Algunas paradojas de la modernidad alimentaria
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://ojs.letras.up.pt/index.php/tae/article/view/9995 |
Resumo: | A modernidade alimentar caracteriza-se pela coexistência de tendências muito diversas que resultam de processos económicos, tecnológicos, científicos, demográficos, por sua vez diversificados, tais como a industrialização alimentar, a urbanização crescente, a medicalização e a nutricionalização, auge do individualismo. Estes processos conduziram a uma globalização ou standardização crescente da alimentação; por outro, à afirmação de articularismos alimentares mais ou menos localizados. No conjunto estas tendências formam o que se configura como nova ordem alimentar, de contornos tais que os cenários alimentares do presente e os que se vislumbram a muito próximo prazo revelam um paradoxo interessante. Durante milhares de anos, a espécie humana, omnívora, com as mesmas necessidades alimentares, adaptou-se a ecossistemas diversos mediante soluções gastronómicas diferentes. Estas adaptações deram lugar a culturas alimentares diferentes, tanto pela abrangência geográfica, como na profundidade histórica. Hoje, dada a mundialização crescente dos mercados o “meio” é quase idêntico para todos os omnívoros. Em simultâneo, apesar das recomendações nutricionais serem gerais, uma nova disciplina, a nutrigenómica, permitirá individualizar ditas recomendações. Deste modo a transmissão do conhecimento alimentar fica truncada daquela identidade (“somos o que comemos”) estabelecida ao longo de gerações. O conhecimento passa a ser tão particular para cada indivíduo, que a transmissão de conhecimento estará exclusivamente nas mãos dos profissionais de saúde. Com este passo, a individualização-desculturalização do omnívoro pela medicalização da sua alimentação torna-se definitiva. |
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Algunas paradojas de la modernidad alimentariaDOSSIÊ ENREDOS IBÉRICOS: COMIDAS, RITOS, POLÍTICAS DE PATRIMÓNIOA modernidade alimentar caracteriza-se pela coexistência de tendências muito diversas que resultam de processos económicos, tecnológicos, científicos, demográficos, por sua vez diversificados, tais como a industrialização alimentar, a urbanização crescente, a medicalização e a nutricionalização, auge do individualismo. Estes processos conduziram a uma globalização ou standardização crescente da alimentação; por outro, à afirmação de articularismos alimentares mais ou menos localizados. No conjunto estas tendências formam o que se configura como nova ordem alimentar, de contornos tais que os cenários alimentares do presente e os que se vislumbram a muito próximo prazo revelam um paradoxo interessante. Durante milhares de anos, a espécie humana, omnívora, com as mesmas necessidades alimentares, adaptou-se a ecossistemas diversos mediante soluções gastronómicas diferentes. Estas adaptações deram lugar a culturas alimentares diferentes, tanto pela abrangência geográfica, como na profundidade histórica. Hoje, dada a mundialização crescente dos mercados o “meio” é quase idêntico para todos os omnívoros. Em simultâneo, apesar das recomendações nutricionais serem gerais, uma nova disciplina, a nutrigenómica, permitirá individualizar ditas recomendações. Deste modo a transmissão do conhecimento alimentar fica truncada daquela identidade (“somos o que comemos”) estabelecida ao longo de gerações. O conhecimento passa a ser tão particular para cada indivíduo, que a transmissão de conhecimento estará exclusivamente nas mãos dos profissionais de saúde. Com este passo, a individualização-desculturalização do omnívoro pela medicalização da sua alimentação torna-se definitiva.2020-11-13info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://ojs.letras.up.pt/index.php/tae/article/view/9995porContreras, Jesúsinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-10-12T07:46:02Zoai:ojs.letras.up.pt/ojs:article/9995Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T20:35:07.015383Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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