equal or superior to 3o, the repartition of the bone load changes its form, potentiating the stress-shielding effect and possible bone reabsorption on a medium-long term.Universidade de Aveiro2014-07-29T11:10:18Z2013-01-01T00:00:00Z2013info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/12547TID:201586924porCoutinho, Mauro Alexandre Nogueirainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-22T11:22:53Zoai:ria.ua.pt:10773/12547Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:48:42.316041Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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